SUSP
Sistema Único de Segurança
Pública Estados
Arquitetura
institucional do SUSP
ANEXOS
Dados
sobre os Municípios Brasileiros
Tipologia
Municipal e Receitas Disponíveis
Jaerson
Bezerra Lucas
Em
ordem de importância, a primeira questão que se coloca no momento de dotar
os municípios com funções relacionadas à segurança pública diz respeito
à existência no Brasil de uma tipologia municipal extremamente diferenciada
e decorrente, entre outras razões da forma de colonização dos espaços,
dos ciclos econômicos e dos diferentes aportes de capital responsáveis
pelos atuais desequilíbrios regionais.
Apesar
da diferença expressa na variável população e receita disponível, em grande
parte dos municípios brasileiros, persistiu até pouco tempo, através da
prática de desmembramento, ao aparecimento de centenas de novas municipalidades
justificadas apenas por interesses partidários e pela expectativa de recebimento
das transferências de recursos do governo federal, sobretudo do FPM -
Fundo de Participação dos Municípios.3
As
práticas de desmembramento para a criação de novos municípios são defendidas
por algumas correntes municipalistas e, principalmente, por lógicas partidárias
regionais.
Para
elas, num país com as dimensões territoriais do Brasil, a multiplicação
dos municípios, ainda que sejam financeira e administrativamente débeis,
pode ser a única estratégia válida para levar permanentemente ao interior
longínquo a presença governamental. O que conta, segundo esse raciocínio,
não é tanto o que o governo local pode fazer ele próprio para promover
o desenvolvimento local, mas o que as demais esferas são obrigadas a fazer
em conseqüência da existência do município e do seu poder de reivindicação
política. Estes argumentos, polêmicos por excelência, acabam por interferir
diretamente nos processos de descentralização para os municípios de algumas
políticas públicas. Segundo dados do IBGE, a multiplicação dos municípios
ocorreu de forma desenfreada depois de 1988. Em 1980, havia 3.990 municípios
no Brasil; em 1988, antes do efeito causado pela promulgação da Constituição,
o número de municípios chegava a 4.189, dando um salto gigantesco a partir
daí, somando 5.437 no final de 1995 e 5507 em 1997.
A
Constituição de 1988 e a Reforma Tributária da mesma época determinaram
o aumento das transferências de recursos para os governos estaduais e,
principalmente, municipais. Este fato explica, no período, o aparecimento
de um número tão desmesurado de novas municipalidades. A principal fonte
de receita dos pequenos municípios – sobretudo para aqueles que não dispõem
de atividades econômicas significativas – é constituída pelas transferências
federais do Fundo de Participação dos Municípios – FPM, tomando por base
critérios populacionais. Para os pequenos municípios (aqueles que têm
menos de 156.216 habitantes), o FPM é distribuído considerando apenas
a magnitude da população. Esse conjunto de “pequenos municípios”, por
sua vez, é subdividido em diversas faixas, de acordo com o tamanho da
população: quanto maior a população, maior a fatia de recursos. Isto significa
que os estados com o maior número de municípios deste tipo tendem a receber
uma fatia maior do bolo de recursos. Uma vez que alguns estados têm um
número maior de “pequenos municípios” compreendidos pelas faixas populacionais
mais altas, eles recebem uma parcela maior do FPM. Dos 500 municípios
criados entre 1980 e 1990 (quase 70% do total) tinham entre 5 e 20.000
habitantes, população considerada mesmo em países menos populosos que
o Brasil como de pequeno porte.
O
baixo grau de municipalização da região Norte e Nordeste diz respeito
ao reduzido montante das receitas municipais que já refletem, por sua
vez, outros tipos de carências do local. Como já havíamos chamado atenção,
anteriormente, a situação de penúria destes municípios está, muitas vezes,
relacionada ao excesso de desdobramentos, o que acaba por constituir novos
municípios sem condições de montar ou manter uma rede de serviços públicos.
Não é por acaso que as regiões mais pobres apresentam uma grande quantidade
de novos municípios. Entre 1988 e 1995, o Estado do Amapá passou de 5
para 16 municípios; o Acre de 15 para 22; Rondônia de 19 para 48; Roraima
de 2 para 8; Pará de 88 para 137; Piauí de 48 para 148, Maranhão de 136
para 213; e a Bahia de 367 para 460.
Chamamos
atenção aqui para que as novas funções municipais relacionadas à segurança
pública levem em conta tanto às especificidades da função programada,
quanto o perfil municipal para onde as mesmas serão implantadas. No ano
de 2000 estavam instalados 5.506 municípios, não se considerando para
fins de análise dos dados o Distrito Federal (Brasília), que se situaria
no grupo de 1 milhão ou mais de habitantes.
A
região Sul é a que apresenta a maior participação relativa de municípios
de pequeno porte (60,7% dos Municípios da região). Em segundo lugar, aparece
a região Centro- Oeste, com 56,4%. Na região Sudeste, os municípios de
pequeno porte representam 50,2% do total regional. As demais regiões possuem
um percentual abaixo da média nacional: 42,3% para a região Norte e apenas
37,0% para a região Nordeste. Os municípios de pequeno porte demográfico
são classificados como mais pobres e esta indicação serve, não apenas
para as regiões Norte e Nordeste, mas também para as regiões Sul, Centro-Oeste
e Sudeste. Quando se pensa em finanças públicas no nível municipal, o
que se deve levar em conta é, sobretudo, que apenas nos municípios mais
populosos, com população acima de 50 mil habitantes, as suas receitas
superam os valores médios nacionais, sendo que o diferencial do crescimento
da receita tributária é 60% superior ao do valor das transferências constitucionais
pelos diferentes grupos de habitantes.
Esse
maior diferencial na evolução da receita tributária se deve ao fato que
aos municípios é concedido o direito de tributar espécies cujo fato gerador
tem a ver com o ambiente urbano – IPTU e ISS, por exemplo – , o que privilegia
mais aos municípios de maior porte demográfico. Para uma melhor visualização
das receitas municipais, divididas entre tributárias ou próprias; e de
transferência segundo critérios tipológicos, apresentamos os quadros abaixo
que tratam das Receitas Médias Municipais segundo as Grandes Regiões e
Grupos de Habitantes.
NOTA:
3 - O Fundo de Participação dos Municípios (FPM)
é a principal receita da grande parcela dos municípios brasileiros
que não possuem atividades econômicas em seus territórios.
O FPM é composto de 22,5% do total da arrecadação
do Imposto de Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IR) e do Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI); critério de rateio: 10%
para os municípios das capitais, na proporção direta
da sua população residente e inversa em relação
à renda per capita do estado a qual pertence; 90% para os municípios
do interior, sendo que 4% deste percentual é dirigido para os municípios
com mais de 190.000 habitantes e distribuído na proporção
direta da sua população e inversa à renda per capita,
e o restante é distribuído apenas proporcionalmente ao tamanho
da população.
Nas finanças públicas municipais, os principais elementos
da receita são: Receitas Tributárias (IPTU,
ITBI, ISS, Taxas e Outros Tributos); Receitas de Contribuições
e Patrimoniais (Contribuição Previdenciária,
Royalties pela Produção de Petróleo ou Gás
Natural e Outras Contribuições); Transferências
Correntes que correspondem às transferências da União
(Cota-parte do FPM, transferências do FUNDEF e outras transferências
do Governo Federal); as transferências dos Estados (cota-parte do
ICMS, cota-parte do IPVA, transferência do FUNDEF e outras transferências
da Administração Estadual); e outras transferências
correntes. E, finalmente, Receitas de Capital (operações
de crédito, alienação de bens, transferências
de capital e outras receitas de capital.
^
Subir
Informação
do Portal - Páginas Relacionadas |
|
<
Voltar |