Homenagem
ao Padre Josimo
A IMPUNIDADE está acabando com o Brasil!
Acabando com o Brasil internamente, pois incentiva crimes cada
vez mais selvagens e hediondas; e acabando com a credibilidade do
Brasil no exterior, como um país sério e justo!
No dia 10 de maiode 1997, completaram 11
(onze) anos do assassinato bárbaro e covarde do Pe. Josimo
Morais Tavares. Logo depois, o pistoleiro Geraldo Rodrigues da
Costa foi preso, confessando a autoria do crime, declinando o
nome do co-autor, Vilson Nunes Cardoso e dos mandantes do crime,
quais sejam Guiomar Teodoro da Silva, Nazaré Teodoro da Silva,
Osvandino Teodoro da Silva, Osmar Teodoro da Silva, Adailson
Gomes Vieira e Geraldo Paulo Viera.
Em 1988 o pistoleiro, Geraldo, foi
condenado a 19 anos de prisão, mas os MAN-DANTES CONTINUAM
IMPUNES! No julgamento de três dos acusados como mandantes do
assassinato do Pe. Josimo, marcado para 27/06/97 em Imperatriz, e
do qual V. Excia. fora designado como Juiz, não somente o Brasil
todo, mas, sim, o mundo inteiro, vai estar acompanhando,
esperando JUSTIÇA. Pouco adianta condenar os pistoleiros, se os
mandantes ficam impunes, gozando de uma vida boa, tranqüila!
Portanto, em nome dos empobrecidos; em nome
dos Sem Terra; em nome de todos que arriscam a vida (e, às vezes
DÃO a vida) para defender a dignidade e os direitos de todos e
de todas; em nome da Comissão Pastoral da Terra; e, ainda, EM
NOME DE DEUS -- seja V. Excia. JUSTO NO JULGAMENTO, julgando pelo
ESPÍRITO da lei, não apenas pela LETRA! Pois, como disse Jesus,
"a letra da lei MATA, mas o espírito da lei DÁ VIDA".
Padre Josimo
Faz dez anos
Imperatriz, Maranhão.
Sábado, 10 de maio de 1986, 12h15min.
O padre Josimo Moraes Tavares, 33 anos, sobe a escada
do edifício onde funciona a Comissão Pastoral da Terra
(CPT).
O pistoleiro Geraldo Rodrigues aperta o gatilho do seu Taurus
calibre 7.65.
Está a 5 metros de Josimo, o vê pelas costas e dispara dois
tiros.
A primeira bala raspa no ombro direito de Josimo e vai
alojar-se na parede.
A segunda perfura o rim e o pulmão e sai pelo peito.
O padre Josimo morria, duas horas depois, no hospital.
Duas semanas antes, durante a assembléia diocesana, em
Tocantinópolis/TO, Josimo tinha deixado um testamento.
Estava sendo ameaçado de morte.
Ele dizia:
"Tenho que assumir.
Estou empenhado na luta pela causa dos lavradores indefesos,
povo oprimido nas garras do latifúndio.
Se eu me calar, quem os defenderá?
Quem lutará em seu favor?
Eu, pelo menos, nada tenho a perder.
Não tenho mulher, filhos, riqueza...
Só tenho pena de uma coisa: de minha mãe, que só tem a mim
e ninguém mais por ela.
Pobre.
Viúva.
Mas vocês ficam aí e cuidam dela.
Nem o medo me detém.
É hora de assumir.
Morro por uma causa justa.
Agora, quero que vocês entendam o seguinte:
tudo isso que está acontecendo é uma conseqüência lógica
do meu trabalho na luta e defesa dos pobres, em prol do
Evangelho, que me levou a assumir essa luta até as últimas
conseqüências.
A minha vida nada vale em vista da morte de tantos
lavradores assassinados, violentados, despejados de suas
terras, deixando mulheres e filhos abandonados, sem carinho,
sem pão e sem lar".
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