PREFÁCIO
Duas
forças inelutáveis nascem da natureza do homem. A força
da imanência que o leva a lutar pela integridade harmônica
de seu ser e a força da transcendência que o impele a
progredir em busca de novas formas de ser e de existir.
Imutável em sua natureza mas, eminente plástico em sua
forma de ser, o homem, tende, por sua natureza, a
preservar e defender a sua vida como tende a se
projetar, como bem dizia Teilhard de Chardin, como uma
flecha em busca de um alvo definido.
Tudo
que nasce da natureza, torna-se um direito inalterável
da pessoa humana. Por isso é um direito de todo ser
humano o livre exercício do poder ser o que ele é, e
de se projetar em busca de novas formas de existência.
Todo homem tem direito à vida, todo homem tem o direito
de progredir. Toda economia que não tem como escopo
primordial, de primeira urgência, o homem e seu bem
estar é uma economia injusta e malfazeja. As
necessidades biológicas, priorizando a busca de
alimento e preservando a vida, a curiosidade motivando
suas ações, para descobrir novos e melhores meios,
para progredir em busca da sua própria e total realização.
São vetores de primeira grandeza, que levam o homem a
ser o que é e sempre progredir.
Não
há pois necessidade maior e mais urgente para o homem
que uma alimentação abundante e sadia, para mantê-lo
vivo e saudável.
A
saúde, a cultura, o lazer são conseqüências naturais
de um corpo bem nutrido. Se de um lado pouco podemos
esperar de um corpo mal nutrido, torna-se quase impossível
o progresso e desenvolvimento de uma sociedade composta
de elementos ignorantes, analfabetos, sem cultura, sem técnica,
sem educação. É da idéia, do pensamento que nascem
as novas e mais eficazes formas de tecnologia, das artes
e das ciências. O homem só domina as forças da
natureza e as põe a seu serviço, na medida que conhece
suas próprias capacidades e a potencialidade das coisas
que o cercam. Só domina quem se domina, só se domina
quem se possui, só se possui quem se conhece, só se
conhece quem sabe refletir. Se queremos uma sociedade
justa e progressista temos que lutar com todos os meios
de que dispomos, numa luta constante, sem quartel, para
que sejam respeitados os direitos individuais de uma
existência sadia, de um corpo bem nutrido e de um espírito
consciente e livre, para que o homem
possa buscar para si e para a sociedade em que
vive, dias de paz e de desenvolvimento,
podendo assim viver e ser feliz.
Dom
Nivaldo Monte
Arcebispo
Emérito da Arquidiocese de Natal
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