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Capitulo III

 Funções dos Meios de Comunicação

 

3.1 – Usos e funções dos meios de comunicação social

 

Tradicionalmente se tem dito que “os meios de comunicação social possuem três funções: informar, entreter e educar. Segundo esta concepção, informar se refere à comunicação dos fatos que ocorrem no contexto social; educar, a capacidade que tem o homem para enfrentar-se com este contexto e entreter é transportar mentalmente o espectador para longe do seu contexto, objetivando-lhe proporcionar descanso”.

Quando se estuda as funções de um sistema comunicativo, faz-se necessário relacioná-los com o sistema social no qual está inserido. Assim, as funções dos meios massivos terão diferentes ações em um país oriental, em contraponto com um país ocidental, ou mesmo entre um pais capitalista e outro socialista.

Contudo, Harold Laswell, cientista político norte-americano, resumiu as funções dos meios de comunicação, conforme veremos a seguir:

 

-            Vigilância do contexto;

            Correlação social;

-            Transmissão cultural;

-            Socialização e

- Entretenimento.

 

“A vigilância do contexto significa que os meios de comunicação de massa servem como sentinela para os indivíduos, alertando-os sobre os fatos que se sucedem ao seu redor. Segundo Marshall McLuhan, os meios servem de janela do mundo”. Esta função tem papel importante, que é a de moralizar, reforçar as normas sociais existentes em cada indivíduo, e por cima, adverte-os do perigo que seu grupo social pode sofrer, desde a possibilidade de uma guerra, a queda da moeda, ou fatores externos que interferem no dia a dia.

“A atividade da correlação com o contexto social inclui a interpretação da informação relativa ao meio ambiente social, e as prescrições para a conduta em reação ante aos acontecimentos dados a conhecer. Dessa forma, representa a propagação das opiniões sobre os fatos ocorridos no contexto. Expressa-se por meio dos editoriais dos diários ou nos programas de opinião pública do rádio ou da televisão”. Logo, isso serve para reforçar a idéia de que proporcionam uma espécie de mesa redonda na qual todos os seus integrantes têm a possibilidade de debater os assuntos públicos, até mesmo poder alterá-los.

Na função de transmissão cultural, verificamos que os veículos de comunicação tomam para se a missão de preservar o legado cultural da sociedade, ainda que em muitos dos casos, o degrade. Anteriormente este era transmitido pelos pais, ou membros mais velhos da comunidade, através da palavra. Hoje as pessoas se calam diante de um aparelho de televisão, aprendem o que nunca viveram, muito menos seus antecedentes. Como bem cita Harold Laswell, “não conseguem transmitir aos filhos sua carga cultural no simples contar de história, visto que para eles, a televisão tem muita coisa bem melhor para ensinar, e os pais ficam na cômoda posição de não se responsabilizarem em contá-las.

Já a socialização é uma consequência do fator cultural, vez que os membros de uma coletividade aprendem os modelos de sua sociedade, assimilando e convertendo em suas próprias regras pessoais de vida. “Os meios de comunicação geralmente cumprem seu processo de socialização, de maneira não formal, mas, por intermédio da promoção de valores e de sistemas de vida na programação, especialmente na área de entretenimento, que corresponde a disseminação da ideologia das elites do poder, em detrimento e, até ferindo os valores da própria sociedade.

Mas, “o ato de entender, destinado a distrair as pessoas, está ligado a apresentar o belo, o que é espetacular, sobretudo nas produções de TV. Até mesmo os programas jornalísticos se tornaram em verdadeiros shows da vida, tornam o irreal bem verdadeiro à vista do seu público”.

Diante deste cenário, precisamos denunciar as disfunções dos meios de comunicação de massa no trato das informações junto ao público. E são inúmeras. De partida podemos citar a manipulação e orientação ideológica, o isolamento ao indivíduo em relação ao grupo, a quebra e substituição de valores morais, sociais e culturais, a fuga da realidade para uma ilusão que se vê, se aspira, mas, que jamais poderá ser alcançada e por cima, o trato das pessoas como simples consumidores, ou, simplesmente em número para as pesquisas. São vários os malefícios proporcionados por uma política de comunicação, como a nossa, onde um grupo – alguns políticos e empresários – dita as normas com finalidades sutis de persuasão e condução da opinião pública, objetivando mantê-los hegemônicos no poder. Torna-se portanto imperiosa a necessidade de se democratizar o acesso às técnicas de produção, bem como a popularização dos sistemas de difusão para fazer a este quadro da comunicação social, ora existente na América Latina.

 

3.2 – Comunicação participativa

 

as falhas e vícios dos mass media já distinguimos: unidirecionalidade, tendências massificantes, verticalismo, manipulação, reafirmação do poder econômico ou governamental, imposição do padrão de conduta através da propaganda e publicidade, transnacionalidade em benefício de centros imperiais, falta de verdadeira participação das pessoas comuns no processo produtivo das mensagens e no controle eletivo dos meios, autoritarismo do Estado etc.

Diante deste quadro, surge um novo conceito de comunicação: a “comunicação participativa”, que serve para fazer frente à comunicação massiva em sua realidade atual, e que apresenta as seguintes características:

Direito ao acesso à informação, saindo do estado de marginalização que afeta particularmente os mais pobres;

Exercício efetivo do direito a imitir mensagens, onde pessoas e grupos populares, “sem voz”, podem auto expressar-se;

Exercício efetivo do direito ao diálogo, concorrendo com o Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Todos têm o direito à liberdade de ter uma opinião e à expressão. Este direito inclui a liberdade de ter uma opinião sem a interferência e, de buscar, receber e distribuir informação e idéias através de qualquer meio e sem fronteiras”;

Vinculação da atividade de comunicação a outras iniciativas de ação social, política e cultural em resposta a problemas concretos, pequenos ou grandes.

A comunicação participativa apresenta-se, portanto, como um processo para se alcançar formas cada vez mais autênticas e amplas. Isto no sentido de realizar uma comunicação não “para”, mas “do” povo. Dom Hélder Câmara, Arcebispo emérito de Olinda e recife, ratificou muito bem este ponto de vista em pronunciamento no XVI Congresso Brasileiro de Comunicação Social, em 1988, na Universidade Estadual de Londrina, Paraná, quando disse: “Quando a gente trabalha para o povo, tudo é diferente. Sabemos que, mesmo quando – como no caso da América Latina – o número de analfabetos é grande, porque não encontrou escola no tempo de criança, ainda assim, as pessoas são capazes de pensar”.

Para realizar tais intentos, surge um conceito mais específico dentro da comunicação: a comunicação alternativa, conceito distinto no Brasil da comunicação popular.

A comunicação alternativa no Brasil tem um maior destaque durante o regime militar, e surge com o jornalismo político partidário e panfletário da década de 70, em reação ao regime político ditatorial da época. Esta imprensa trazia uma carga política ideológica emanada de intelectuais da classe média alta que não expressavam necessariamente a opinião ou ações populares. Contudo, não se pode negar a importância, naquele período, de O Pasquim, A Tribuna da Imprensa, Opinião, Em Tempo, Movimento. Da mesma maneira que não podemos deixar de reconhecer nomes que fizeram esta imprensa, entre eles Millôr Fernandes, Hélio Fernandes, Henfil, Jaguar e outros que fizeram da comunicação alternativa uma forma de protesto “para” o povo. Devemos lembrar, porém que, com a queda do regime ditatorial militar, desaparece também o que se considera imprensa alternativa.

Encontramos no “Documento de São Bernardo”, assinado por líderes sindicais e de movimentos de bairros, em 1980, que “movimento popular são todas as formas de mobilização e de organização de pessoas das classes populares, direta ou indiretamente ligadas ao processo produtivo, tanto na cidade como no campo. São considerados movimentos populares: as associações de bairro, clube de mães, grupos organizados em função da luta pela terra e outras formas de luta. Faz parte também o movimento sindical, que por sua própria natureza tem um caráter de classe, definido pelas categorias profissionais que dele fazem parte”.

Surge, portanto, dentro destes movimentos, formas de expressão para fazer frente à ação massificadora dos meios de comunicação de massa aos quais não tem acesso como refletem na verdade um anseio popular, muito menos expressam a voz do povo.

Assim, os movimentos populares buscam seus próprios meios, de acordo com suas possibilidades financeiras. São panfletos mimeografados, faixas, cartazes, murais, teatro popular, batucadas, difusoras de alto falante e o uso do videocassete doméstico como elemento básico na produção de vídeo popular.

Por todo exposto, vemos que o melhor conceito que podemos emitir sobre comunicação participativa neste trabalho é COMUNICAÇÃO ORIGINÁRIA DOS MOVIMENTOS POPULARES.

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