quem não ama o deserto assombra.
a humanidade, afogada em litanias,
cospe sangue, medo e fé.
vísceras sob círios.
conchas guardam a lua e suas fases.
desesperado náufrago se aproxima.
não é homem. nem mulher.
é fúria. Hino salitre. queda.
este caminho é o das palavras e armadilhas.
silenciosa torre que enlaça.
silábica província que aprisiona e liberta.
não é veneno o que ofereço.
é gozo e ternura.
a metáfora do perdão se ergue.
ainda te vejo:
frágil espelho que o destino, pontiagudo, tocou.
secreta tempestade que o amor revela
às damas de abismo e ritos.
até que tudo passe:
fome. sono. desfiladeiros. mortes.
|