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Insurreição Comunista de 1935
em Natal e Rio Grande do Norte

Giocondo Dias, a Vida de um Revolucionário

 

 

 

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Giocondo Dias,
a Vida de um Revolucionário

João Falcão, Agir 1993

Infância e Mocidade | Filiação à ANL e ao PCB | Véspera da Revolução | A Rebelião de Natal | Junta Governativa | Três dias de governo | Jornal da Revolução | A Derrocada | A Fuga | Refúgio de comunistas

Filiação à ANL e ao PCB

Giocondo entra em contato com membros da Aliança Nacional Libertadora, fundada no Rio de Janeiro em março de 1935. Movimento político de grande força popular, que tinha Luiz Carlos Prestes - exilado na União Soviética - como presidente de honra, a ANL era uma frente ampla dirigida por líderes de classe média oriundos do tenentismo e da Coluna Prestes, e aglutinava setores democráticos e populares, além de comunistas.1

O programa da ANL consistia em cinco linhas de ação: cancelamento da dívida externa; nacionalização imediata de todas as empresas imperialistas; expropriação dos latifúndios e sua divisão entre os camponeses; liberdades civis; formação de um governo popular. Suas atividades seriam orientadas cuidadosamente pelo PCB, assessorado por agentes especiais do Komintern, que naquele momento começavam a se infiltrar no país.2

Com referência a seu ingresso na ANL, Giocondo conta:

- Quando ela surgiu em Natal, fomos convocados para uma reunião na casa de um companheiro chamado Euclides, que era primeiro-sargento. Naquela ocasião, o capitão Otacílio de Lima fez uma exposição sobre a Aliança Nacional Libertadora. Quando ficaram sabendo das ligações com os comunistas, todos pularam fora, menos eu. Eu disse na hora que era comunista e que estava de acordo com a coisa...3

No final do mês de junho, chega a Natal uma caravana da ANL chefiada pelo comandante Roberto Sissón, oficial da marinha ligado a Prestes e graduado dirigente aliancista, que deixou clara a idéia de estar sendo articulada uma revolução. Em sua companhia veio o jornalista Horácio Valladares, ligado ao Comitê Central do PCB. Valladares permaneceu naquela cidade como assessor do Comitê Regional, tendo trazido instruções da direção do Partido contra qualquer tentativa de golpe armado, movimento que já se delineava entre alguns círculos militares alheios à ideologia aliancista e comunista.

O PCB crescera bastante tanto na capital, quanto no interior do Estado, tendo se organizado em vários setores de produção: nas fábricas de sabão, cigarros e tecidos; nas prensas de algodão; nas docas, na estiva e nos estaleiros; entre sapateiros e pescadores e ainda entre outros setores de prestação de serviços: Estradas de Ferro Leste Brasileiro e Central do Rio Grande do Norte, Companhia de Energia Elétrica e Companhia de Bondes.

O Comitê Regional, eleito na conferência de abril de 1935, era integrado por Lauro Lago, Raimundo Reginaldo, Francisco Moreira, Aristides Felinto e José Praxedes de Andrade, codinome Mamede, secretário político.4

As condições políticas regionais favoreceram esse crescimento. Natal era, naqueles dias, uma pequena capital. "A população de 40 mil habitantes, na sua grande maioria, vivia perto da miséria. As ruas não eram calçadas e burros, cabras, bois e vacas passeavam livremente. O governo do Sr. Getúlio Vargas não manda nenhuma ajuda e o estado afunda, cada vez mais. A agitação envolve o país de Norte a Sul e aqui a baderna é mais intensa do que em qualquer outra parte. Todas as manhãs aparecem frases pichadas nos muros: 'Abaixo o Imperialismo Anglo-Saxônico' e ' Abaixo o Fascismo' são as mais comuns. O governador sempre se irrita e pede ao delegado de Ordem Social, Enoch Garcia, que dê um jeito na situação.”5

Em 1933 havia assumido o governo, como intelventor, o comandante Hercolino Cascardo, ex-oficial de Marinha e ex-membro da Coluna Prestes. No seu governo os comunistas ganharam algum espaço e gozaram de relativa liberdade. Sucedeu-o Mário Câmara na interventoria. Interessado em utilizar o apoio dos comunistas para sua candidatura no pleito eleitoral de outubro de 1934, este lhes concedeu plena liberdade de atuação.

Em março de 1935, Hercolino Cascardo foi escolhido para presidir a Aliança Nacional Libertadora, fechada pelo governo em julho do mesmo ano e que, na clandestinidade, passou a articular com o PCB uma revolução a ser deflagrada em vários estados do Nordeste como Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, e do Centro-Sul, como o Rio de Janeiro e São Paulo. Mas o momento exato não estava ainda decidido.

Em agosto, o capitão Silo Meirelles chegou a Natal e contatou a direção do Partido, informando a existência de uma articulação gol pista coordenada pelo capitão Otacílio Lima, e cujo objetivo seria colocar os militares no poder para combater a corrupção do governo Vargas.6

Depois dessa reunião com Silo Meirelles, o Partido em Natal decidiu manifestar-se publicamente contra a articulação golpista e destacar um elemento para fazer contato com as lideranças militares. Foi divulgado um manifesto alertando a população para o risco do golpe e destacado o dirigente João Lopes, que usava o codinome de Santa, para entrar em contato com os militares. Ele procurou o Quintino e o Giocondo e os informou que o Partido não apoiava o golpe e propôs que nele ingressassem formalmente. Quintino e Giocondo concordaram. Passaram todas as informações do esquema militar que estava montado para o golpe e, dias depois, num encontro com Praxedes, que era secretário político do PCB, eles formalizaram seu ingresso no Partido. Isso foi em agosto de 1935.7

Dias passou a dedicar-se ao trabalho de organização da ANL no quartel: Aí, começou o recrutamento do pessoal, dos cabos e sargentos para o movimento da ANL. Nesta época ele entrou formalmente para o Partido; deram-lhe uma ficha, ele a assinou. Foram recrutados quase todos os 35 cabos do batalhão, menos dois: um porque era integralista e outro porque era o cabo do "rancho" – responsável pela alimentação – que sempre é odiado por todo o mundo, pois a alimentação era a pior possível; e toda a agitação concentrava-se na denúncia de péssimas condições de alimentação.

Naquele período foi organizado o Partido no Batalhão. Quem dirigia o trabalho era o sargento Quintino Clementino de Barros, músico de primeira classe do exército. Tinha 38 anos e era um intelectual, contador e velho conspirador. Era o único que tinha contato com a direção do Partido. O trabalho político foi concentrado nos quartéis e não podia dar outra coisa, na medida em que fazer trabalho político, agitar um quartel, é bem diferente do que fazer o mesmo em uma fábrica...

Entre a oficialidade não havia trabalho político. Era orientação, e acredito que correta do ponto de vista conspirativo, esta linha de separar os praças da oficialidade.

 

Notas:

1 - Eram chamados tenentistas os adeptos das revoluções de 1922, 1924 (Coluna Prestes), e de 1930, liderados por tenentes do Exército.

2 - Komintern: órgão executivo da Internacional Comunista, sediado em Moscou, ao qual os partidos comunistas de todo o mundo prestavam contas. Foi autodissolvido em maio de 1943, durante a Segunda Guerra Mundial.

3 - Giocondo Dias. Ob. cit., p. 148.

4 - Moacyr de Oliveira Filho. Praxedes, um Operário no Poder. São Paulo, Editora Alfa-Omega, 1985, p. 46.
Humberto Borges, reportagem em O Cruzeiro, 07/12/1968.

5 - O capitão Silo Meirelles participou do levante de 5 de julho de 1922. Depois de cumprir vários anos de prisão, foi para a União Soviética, onde se encontrou com Prestes. Voltando ao Exército, chefiouo levante comunista de 24 de novembro de 1935, em Recife. Depois de longa prisão, voltou às fileiras do Exército como tenente-coronel. Foi um dos mais brilhantes tenentistas do Brasil.

6 - Moacyr de Oliveira Filho. Ob. cit., p. 49-50.

7 - Giocondo Dias. Ob. cit., p. 149-150.

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