Comitê
Estadual pela Verdade, Memória e
Justiça RN
Centro
de Direitos Humanos e Memória Popular
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Textos
Aldemir
Lemos
Roberio Araujo
O
Véi da Luta Eterna
Como
Uma Fênix Cabocla
O
dia que Rubens Lins deu um cangapé
em Aldemir
O
VÉI DA LUTA ETERNA
Esse
véi foi d’uma égua
Gosta de suco e pastel
Só reclama quando eu tomo
A minha pinga com mel
A
disposição do cara
É mesmo de admirar
Seja de dia ou de noite
Tá pronto prá batalhar
Já
recebeu borduada
Mais muita já deu também
Prá trabalhador rural
Lutava sem um vintém
Travou
a guerra nos têxteis
Que ninguém acreditava
Contra a gigante UEB
Na praça não descansava
O
meu amigo Aldemir
É prá mim fenomenal
Pois construiu o PT
Do sertão ao litoral
Robério
Araújo
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COMO
UMA FÊNIX CABOCLA
Como uma fênix cabocla
Sempre resurgiu das cinzas
Na sua luta (IN) glória
Sempre por trabalhador
Com seu cabelo de prata
E seu cavalo alazão
Por liberdades lutou
Como
uma fênix cabocla
Com a roupa do peão
A espada de São Jorge
Sempre presente na mão
Prá cortar patrões safados
E seus capangas mandados
Bem estirados no chão
Como
uma fênix cabocla
Aldemir se revelou
Ao lado dos desvalidos
Sua luta sempre eterna
Marchando à frente da tropa
Mais sempre com um 38
Bem amarrado na perna
Como
uma fênix cabocla
Muitos da lama tirou
Agricultor e operário
O mote da ideologia
É um guerreiro incansável
Um comunista assumido
Seja de noite ou de dia
Robério
Araújo
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O
DIA QUE RUBENS LINS DEU UM CANGAPÉ
EM ALDEMIR
Com
o surgimento do MST no Brasil e muitas das
organizações clandestinas
se esfarelando, viu-se, no novo movimento
a possibilidade de continuar a luta fora
dos marcos legais.
Com
a ocupação da Fazenda Marajó,
na micro região do Mato Grande no
Rio Grande do Norte, os remanescentes do
PCBR, à época abrigados na
tendência interna do PT Brasil Socialista,
se reuniria nas dunas de Santa Rita na casa
do dentista Ivan Júnior para deliberar
como e qual seria nossa atuação
na referida ocupação.
- Não quero bebida nessa reunião!
Falava Aldemir Lemos aos que ele ia convidando
para a reunião.
Três dias imersos para discutir e
deliberar sobre a referida atuação
do coletivo Brasil Socialista (BS), sem
ter uma “branquinha”, para esquentar
a noite.
- Sem birita a noite vai ser o Ô.
Dizia Renan.
Eu e Diógenes Leite dissemos que
dormiríamos em casa e voltaríamos
pela manhã bem cedo. Claro que era
desculpa para ir a noite tomar umas na casa
de Fernandão “O Cigano”,
que morava perto.
Outros davam outras desculpas, mas, Aldemir
era irredutível na sua proposta.
- Três dias de reunião sem
ninguém sair da casa e sem cachaça!
Ao final dessa primeira conversa todos concordaram
meio a contra gosto, que a reunião
seria mesmo sem o néctar dos deuses.
Fizemos a cota para comprar os alimentos
e todos já saiam que não poderia
trazer cachaça de forma alguma.
Na sexta feira bem cedo Zé Ary, estacionado
na frente do Sindicato e sentado ao volante
da heróica Kombi do SECERN, que,
carregou nas suas bancadas 80% das lutas
ocorridas nos tempos das Oposições
Cutistas em Natal e em cidades do interior
do estado.
As pessoas começaram a chegar para
a reunião.
- Abra a sua bolsa. Quero ver se não
tem nada de álcool. Falava Aldemir.
Para todos que chegavam era a mesma ladainha.
Depois da revista feita o camarada entrava
no carro.
Pela primeira vez, todos chegaram na hora
certa e a viagem a Santa Rita foi feita
sem nada de atraso.
Atracamos em Santa Rita antes das 9:00 horas
da matina.
Primeira tarefa: distribuir as comissões.
Eu, Rubens e Ferinha ficamos com a cozinha,
outros com a limpeza da casa tudo sob o
acompanhamento e a fiscalização
do Véi.
Sexta-feira
transcorreu calmamente, no sábado
Aldemir desconfiou que tivesse gente bebendo,
depois da jantar ele disse todos coloquem
suas bolsas aqui na sala agora! Todos rapidamente
o fizeram, depois de minuciosa revista nos
pertences de todas nada de álcool
foi encontrado.
No domingo, terminada a proveitosa reunião
Aldemir foi tomar o seu tradicional golinho
de café para fumar, na cozinha e
encontrou Ferinha bêbado “ás
quedas”.
- Agora que a reunião já terminou
e está tudo definido, quero saber
quem foi o filho da puta que deu cachaça
a Ferinha!
Rubens caiu na gargalhada e disse:
- Foi você Aldemir.
- Eu mesmo não! Respondeu o Véi.
- Foi sim, olhe na sua bolsa. Disparou Rubens.
Rubens tinha colocado 08 garrafas de Pitu
na bolsa de Aldemir, pois, sabia que ele
não ia vistoriar sua própria
bagagem.
Com um misto de raiva e sorriso Aldemir
sapecou essa frase:
- “Puta que pariu, peão é
mesmo a imagem do Cão”.
Todos riram muito, colocamos nossas bagagens
a tiracolo entramos na Kombi e voltamos
para casa todos felizes por mais uma tarefa
cumprida.
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