Capitulo
II
Comunicação e suas
relações
2.1 – A comunicação
como produto
O crescimento da
difusão industrial da informação, a partir do século XIX, tornou os
meios de comunicação de massa em empresas que buscam o lucro como as
demais que atuam na iniciativa privada. O perigo da questão reside no
luto de que a informação não pode - pelo menos não podem - ser
tratada como um mero produto de consumo, visto que pode influenciar
decisivamente no modo de agir e pensar das pessoas, sobretudo em
culturas incipientes e frágeis quanto às nossas.
Todavia, para fazer
frente à idéia da informação como um mero bem de consumo, surgiram
alternativas dentro de alguns segmentos organizados da sociedade na
busca de reverter ou ao menos amenizar esta situação. Uma das saídas
foi o vídeo popular; visto que procura tratar a informação, de
maneira a torná-la livre e de interesse da coletividade, sem ser
tendenciosa ou ficar submissa e dependente de verbas publicitárias, ou
“a busca de lucros, ou ainda com interesses particulares. E, este é
uma realidade existente e em funcionamento através da TV ALERTA
COMUNITÁRIA.
2.2 –
Transnacionalização dos meios de comunicação
Percebemos que nos
países considerados de “terceiro mundo”, o distanciamento entre
ricos e pobres torna-se cada vez maior à medida que o capital
transnacional intensifica seu poder, assim, internacionalizando o seu
sistema econômico, financeiro, cultural e até mesmo social. Isto afeta
inevitavelmente o processo de informação, neste caso, o pluralismo, o
sentido de unidade da chamada aldeia global, e o acesso à informação
são questionáveis, quando constatamos que as mensagens são
transmitidas de maneira massificada, unilateral, usuária e, acima de
tudo, fora da realidade.
As agências noticiosas
são uma prova disso. O rádio serviu de esteio para o fortalecimento da
indústria fonográfica, enquanto o vídeo tape fez crescer a produção
de programas enlatados que enfestam as telinhas de nossos lares
tupiniquins. O volume de produções estrangeiras em nossos meios de
comunicação é algo absurdo, chegando até a agredir e transfigurar o
perfil do nosso povo.
Um dos casos mais
polêmicos de nossa transnacionalização dos meios de comunicação de
massa, aconteceu no momento da implantação da TV GLOBO no Brasil, na
década de 60, quando teve participação financeira do grupo americano
TIME LIFE. O fato foi alvo de abertura de uma Comissão Parlamentar de
Inquérito no Congresso Nacional, chegando inclusive a ser motivo de
tese do Professor gaúcho Daniel Herz, depois transformada no livro “A
HISTÓRIA SECRETA DA REDE GLOBO”.
Desta forma, as
empresas estrangeiras geram produções de seus interesses, para
difusão em todo mundo, graças ao domínio da técnica, do aparato
tecnológico e dos meios de pesquisa, produção e difusão de
mensagens, de maneira a existir a pasteurização e verticalização da
informação. Como resultado, a maioria da população vive um total
estado de pobreza e incomunicação, rodeada de um mar de informações
e sem nenhum vínculo com a realidade. Do outro lado, uma pequena elite,
associada a grupos internacionais, maneja um imenso poder, quer no campo
econômico, quer no campo político.
Mas, o contraponto de
toda a questão reside nos movimentos de base, que com esforços partem
para produzir uni meio independente do que poderia ser considerado
padrão normal de informações, e buscam mostrar uma realidade local,
sem recursos financeiros e contando com a cooperação da comunidade,
conseguem produzir mensagens horizontais e, que em nada se compara ao
padrão das emissoras comerciais
2.3 – Comunicação,
poder e dependência
“Sim, eu uso o
poder!”. Esta frase de sinceridade dolorosa foi pronunciada pelo
Presidente das Organizações Globo, Jornalista Roberto Marinho. A Rede
Globo consegue monopolizar a audiência televisiva em rede nacional,
deixando claro que comunicação e poder andam de mãos dadas, enquanto
cúmplices na manipulação da opinião pública nacional.
Com tamanha
influência, podemos afirmar que quem detém os meios de produção e
difusão da informação, detém o poder, pois, a transmissão de
idéias e valores se coadunam com seus interesses particulares. Mas,
não é só. “Os que controlam a comunicação chegam até a rotular e
definir os outros indivíduos e grupos sociais. Quem tem a palavra
constrói identidades pessoais ou sociais”.
Neste sentido, “a sua
aparente horizontalização enquanto mostra tudo o que acontece, para
todo o inundo, disfarça a vertizalização do processo de comunicação
quando integra as pessoas em um espaço social definido e administrado a
partir de modelos da grande organização tecnoburocrática”
Assim, um modelo de
comunicação popular, como a TV Comunitária, serve de instrumento na
tentativa de dar ao seu espectador a o1xjrtunidadu de se
afirmar enquanto ser humano e social, ã medida que este participa e
interfere no processo da comunicação. Vale também como forma de
expressão de suas idéias e valores sem a alienação de uma
informação que não faça parte do seu “modus vivendi”. Logo, a
camisa de força de uma programação verticalizada poderá vir a ser
substituída pelo vestir simples, livre e sincero de moradores do bairro
Cidade da Esperança, que poderão discutir abertamente sobre os
problemas existentes no bairro, com o uso do vídeo.
2.4 – Comunicação,
cultura e opinião pública
A cultura de massa é o
resultado da produção em grande escala de símbolos e mensagens,
principalmente com o aperfeiçoamento dos sistemas de comunicação
social, a partir do século XIX.
Os “meios de
comunicação de massa” proporcionam novas formas de se chegar à
população através da produção e distribuição de informações ou
entretenimento em larga escala, nivelando grupos profissionais,
étnicos, sociais, regionais, desrespeitam suas individualidades. “É
verdade que a relação de comunicação não se reduz à comunicação
massiva, há também a comunicação de pequenos grupos. Porém,
resumo-se cada vez mais à comunicação eletrônica dos meios de
comunicação de massa, onde as pessoas escutam e vêem mais e falam
menos. Os órgãos que mais se desenvolvem são a visão e a audição.
A fala vai silenciando”.
Tende-se a produzir,
portanto, produtos culturais que não estimulam a reflexão critica nem
tampouco respeitem e tentam preservar seus próprios valores e costumes.
Outrossim, os meios de comunicação de massa tornam-se o meio e o
espaço privilegiado onde a cultura é “criada”, reproduzida e
retransmitida. Dai é necessário que se encontre meios alternativos de
como fazer o processo da comunicação popular voltar-se à defesa da
raiz cultural de um povo. O trabalho desenvolvido pela TV ALERTA
COMUNITÁRIA ratifica este propósitos e nos leva a refletir sobre a
importância de se buscar uma outra maneira de fazer frente aos
monopólios da comunicação em nosso pais. Seria para se chegar quem
sabe a democratização dos meios.
A opinião pública,
por sua vez, também sofre influência direta dos meios de comunicação
de massa, dai, queremos aqui lembrar o que se considera opinião
publica. Podemos considerá-la como um meio de controle social, ou “um
fenômeno que surge a partir de juízos verbais sobre um fato que
desencadeia polêmica e que mostra diferentes posições. Ela pode atuar
como um juiz ou um tribunal ante um assunto a ser refletido em meio a um
grupo. Assim, é também um meio de controle social”.
Fala-se cada vez mais
em opinião pública a nível nacional e internacional, que constitui
uma forma de influência poderosa e crescente. Aqueles que têm a
missão de informá-la e ilustrá-la não poucas vezes a manipulam. Para
medir a opinião do povo em números confiáveis, criaram-se os
Institutos de Pesquisas de Opinião Pública que realizam entrevistas
com grupos de pessoas e em determinados lugares, com intenção de
avaliar a posição dessas pessoas em relação a algum acontecimento
pessoal ou global.
O que nos deixa
apreensivos é como são medidos e divulgados, visto que podem ser
facilmente manipulados, sem esquecer que os veículos agem como
verdadeiros formadores de opinião. Prova disto encontramos na matéria
do Jornalista José Arbex, na revista Isto É , onde cita algumas
informações infundadas sobre a guerra da Bósnia, divulgadas em
veículos de renome internacional, como as revistas TIME e NEWSWEEK, e a
BBC de Londres. A intenção seria de passar à opinião pública uma
péssima imagem do povo Sérvio, que foram os “vilões” da
história.
É perigoso, portanto,
tal procedimento, principalmente para uma sociedade sem tradição de
defesa de seus próprios interesses e objetivos. A oferta de idéias
pré-determinadas e prontas “ajuda” sobremaneira as pessoas a
tomarem as decisões já decididas. Não precisa, neste caso, pensar.
Podemos deixar que o apresentador ou o narrador pense por nós. Mas, já
existe o que podemos considerar de antídoto: iniciativas como as das
tevês Comunitárias que estimulam as pessoas a participarem das suas
atividades, a pensarem e mostrarem o que pensam, sem limites de tempo ou
conveniências políticas. Sem doses de imbecilidade.
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