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Discurso na Universidade de São Paulo

Dia 10/12/2003

 

Autoridades Presentes,

Companheiros e Companheiras  

 

 

É um imenso prazer estar aqui hoje, na Universidade de São Paulo, recebendo o III Prêmio USP de Direitos Humanos – Categoria Institucional.

 

Logo após recebermos a notícia de que tínhamos sido agraciado com tal honraria, me mandaram um e-mail no qual alguém da USP perguntava se teria sido surpresa ter alcançado tal prêmio.

 

A resposta é sim. E não.

 

Na verdade., a experiência da DHnet,  fruto da práxis de um grupo de militantes nordestinos, de Natal, Estado do Rio Grande do Norte é resultado de um sequenciamento histórico, cujo elo basilar é o chamado Movimento de Natal, a experiência da igreja que quis ser popular descambando naquilo que convencionou-se chamar de Teologia da Libertação.

 

A Educação Radiofônica iniciada nos RN em fins dos anos 50, levou a inúmeros  lutadores sociais do meu Estado a utilizarem as ondas do rádio. Logo após, já nos anos 80, o quente tornou-se o slide e o vídeo.

 

Esse mesmo grupo articula-se com a ABVP – Associação Brasileira de Vídeo Popular e a TVT – TV dos Trabalhadores e um primeiro elo é formado com a USP, através dos professores e militantes Luiz Fernando Santoro e Regina Festa, queridos amigos e mestres,  e aí fundamos a TV Memória Popular.

 

O processo é vertiginoso. Em dois anos saímos de uma edição de vídeo a vídeo e acabamos produzindo o horário eleitoral do TRE, além de guerrilhas eletrônicas como as Brigadas de Vídeos e Videotecas Populares.

 

Em 1995 sentimos que teríamos que fazer uma transição entre o analógico e o digital e eis que no dia 01 de maio de 1995, colocamos no “ar” o BBS Direitos Humanos e Cultura. A data é sintomática: Dia do Trabalho e da entrada oficial do Brasil na internet.

 

Dois anos depois, o nosso BBS(Buletim Board System) transforma-se na DHnet – Rede Direitos Humanos e Cultura.

 

Devo salientar que esse  nosso elo digital foi feito exatamente para cobrir lacunas de informações, pois no nosso Estado as oligarquias são muitos fortes e tínhamos, como temos até hoje, uma briga muito acirrada com grupos de extermínio, luta que ceifou a vida do nosso advogado Gílson Nogueira.

 

Como sempre gosto de salientar, aprendemos a enriquecer plutônio em plena caatinga para sobrevivermos em nossas lutas sociais, até fisicamente, fazendo elos e links que a modernidade e as globalizações da vida permitem.

 

A nossa fórmula é bem simples.

 

Um grupo de cristãos engajados, algum tempo na Comissão Pontifícia Justiça e Paz da Arquidiocese de Natal(de 1978 a 1996), somos obrigados a criar novas articulações e entidades. É mais ou menos aquela assertiva do companheiro Leonardo Boff: mudamos para continuarmos sendo nós mesmos.

 

Após a transição do analógico para o digital que salientei há pouco, sentimos que aquela fórmula que nós sempre tínhamos utilizado, que era juntar direitos humanos, cidadania(acrescentando doses maciças de humanismo), teria que estar temperada com muita arte e cultura e memória histórica.

 

Imaginar alguma coisa no âmbito virtual foi um passo e a configuração de um portal que trabalhasse não apenas Brasil, mas também os países que fazem parte da CPLP – Comunidade de Países de Língua Portuguesa, foi um desdobramento lógico, acrescentando multimídia pesada(áudio e vídeos) e muita, muita interatividade.

 

Aquilo que era virtual e online acabou-se transformando no nosso CD-ROM Enciclopédia Digital Direitos Humanos, elo para aqueles que não tem condições de ficar plugado na rede, como dizemos no popular, internet para os lascados, ou melhor dizendo, os chamados excluídos tecnológicos (e sociais) de nosso país.

 

O negócio é que já estávamos de olho nos PROINFOs(Programa Federal de Informática na Educação) da vida. Na verdade, ficamos até ouriçados ao sabermos que 100.000 computadores seriam distribuídos pelos país inteiro, acrescidos posteriormente de mais 100.000, em etapa posterior.

 

Isso sem falar das experiências dos Estados, Municípios, ONGs e setor privado.

 

Esse é o nosso intuito. Ser um grande agitar do ciberespaço, trabalhar os direitos(e porque não, os Desejos Humanos!!!), atingindo o maior número de pessoas, aglutinando e disseminando a maior quantidade de informação possível.

 

É  aí que entram os nossos elos com a nossa querida  Margarida Genevois, ótica dos excluídos, Comissão Justiça e Paz e hoje Rede Brasileira de Educação para os Direitos Humanos, na qual a DHnet/CENARTE faz parte há muitos anos e eu mesmo, ainda sou o Secretário da nossa querida Rede, hoje em processo de retorno para São Paulo.

 

E nesses tempos de Lula-Lá, é  importante e primordial a ousadia dos movimentos organizados desse país,  naquela linha de Danton: Audácia, mais audácia, sempre audácia!

 

É dentro de tal contexto que estamos a lançar o nosso Guia Brasil de Direitos Humanos, tendo como parâmetro um Sistema Nacional de Direitos Humanos em gestação, calcado em um Sistema Internacional em aprimoramento e consolidação em nosso país.

 

O nosso Guia Brasil de Direitos Humanos e seus Guias Estaduais subseqüentes será a nossa contribuição para a consolidação do Sistema Estadual de Direitos Humanos.

 

Eis que aqui aparece um novo elo com a USP de São Paulo. O nosso Programa Estadual de Direitos Humanos do RN teve a consultoria do Núcleo de Estudos da Violência da USP, através dos companheiros Paulo Sérgio Pinheiro, Paulo de Mesquita Neto e da nossa querida Beatriz Stella Affonso.

 

No momento em que a USP e o Estado de São Paulo planeja em transformar-se em um grande centro nacional e internacional de direitos humanos, experiências como a nossa pode muito ajudar na capilarização e na disseminação de que direitos humanos, além de ser um valor universal, tem que ser trabalhado para ser também um valor nacional, estadual, municipal e localizadamente comunitário.

 

É isso. Não sei se respondi a indagação se o recebimento foi uma surpresa ou não, mas podem contar conosco, pois nunca perdemos o sentido e a noção da Utopia(de Pé no Chão...), queremos continuar sendo fermento na massa, agora com pitadinhas digitais e virtuais.

 

No mais, é um grande prazer estar aqui e compartilhar nessa grande Universidade brasileira, os caminhos e os rumos dos desafios futuros e a contribuição de um grupo de papa-jerimuns, que deixando a modéstia de lado, tem orgulho de serem brasileiros e nordestinos, de Frei Miguelinho a Dom Hélder Câmara, de Celso Furtado a Josué de Castro, sem esquecer, Nísia Floresta Brasileira Augusta, Paulo Freire, Djalma Maranhão, Gregório Bezerra e Abreu e Lima, o general de Bolívar ...

 

Gostaria de concluir as minhas palavras, citando nosso querido profeta D. Hélder Câmara:

 

Que toda palavra

 

nasça

da ação e da meditação

Sem ação

Ou tendência à ação

ela será apenas teoria

que se  juntará

ao excesso de teoria

que está levando os jovens

ao desespero.

se ela é apenas ação

sem meditação

ela acabará no ativismo

sem fundamento,

sem conteúdo,

sem força...

Presta honras ao Verbo eterno

servindo-te da palavra

de forma

a recriar o mundo.

 

 

 

Muito obrigado!!!

Discurso do coordenador da DHnet Roberto Monte quando recebeu o 3º Prêmio USP de Direitos Humanos - Categoria Institucional

 
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