| Sobral 
                                      Pinto"Todo 
                                      poder emana do povo e em seu nome é 
                                      exercido."
 Era 
                                      um auxiliar de escrita nos Correios e ouviu 
                                      uma gritaria em frente à agência 
                                      da praça Quinze, no Rio de Janeiro. 
                                      Da sacada do prédio, avistou alguns 
                                      soldados espancando um jovem. Desceu à 
                                      rua e livrou o garoto dos agressores. Como 
                                      estudava Direito, levou a vítima 
                                      à delegacia e encarregou-se de sua 
                                      defesa. O delegado ameaçou prender 
                                      o rapaz, mas acabou acatando os argumentos 
                                      do futuro advogado. Antes de dar fim ao 
                                      caso, no entanto, advertiu: "Veja se 
                                      não fica comprando brigas alheias." 
                                      O conselho entrou por um ouvido e saiu pelo 
                                      outro. Em 74 anos de carreira, Heráclito 
                                      Fontoura Sobral Pinto não fez outra 
                                      coisa na vida senão comprar brigas 
                                      alheais. Defendeu, como poucos, políticos 
                                      e intelectuais perseguidos por regimes autoritários 
                                      que primeiro matavam para depois perguntar 
                                      por quê. Mineiro 
                                      de Barbacena, ele nasceu a 5 de novembro 
                                      de 1893. Bom 
                                      coroinha Na campanha das "Diretas Já!", 
                                      em 1984, viveu um de seus momentos mais 
                                      marcantes. Num comício na Candelária, 
                                      pediu silêncio e proferiu a Constituição: 
                                      "Todo poder emana do povo e em seu 
                                      nome é exercido." A multidão 
                                      delirou com sua vitalidade cívica. |