Insurreição
Comunista de 1935
em
Natal e Rio Grande do Norte
Giocondo Dias,
a Vida de um Revolucionário
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Giocondo
Dias,
a Vida de um Revolucionário
João Falcão, Agir
1993
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de comunistas
Junta
governativa
Vitoriosos
militarmente e, portanto, detentores do poder,
os dirigentes do Partido reuniram-se na manhã
de segunda-feira, 25 de novembro, na casa de um
ferroviário, elemento de confiança,
com o objetivo de definir a composição
do Governo Popular Nacional Revolucionário.
Participaram dessa reunião, entre outros,
José Praxedes de Andrade, José Costa
e João Baptista Galvão, que integravam
o Comitê Regional do PCB, além de
João Lopes, o Santa, e o jornalista Horácio
Valladares.
Organizou-se, então, uma Junta Governativa
que assumiu a direção do Governo,
assim constituída: Lauro Cortez Lago, 31
anos, alto, moreno, ex-diretor da Casa de Detenção,
demitido na véspera pelo governador, para
Secretário de Interior e Justiça;
José Macedo, 33 anos, moreno, estatura
mediana, funcionário dos Correios e Telégrafos,
Secretário de Finanças; Quintino
Clementino de Barros, 38 anos, baixo, branco,
sargento e músico de 1ª classe do
Exército, Secretário de Defesa;
José Praxedes de Andrade, caboclo, estatura
mediana, 35 anos, sapateiro, Secretário
de Abastecimento; e João Baptista Galvão,
branco, alto, forte, poeta, advogado, secretário
do Ginásio Estadual O Atheneu, para Secretário
de Viação. João Lopes, o
Santa, 36 anos, mestre-de-obras, e Horácio
Valladares, jornalista, ficaram ligados à
Junta como assessores. Não havia, portanto,
nenhum operário ou camponês na composição
do governo provisório desse fortuito regime
"soviético" implantado no Nordeste
do Brasil, o terceiro, no mundo, a ser instalado
depois da União Soviética, em 1917.1
Praxedes foi indicado para ler a proclamação
oficial do novo governo ao povo de Natal: - Foi
para a Praça do Mercado, em frente ao quartel
do 21º BC, e ali mesmo, na porta do quartel,
subiu na murada e leu a proclamação
do Governo Popular Nacional Revolucionário.
O povo estava todo na praça e, depois da
proclamação, saudou o novo governo,
com gritos de "Viva a Revolução",
"Viva o Governo Revolucionário",
"Viva Prestes". Foi uma verdadeira festa.
E o Valladares foi à Rádio Difusora
de Natal ler a proclamação:2
Ao povo
O Rio Grande do Norte, desafrontado dos dias
amargos em que viveu tiranizado por um governante
forjado na prostituição dos princípios
republicanos de outrora, hasteia-se soberbo,
como flâmula redentora no setentrião
brasileiro, abrindo caminho largo no solo abençoado
da Pátria à entrada triunfal do
Cavaleiro da Esperança - Luiz Carlos
Prestes.
Ao seu lado, erguem-se, até agora, como
mais duas esplêndidas victórias
já conquistadas com sangue, como dois
gigantes invencíveis - Pemambuco e Parayba.
Pão, Terra e Liberdade é o nosso
lema. É a victória do socialismo
sobre a decantada Liberal-Democracia dos políticos
profissionais; é a victória da
Aliança Nacional Libertadora; é
a victória de Carlos Prestes; é
a victória do direito do mais fraco,
que nunca terá direito! Direito ao que
é seu, usurpado pelo mais forte; direito
ao Pão com suficiência; direito
às Terras; direito à Liberdade.
E com este postulado, com estas trez palavras
escritas com fogo na grandeza do nosso idealismo
- Pão, Terra e Liberdade, com essa bravura
comprovada no antemanhã esplendente de
hoje, marcharemos confiantes para o abraço
fraternal dos irmãos do Sul. Nas nossas
pegadas, seguindo o nosso passo e o nosso exemplo,
virão a legendária Amazônia,
o valente Grão-Pará, o Maranhão
da inteligência, o Piauhy heróico,
o Ceará escaldante de sol e de idealismo.
Soldados, cabos e sargentos do 21º BC,
que fostes valentes como as vossas próprias
armas no início edificante da derrubada
de um regime que apodreceu de todo, o Rio Grande
do Norte tudo espera de vossa bravura.
Mulheres operárias, trabalhadores, gente
simples e boa que experimentastes, hontem e
hoje, a vossa resistência na barricada,
continua como indômitas sentinelas na
defesa santa das reivindicações
nacionais.
Povo! Conquistastes com sangue um direito; Rio
Grande do Norte, sois o marco iniciante, a fé,
o orgulho de uma geração redimida.
A Aliança Nacional Libertadora assegura
garantias plenas a todos os cidadãos,
sem distinção de credo político
ou religioso, recebendo de braços abertos
a todo aquele que deseje de boa fé cooperar
na grande obra reconstrutiva que se alicerça.
Natal, 24 de novembro de 19353
Segundo o relato de Praxedes, "todos os nomes
que integravam o governo eram do Partido. Não
havia ninguém da ANL e muito menos de João
Café Filho, que ficou fora do movimento.
Era só gente do Partido".
Notas:
O
primeiro regime soviético instalou-se na
Hungria, em 1918, sob a chefia de Bela Kun, sendo
sufocado pouco tempo depois. O segundo foi instalado
nas Astúrias, em 1934, na Espanha.
Moacyr de Oliveira Filho. Ob.
cit., p. 69.
Marly de Almeida Gomes Vianna.
Revolucionários de 35 - Sonho e Realidade.
São Paulo, Companhia das Letras, 1992,
p. 216.
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