Tecido
Social
Correio Eletrônico da Rede Estadual de Direitos Humanos
- RN
N.
008 – 07/11/03
Alca
e OMC: instrumentos de dominação
Aplausos marcaram o início das conferências do I Fórum Social
Brasileiro - FSP, na manhã da sexta-feira,7, no Mineirinho.
O tema da primeira conferência foi "ALCA, OMC, e dependência
externa: estratégias econômicas de dominação", com Sandra
Quintela, Carlos Juliá, Fátima Mello e Luís Fernandes.
S! andra Quintela (Campanha contra a ALCA) falou da necessidade
de uma auditoria pública da dívida externa brasileira e defendeu
a retirada do Brasil das negociações da ALCA. Segundo Sandra
"a política de articulação das grandes instituições financeiras
internacionais pressionam o governo brasileiro a ceder e a sociedade
também precisa se organizar".
O argentino Carlos Juliá (Jubileu Sul/Diálogo 2000) disse que
a ALCA é um acordo de livre comércio que reforça os privilégios
dos países e organizações centrais em relação aos países periféricos.
?A ALCA é um protocolo de colonização neoliberal dos Estados
Unidos da América com os países periféricos. Isso significa
mais exclusão e mais perseguição". Ele finalizou alertando
que "os direitos se tomam, não se mendigam. Depende de
nós decidir se queremos ser livres ou escravos".
Fátima Mello (FASE/REBRIP) debateu sobre o "fracasso"
da OMC em Seatle (1999) e em Cancún (2003). Ela destacou que,
em relação à Cancún, esse fr! acasso deveu-se à aposta dos EUA
na ALCA. Para ela, a criação do G-22 - grupo dos países em desenvolvimento,
liderado pelo Brasil - foi um importante mecanismo para equilibrar
a correlação de forças na OMC, fato que incomodou o império
americano. Fátima adverte, porém, que o Brasil não pode negociar
temas como compras governamentais nem na ALCA nem na OMC. "É
preciso construir outras propostas de integração democrática
que não seja o livre comércio".
O último palestrante da conferência foi Luís Fernandes (UFF).
Em sua palestra, falou que as mudanças que estão acontecendo
no mundo são determinadas pelo impacto do colapso socialista
e o triunfo dos EUA após a guerra fria. Destacou o poderio do
império americano, que produz 1/3 da riqueza mundial e tem um
orçamento militar que representa 40% do que é investido em armamento
no mundo inteiro, localizando o início histórico desse processo
na década de 80, com o advento da agenda neoliberal, e sua supremacia
nos anos 90. Par! a ele, o FMI passou a ser um instrumento internacional
para forçar a abertura dos marcados dos países em crise. "Os
EUA querem dividir oa países da América Latina e do Sul para
favorecer o império. É vergonhoso que a mídia brasileira venha
apenas transcrevendo do inglês os argumentos da agenda do império".
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