Crianças nos
canteiros é culpa do governo?
Roberto de Oliveira
Monte
Evidente
que sim. Se tem uma coisa que deve envergonhar todos nós é essa
crescente legião de miseráveis, que essa desastrosa elite
brasileira insiste em fazer de conta que não existe. A questão
da dívida social brasileira tem que ser encarada de frente, sem
subterfúgios, demagogias, meias palavras e sem hipocrisia. De
quem é a culpa de tudo isso? Evidente que há os componentes
federais, estaduais e municipais na omissão de praxe, mas também
há uma miopia cada vez mais acentuada de certos setores da
sociedade, quase que narcotizados, pensando e agindo cada vez mais
de uma forma individualista, e muitas vezes mesquinha.
É
preciso, é necessário, é essencial resgatarmos os valores do
humanismo, acrescentar um componente ético nesse nosso caldo sócio-político
cultural, que nas últimas décadas tem sido alimentada por um
neo-liberalismo criminoso e nefasto, coisa que esse presidente
inconsequente e seus congêneres estaduais e municipais insistem
em fazer. É necessário que tenhamos coragem de dizer que essa dívida
externa é impagável, que a questão da terra é basilar, sem
educação e cultura não iremos a lugar nenhum, desglobalizar as
mentes colonizadas de nossos governantes, com esse complexo de
sermos de primeiro mundo. É engraçado como alguns nossos políticos
gostam de passar fim de semana em Miami. Diante desse quadro
desolador, o que fazer? Primeiro gostar e amar o nosso país e o
nosso povo, incluir os excluídos no mínimo em questão de
sobrevivência, educação, cultura e dignidade.
Esse
ano fazem quarenta anos da Campanha de Pé no Chão Também se
Aprende a Ler e é muito importante reaprender com as coisas
daquela época, feitas na perspectiva de construção de um
projeto nacional, naquele tempo queríamos erradicar muita coisa
ruim que existe em nosso país. Hoje, tudo é pela ótica e pela
lei do mercado. Tem que tirar essa meninada da rua (sem maquiagem)
e cuidar do nosso povo, olhar mais para dentro do nosso país,
encher a barriga do povo de comida, criar condições para que
todos tenham um emprego que gere vida e dignidade, escola para a
meninada.
Criança
na rua é um reflexo que não fechou-se um ciclo no processo de
redemocratização em nosso país, criança na rua é um grito
calado no ar que alguma coisa está para explodir, coisas latentes
estão sendo geradas, ou você ficará surpreso quando a violência
cotidiana das ruas chegar dentro da sua casa?
É
uma questão de concepção. Afinal de contas o que estamos
querendo é a barbárie(que já estamos há um bocado de tempo) ou
(re)trabalhar todo um processo civilizatório, onde o ser humano,
onde o humanismo seja cada diante o predomínio do SER em relação
ao TER.
De
nossa parte, estamos lançando uma Rede Estadual de Direitos
Humanos, para levar para todos os potiguares a idéia de que
podemos criar um momento educativo. E você, que no final desse
feriadão está lendo esse jornal, o que irá de prático fazer?
Uma revolução pelo voto, retirando da cena esses maus políticos
e as más políticas de nosso país, produtos que esse país
acumulou em rapinagem, safadeza e dissimulação, que nos dias de
hoje voltam de suas tocas para ir atrás dos votos daqueles que
eles mantém no cabresto. Cuidado que o discurso deles é
dissimulado. Um voto bem dado pode ser o início daquilo que
percorremos e sonhamos na sua luta diária: a certeza de que uma
outra sociedade e um outro mundo é possível com Direitos Humanos
e Cidadania.
Roberto de
Oliveira Monte é Coordenador do Centro de Direitos Humanos e Memória
Popular-CDHMP e Presidente do Conselho Estadual de Direitos
Humanos.
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