DOCUMENTO
FINAL
(A
Assembléia resolveu adotar, basicamente, como texto para o
Documento Final, a proposta elaborada pelo Regional Sul 1 — São
Paulo, e enviada à comissão preparatória do Encontro a
20-01-88).
“A
ESTRUTURA E A CONJUNTURA BRASILEIRA, OS DESAFIOS
DO
MOVIMENTO NACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS”
1
– Visão panorâmica conjuntural e estrutural
1. Nem tudo está
tranquilo entre os detentores do poder. A crise internacional está
abalando o bloco trilateral (Estados Unidos, Europa capitalista,
Japão). O poderio norte-americano dá mostras de profunda crise.
O dólar está ameaçado. A bolsa de valores internacional reflete
a enorme convulsão que está acontecendo dentro do império
capitalista. A desordem econômica alastra-se para o quintal
dessas grandes potências. América Latina e Brasil refletem o
desarranjo do mundo ao qual pertencem como periferia subdesenvolvida.
Os planos, os choques na economia não conseguem superar o dilema
inflação/estagnação. No Brasil, percebemos com clareza que a
política da produção para a exportação exige a política do
arrocho salarial. O arrocho produz a fome e a miséria
generalizada. O consumo fica cada vez mais restrito a uma faixa
privilegiada. A maioria só pode consumir o estritamente necessário
para não morrer de fome e continuar trabalhando.
A máquina
estatal corrupta e desgovernada é outro lado da engrenagem
responsável pela espoliação dos recursos. Essa é produto dos
interesses transnacionais. Interessa ao império internacional do
dinheiro que os regimes políticos dos subdesenvolvidos sejam
fracos e desmoralizados. Interessa o suceder-se de crises. Mas não
parece interessar neste momento as ditaduras ostensivas ou o
predomínio direto das forças armadas.
Sistemas civis
alinhados obedientes às diretrizes econômicas internacionais,
tendo na retaguarda a força militar sempre pronta a intervir,
agindo em surdina, é o ideal. No plano internacional, a estratégia
militar só deve intervir nas áreas do mundo definidas como áreas
de conflito (Oriente Médio, por exemplo). A América Latina, por
enquanto, não é tida como área de confronto direto. É por esse
motivo que até agora os Estados Unidos não realizaram uma
intervenção militar direta (invasão) da Nicarágua.
Para conseguir o
consenso das massas em meio à miséria crescente, outras estratégias
são acionadas. A estratégia política, através da distenção,
da anistia política, da liberalização do regime, da concessão
de algumas liberdades convencionais (abrandamento da censura,
reconhecimento de partidos políticos, inclusive de esquerda,
certa abertura para o debate e a participação).
No campo econômico,
a estratégia é o recurso às reformas monetárias e aos planos
de choque e impacto, acompanhados de promessas clamorosas de
recuperação, de combate à inflação, de melhoria para os mais
pobres. A tática é lançar periodicamente novos planos de
impacto, com a troca de ministros e até de governo. Desta maneira
o povo é levado a acusar o governo e o plano pelo fracasso e pela
condição de miséria. O verdadeiro responsável, que é poder do
capital, e o verdadeiro mecanismo responsável por tudo, que é a
exploração do trabalho, ficam esquecidos e até perdoados. Daí
o engodo que pode arrebatar até mesmo militantes conscientes
quando se incute a ilusão de que tudo pode mudar se se passar do
presidencialismo para o parlamentarismo ou se com as diretas e a
eleição de um novo presidente as mudanças vão acontecer. Essa
ilusão é fruto do próprio fetiche que domina a economia. Esse
feitiço tampa os olhos do povo que vai piamente acreditando que a
culpa é do governo, e só do governo.
2. Porém a
estratégia mais eficiente é a estratégia psico-social. Os meios
de comunicação de massas estão encarregados de esvaziar todas
as forças que carregam no bojo as possibilidades reais de mudança
na sociedade. Essas lideranças são periodicamente colocadas nas
manchetes e nos noticiários com o objetivo de mostrar as suas
contradições, seus pontos fracos, suas deficiências reais ou
inventadas (basta elencar alguns episódios, como o de Leme, o
racha da oposição metalúrgica em São Paulo, a questão dos
marajás – que visava sujar a reputação de algumas lideranças
do PT – as campanhas contra o CIMI, a CPT, a CUT, o constante
policiamento sobre a Igreja “progressista”, a campanha difamatória
contra os Direitos Humanos).
3. A crise econômica
brasileira revela-se, hoje, de forma mais dramática ainda, na
questão da dívida externa que provoca uma sangria cada vez maior
numa economia marcada pela desorganização e pela exploração do
trabalho, em benefício do grande capital. Embora já esteja
demonstrado que o Brasil já pagou várias vezes, de diversas
formas, a dívida que o seu povo não contraiu e que o volume da dívida
já chegou a um nível absurdo, tornando-o impagável, o governo
continua amarrado a esquemas que reproduzem o modelo do Fundo
Monetário Internacional (FMI) mesmo que isto não seja feito
formalmente. Somente para o pagamento parcial dos juros da dívida,
o Brasil terá transferido para o exterior, até o final de 1987,
nada menos de 80 milhões de dólares. Este dinheiro significa
mais arrocho salarial, mais fome e mais desemprego para os
trabalhadores brasileiros, na medida em que deixa de ser
aplicado para diminuir a dívida interna que afeta duramente o país.
Ainda no plano
econômico, o poder aquisitivo da população diminui dia após
dia, os preços aumentam também diariamente: sobem os preços dos
alimentos, transportes, remédios, roupas e se torna sempre mais
difícil, senão impossível, sobreviver com o que ganham os
trabalhadores na faixa do salário mínimo. Nesta faixa de até três
salários mínimos, situam-se 80% dos brasileiros incluídos na
população economicamente ativa. Segundo dados do IBGE, 42% dos
assalariados brasileiros recebem menos de um salário mínimo,
hoje em torno de 4.500 cruzados.
4. Para
compreender o agravamento da crise política, é preciso, antes de
tudo, considerar o caráter da transição do regime militar para
o regime civil através da chamada “Nova República”. Ao contrário
do que é apregoado pelo governo e pelos partidos que o apoiam, o
que ocorreu, de fato, foi uma transação política, de cúpula,
mantendo os privilégios tanto das elites civis, quanto das elites
militares dominantes. A etapa política que o país vive hoje
representa mais um momento na transição sob controle das classes
dominantes, iniciada no governo Geisel — com a “distencão
lenta e gradual” – e completada no governo Figueiredo, quando
foram feitos os acordos para a passagem do regime militar para o
regime civil, sob tutela militar. Uma fatalidade – a morte de
Tancredo Neves – fez com que subisse à Presidência da República
o ex-presidente do PDS, partido de apoio à ditadura militar, José
Sarney.
5. Na busca do
consenso da opinião pública, a chamada “Nova República”
definiu pelo menos cinco grandes projetos de impacto, na tentativa
de se consolidar como exemplo de “transição pacífica” da
ditadura para a “democracia”. Estes projetos foram: 1 . A
reforma agrária, criando-se, para isto, o Ministério da Reforma
e Desenvolvimento Agrário (MIRAD); 2. Uma política de
enfrentamento com o Fundo Monetário Internacional (FMI); 3. A
realização de uma Assembléia Nacional Constituinte livre e
soberana; 4. O restabelecimento de relações diplomáticas com
Cuba, satisfazendo aos reclamos dos setores progressistas do país;
5. A legalização dos Partidos Comunistas.
Nenhum desses
projetos da “Nova República” vem sendo realizado de acordo
com as promessas.
6. A reforma agrária
do governo é uma mentira. O presidente José Sarney prometeu, em
10 de outubro de 1985, o assentamento de 1 milhão e 400 mil famílias
em quatro anos, com a quota de 250 mil no primeiro ano. Nem 10%
deste total do primeiro ano foram assentadas. Quando o ministro
Marcos Freire assumiu o MIRAD, disse que era preciso
“realismo” e que o governo decidira reduzir as metas em 70%,
restando somente 30% das metas oficiais a serem concretizadas.
Estes 30% a serem efetivados em 1987, até hoje também não saíram
do papel. Calcula-se hoje a existência de 10 a 12 milhões de
trabalhadores rurais (famílias) sem terra no país. Na “Nova
República”, ao contrário das promessas oficiais, só aumentou
a violência contra lavradores, registrando-se cerca de 600
lavradores assassinados em cerca de dois anos e meio. Ao mesmo
tempo, aumentou terrivelmente a repressão policial contra os
lavradores, sobretudo nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e
Sul do país.
7 Ao contrário
das promessas, o governo não concretizou o enfrentamento com a
política recessiva do FMI. Na verdade, vem implementando-a através
da adoção de medidas que afetam e reduzem o poder aquisitivo dos
trabalhadores, traduzindo-se em aumentos abusivos de preços e
impostos, sem que sejam afetados os interesses dos banqueiros,
dos especuladores, dos marajás e outros especuladores. Depois
de ter declarado uma falsa moratória — resultante da falta de
dinheiro em caixa e não de um ato de soberania —, o governo
rende-se, cada vez mais, às estratégias do FMI e dos grandes
grupos econômicos transnacionais.
8. Do mesmo modo,
não se realizou a Assembléia Nacional Constituinte exclusiva,
livre e soberana. O Congresso Constituinte, realizado em seu
lugar, tem hegemonia conservadora – como demonstram as manobras
do chamado “Centrão” – e revela as suas contradições de
forma particularmente grave, neste momento, deixando no
esquecimento ou em plano secundário as demandas da grande maioria
da sociedade brasileira, traduzidas em emendas populares. Mesmo
assim, a campanha para as emendas populares teve aspectos
positivos ao aproximar o povo da realidade político-parlamentar e
ao favorecer a sua organização.
9. As relações
diplomáticas com Cuba foram restabelecidas, mas na verdade têm
sido marcadas pelo clima de desconfiança, por parte do Brasil, já
que o embaixador e os diplomatas cubanos, em Brasília, vivem
praticamente como prisioneiros, tendo que pedir licença ao
governo, sempre que necessitam deslocar-se pelo país. Da mesma
forma, as relações com Cuba ainda não se traduziram, até
agora, em intercâmbio comercial que beneficie as duas partes.
10. Quanto à
legalização dos Partidos Comunistas, não significou,
efetivamente, um sinal de democratização efetiva da ordem política
brasileira. As leis de exceção continuam em vigor e o sistema
repressivo, de cerceamento ideológico da cidadania, continua
incólume, como uma espada permanentemente levantada sobre as cabeças
dos brasileiros, o Brasil tem uma das maiores máquinas
repressivas de todo o mundo. A registrar, ainda, que, até hoje,
nenhum agente policial e militar torturador foi ouvido e a situação
dos presos políticos desaparecidos continua no mais absoluto mistério.
A própria
anistia para militares atingidos pela ditadura militar foi
recentemente negada pela maioria da Comissão de Sistematização,
unindo interesses que vão do PMDB ao PDS e ao PFL.
11. Mergulhada
nas suas contradições, mas – sobretudo – desejosa de manter
a sua hegemonia, custe o que custar, a “Nova República”
(leia-se elites civis e militares dominantes) já articula a sua
permanência no governo nas eleições presidenciais diretas,
previstas para 1988, somando forças em torno de candidaturas
populistas, comprometidas com a manutenção de todos os privilégios
das classes dominantes.
12. Outro fenômeno
conjuntural da maior importância é a articulação da direita
urbana e rural, unida em torno da bandeira da “livre
iniciativa”. No campo, a hegemonia dessa frente de direita
(reeditando, em grande escala, os tempos de 1963) é a UDR (União
Democrática Ruralista). Nas cidades, juntam-se a UDU (União
Democrática Urbana), a ACRN (Ação Cívica de Recuperação
Nacional), as Federações do Comércio, as Federações das Indústrias,
o Rearmamento Moral, a TFP, setores da CGT, a USI, o POS, PFL,
PTB, PL e outros partidos de direita, além da Frente Ampla da
Livre Iniciativa e o Pensamento Nacional das Bases Empresariais.
Esta grande e poderosa articulação consolida seus braços político-parlamentar,
de imprensa, militar (através da ABDO-Associação Brasileira de
Defesa da Democracia), religioso (favorecendo grupos
espiritualistas e seitas) e sindical, criando as bases para apoiar
projetos ditatoriais e antipopulares. Somente no Congresso
Constituinte, essa articulação está investindo em torno de 35
milhões de dólares, segundo notícias dos jornais.
13. A crise
brasileira revela-se, também, de forma gravíssima, no plano
social. Cada ano, segundo dados do próprio governo, são jogadas
nas ruas dois milhões de crianças abandonadas. O déficit
habitacional é crescente. As doenças estendem-se por todo o país,
afetando principalmente os mais pobres que não podem comprar os
remédios cada vez mais caros. Avolumam-se o desemprego e o
subemprego. Agravam-se os índices de violência urbana e a
repressão policial contra os trabalhadores.
14. Neste campo
da repressão, a tortura – que também atingiu setores médios
durante a ditadura militar – continua sendo amplamente empregada
nas delegacias e outras repartições policiais, sem que sejam
tomadas medidas punitivas.
15. O sistema
carcerário está, também, cada vez mais canceroso, com a
superlotação dos presídios, a corrupção e a impossibilidade
de espaços mínimos para a recuperação dos presidiários.
16. No campo dos
direitos humanos, superpõem-se, no Brasil deste final de 1987,
duas realidades: de um lado, a violação sistemática dos
direitos humanos, principalmente os direitos sociais básicos e os
direitos individuais, afetando, sobretudo, os empobrecidos e os
marginalizados; de outro, como elemento positivo, avança a
organização do povo nas entidades de direitos humanos, cada vez
mais articuladas e também preocupadas com a formação nessa área.
1 7. A destacar,
necessariamente, nessa análise, a violação dos direitos humanos
dos indígenas, vítimas, este ano, não somente da exploração
secular a que são submetidos desde a conquista, como também de
uma campanha de mentiras, veiculadas pela grande imprensa, a serviço
dos grandes grupos econômicos brasileiros e transnacionais,
atingindo também as igrejas e as entidades comprometidas com os
povos indígenas.
II
– A reação popular e suas dificuldades
A reação
popular é antes de tudo uma reação que se manifesta num sentido
generalizado de descontentamento, de pessimismo, de desesperança.
Numa idéia cada vez mais constante de que não há saída. Numa
revolta muito confusa que não sabe dizer contra o que ou contra
quem é preciso revoltar.
Os grupos
conscientes, partidos de oposição, sindicatos autênticos, lideranças,
movimentos e entidades de base estão vivendo uma fase de retração
e não estão sabendo lidar com a situação. Estão sendo
envolvidos pelas estratégias que descrevemos. Não estão
percebendo que a chamada República de Transição inaugurou a
volta de algumas liberdades civis mas em troca agravou outras
formas de repressão. Deu ao povo um certo direito de se reunir,
de votar e até chiar, mas ao mesmo tempo vem tirando as
possibilidades concretas de se reunir e participar. Obrigando o
trabalhador a um ritmo de vida infernal na luta pela sobrevivência.
Assim o trabalhador não tem as mínimas condições de parar
para pensar c se organizar. E quando o sujeito tem alguma folga, a
TV alienada, o futebol, o boteco, as excursões baratas de fim de
semana (para quem pode) se encarregam de ocupar o tempo livre. ~
preciso inventar maneiras de lidar com essa nova realidade.
A Igreja (as
Igrejas) vivem também um momento de dificuldades. A impressão é
que também não estão sabendo lidar com essa conjuntura. Uma
forte pressão externa e interna da linha conservadora tem
esfriado o entusiasmo que a Igreja manifestava durante o período
de repressão e de ditadura. O conservadorismo externo conseguiu
notáveis vitórias no Brasil, conquistando pontos chaves com a
nomeação de bispos moderados e até retrógrados para ocupar
dioceses importantes. As bases engajadas têm perdido o apoio em
muitos lugares e não estão sabendo lidar com essa nova
realidade. Algumas campanhas oficiais da CNBB (sobre o menor,
sobre saúde, higiene e nutrição) talvez devam merecer um
questionamento crítico, não para desmerecê-las mas para ajudá-las
a se revestir cada vez mais de um caráter abrangente, que toca as
raízes dos fatos.
O Movimento
Popular só tem conseguido sucesso em áreas restritas de
reivindicações imediatas, sobretudo na questão da terra e da
moradia. Nas áreas de saúde, transporte, saneamento, educação,
a impressão é que os movimentos estão enfrentando enormes obstáculos
para se organizar e lutar.
No que tange a
questão carcerária e a violência policial, pequenos grupos têm
levado à frente bandeiras importantes de luta. Mas são uma gota
d’água contra uma enorme corrente reacionária, a qual, de
posse dos meios de comunicação, abafa todas as tentativas de
conscientização e de enfrentamento. Os episódios de Presidente
Venceslau e da Penitenciária de São Paulo, só para citar dois
entre os inúmeros, praticamente já se apagaram da memória do
povo e resultaram numa absoluta impunidade dos culpados. Manipulação
dos fatos, a impunidade e destruição da memória é a tática
que se repete em cada episódio. Quais os meios para reverter essa
situação?
Já ressaltamos
que lideranças realmente capazes de levar adiante a transformação
da sociedade são alvo constante da estratégia psico-social
denigratória. dM1, CPT, CUT, PT, Movimentos de Direitos Humanos
compõem a lista negra daqueles que não querem o avanço da
sociedade. Como estão todos no mesmo barco, por que não param
para pensar em conjunto uma estratégia comum de luta contra essa
maré? Por que não param para indagar a fundo as razões que
levam os Midia a apresentá-las como entidades estranhas,
baderneiras, antipovo, panelinhas de interesses, etc. Se por trás
dessas campanhas que periodicamente se repetem na Midia está o
grande objetivo de abrir um vale intransponível e de separar as
lideranças de massas, mediante o descrédito, a desconfiança e o
repúdio, se por trás está o interesse de abrir o terreno para o
populismo, que retorna como o grande instrumento de manobra
eleitoreira e de manipulação do povo, por que não articular
esforços entre essas entidades para uma estratégia comum de luta
contra essa situação? Será que as nossas lideranças estão
conscientes da jogada política que se esconde sob essas campanhas
difamatórias? Será que ingenuamente não se prestam a esse
jogo, quando se afastam das bases e comprometem o próprio tempo
em trabalhos e manobras de cúpula que servem para distanciá-las
ainda mais das bases, deixando o campo livre para a infiltração
do descrédito e até do repúdio?
III
— O movimento nacional de defesa
dos
direitos humanos e suas perspectivas
1. O MNDDH,
apesar de ter conquistado estruturação em quase todos os Estados
do pais, não conseguiu intervir de forma consequente na sociedade
brasileira. O movimento, do ponto de vista prático, ainda é
embrionário. A criação da Comissão Nacional, no último
Encontro (Olinda), não criou um fato político marcante, que
fizesse avançar nossa luta. Isto não e falha da Comissão, mas
um problema que diz respeito ao conjunto do próprio movimento.
2. A questão da
legalização ou não do MNDDH, entendemos não ser a questão
mais importante hoje. Não é isto que irá definir nosso avanço
ou nossa paralisia, o importante é termos uma política que nos
leve a legitimidade do movimento, onde extrapole os CDDHs, CJPs, e
atinja a sociedade civil brasileira.
3. Apesar da
contribuição importante do SIN enquanto veículo de denúncia,
informações das violações dos direitos humanos, este serviço
já não é suficiente para os desafios que a luta nos coloca.
Nosso serviço de informação, denúncia e articulação tem que
dar um salto de qualidade.
4. Há
necessidade de formação política comum no MNDDH, para evitar o
distanciamento entre as Regionais e promover uma maior articulação.
5. A articulação
e formação, são tarefas difíceis que temos pela frente e dela
dependerá o futuro do MNDDH. A busca de um “perfil ideológico”
é condição de aprofundamento dos rumos e metas.
Diante do exposto
é necessário que o MNDDH tenha claro o rumo para onde caminhar,
numa visão de futuro. Para os militantes de Direitos Humanos, o
ponto futuro onde queremos chegar é o direito fundamental que tem
o povo oprimido de conquistar uma sociedade de iguais, na qual
todos tenham a possibilidade real de satisfazer as necessidades
fundamentais do ser humano.
Isso só será
possível numa sociedade sem classes, sem dominação, na qual será
eliminada a raiz da desigualdade que é a apropriação privada do
capital.
Nessa sociedade
futura está a libertação que a fé exige. Sem libertação econômica
não há libertação nenhuma. Isso não quer dizer que a libertação
seja apenas econômica.
Libertando o econômico,
liberta-se todo homem e toda sua cultura e se o homem continuar
escravo, será absurdo falar em libertação espiritual e
cultural.
A luz dessa
sociedade nova, deve nortear a luta, as estratégias e as táticas
do MNDDH. O movimento deverá descobrir objetivos capazes de
unificar, a nível nacional, as lutas que os agentes dos Direitos
Humanos realizam em suas regiões, comunidades. Descobrir, propor
e realizar objetivos comuns é nosso desafio.
Nesse sentido,
acreditamos que o MNDDH, deve ter um caráter que contemple o
pluralismo ecumênico, seja suprapartidário, supra-religioso e
tenha um plano de ação prática conjunta.
Papel do
Movimento Nacional de Defesa dos Direitos Humanos: seu papel é e
deverá ser sempre um papel estratégico, isto é, a construção
de uma sociedade alternativa que crie condições para se viver
estruturalmente os direitos humanos. Uma sociedade verdadeiramente
democrática, onde o povo participe do poder/governo para defender
seus próprios interesses e anseios a partir das maiorias
marginalizadas/discriminadas. Isto é bem diferente de uma
democracia burguesa e excludente, onde o povo participa apenas na
hora de votar e onde a minoria dos que participam do poder em nome
do povo na verdade defendem os seus interesses pessoais e/ou
interesses de minorias possuidoras de todos os direitos. Uma
sociedade construída sobre um sistema onde o fruto do trabalho
dos que produzem seja partilhado com justiça por todos aqueles
que participam do processo de produção. Isto é bem diferente de
um sistema onde o fruto do trabalho de uma maioria é apropriado
por uma minoria. Uma sociedade realmente pluralista que respeite e
ofereça espaço para distintas tradições culturais e para
diferentes manifestações de fé tendo como critério fundamental
para essa convivência igualitária tudo aquilo que ajuda à
humanização de seus membros (caráter pessoal) e que favorece
às relações sociais para concreta comunhão – caráter
social.
O contrário de
uma suposta igualdade onde cultura e fé são impostas a partir de
setores dominantes que se acreditam superiores, possuidores da
verdade e capacitados para determinar o que é certo e errado, o
que é bem e mal, o que é verdadeiro e falso, sempre a partir de
seus interesses particulares ou de sua visão parcial.
Nesse sentido o
papel estratégico permanente do MNDDH é ser parte de um processo
de construção dessa sociedade através do apoio e fortalecimento
de um projeto político participativo e popular. Por isso seu
papel implica profunda vinculação às lutas populares,
fortalecimento das organizações populares em sua autonomia e
permanente análise crítica da conjuntura econômico-político-ideológica
(cultural) a partir dos marginalizados.
Função do
MNDDH: tendo em vista seu papel estratégico, o MNDDH pode
desempenhar várias e diferentes funções tanto no que se refere
ao Movimento como um todo como no que se refere aos regionais e
grupos locais. Aqui cabe sempre partir da realidade e priorizar o
fortalecimento do poder popular e/ou do poder dos
marginalizados/discriminados.
Atento às forças
da conjuntura e com clareza do seu papel, o MNDDH procura dar
respostas imediatas que ajudam avançar as lutas populares. Para
isso tendo lucidez de adequar sua prática ao que melhor contribua
para reverter o quadro estabelecido.
Nesse sentido
reafirmamos a validade das lutas prioritárias do MNDDH na defesa
do direito à terra (rural e urbana), ao trabalho e no combate à
violência e suas causas geradoras, enfatizando a reflexão sobre
seu conceito.
Na conjuntura política
atual incluímos a pressão e a cobrança da Constituinte e
posterior acompanhamento da Constituição, aproveitando esse
momento histórico para o aprofundamento da consciência crítica
política e consequente fortalecimento da luta do movimento
popular.
MOÇÕES
APRESENTADAS NO V ENCONTRO DO MNDDH
MOÇÃO
DA FASIC DO CHILE
Desde a convicção
e a evidência dos métodos repressivos que se originam
basicamente da “doutrina de segurança nacional” (continental)
e que esta unifica formas repressivas e treina novas formas,
atualizando suas respostas à ação de mobilização popular,
propomos:
- que cada vez
mais busquemos, como povos latino-americanos, estratégias
comuns e articuladas que nos permitam ser mais eficientes na
defesa dos direitos humanos;
- que articulemos
a criação de uma Coordenadoria latino-americana de defesa dos
direitos humanos, que se reuna regularmente 2 a 4 vezes por ano.
Este encontro tem
sido, para nós, uma recuperação de uma prática democrática,
com representação real de agentes intelectuais e do povo
trabalhando como agentes de base. Gostamos desta prática e
desejamos seguir participando dela.
“Desejamos que
o MNDDH seja cada vez mais forte e que possamos implementar uma
frente ampla, continental, realmente ecumênica, na qual caibam
tanto cristãos, quanto leigos e marxistas. Todos empenhados na
defesa dos Direitos Humanos”.
Agradecemos.
Fundación
de Ayuda Social de Yglesias Cristianas (FASIC).
MOÇÃO
DE APOIO AOS GARIMPEIROS DE SERRA PELADA
Tendo em vista os
trágicos acontecimentos ocorridos durante a manifestação dos
garimpeiros, que exigiam de parte do governo federal obras que
viabilizassem a continuação dos trabalhos, e que foi
violentamente reprimida pela polícia militar, com um saldo de
dezenas de mortes, inclusive de mulher grávida, o V Encontro
Nacional de D. H. considera:
1 - O agravamento
de situação em serra pelada decorre da postura do governo
federal em relação aos minérios, marcadamente no sentido de
favorecer as grandes empresas mineradoras nacionais e
multinacionais, desconhecendo o direito dos garimpeiros que vivem
unicamente dessa atividade.
2 - Decorre também
da espoliação, programada e incentivada pelo governo federal, da
região amazônica, cujas riquezas naturais estão sendo
exploradas de forma criminosa, não realizando-se nenhum benefício
concreto.
3 - A violência
empregada para reprimir a manifestação dos garimpeiros foi
autorizada e incentivada pelo governador paraense “Hélio
Gueiros” e pelo ministro da justiça “Paulo Brossard” cujas
posturas têm sido, sem dúvida, de caráter fascista e
entreguista.
4 - A polícia
militar do Pará tem se caracterizado como o braço armado do
latifúndio e das empresas mineradoras e pela violência indiscriminada
aos necessitados, num franco desrespeito aos direitos humanos.
Nesse sentido, o
V Encontro Nac. de D. Humanos repudia veementemente a postura
dos governos estaduais e federais frente aos problemas de Serra
Pelada, exigindo a punição dos responsáveis pela chacina, inclusive
o governador Hélio Gueiros e o ministro Paulo Brossard, solidarizando-se
com as lutas dos garimpeiros bem como com as de todo o povo
oprimido e espoliado da região amazônica.
Comissão
executiva do Encontro
MOÇÃO
DE REPÚDIO
O grupo de União
e Consciência Negra a nível nacional, presente no V Encontro do
Movimento Nacional de Defesa dos Direitos Humanos, vem repudiar as
iniciativas do governo brasileiro para comemorar com uma grande
festa nacional o grande absurdo chamado “Centenário da Abolição”.
A comunidade negra e todas as entidades de resistência popular
devem se posicionar totalmente contra qualquer tipo de festividade
que venha com intenção de comemorar tamanha mentira.
O IBGE em sua última
pesquisa afirma que a população brasileira atualmente conta
apenas com 5% de negros. Este infame sistema, com sua política de
embranquecimento, acha que pode mudar o curso da nossa história,
nos qualificando como um bando de pardos inexpressivos. Na
verdade, se em nossa pele já não tem tanto brilho da cor negra,
em nossas veias continua fervendo o sangue quilombola que nos
fortalece na luta pela libertação do povo brasileiro.
- Pela maior
agilidade da discussão nas entidades de base sobre os problemas
na África do Sul.
- Pela luta
permanente contra o racismo no Brasil.
GRUPO
DE UNIÃO E CONSCIÊNCIA NEGRA NACIONAL
MOÇÃO
CONTRA OS 100 ANOS DE FALSA ABOLIÇÃO
Passados 100 anos
do engodo a que foi submetido o povo negro, chamado de “Abolição
da Escravatura”, percebe-se hoje, mais que nunca, que os
senhores de escravos apenas reinventaram seus métodos,
continuando hoje a discriminar e escravizar nossa raça.
Diante de tal
situação, o Movimento Negro juntamente com o MNDDI-1. no V
Encontro, vem denunciar e repudiar a falsa libertação e negar a
comemoração deste falso centenário da abolição.
Denunciamos ainda
a falta de compromisso da Igreja para com os negros, assim como
outras entidades, que se dizem democráticas e revolucionárias.
É mister que a
sociedade brasileira esteja atenta à amplitude da discriminação
racial neste país.
Ao abordarmos a
questão do menor abandonado, a maioria é negra. A estatística
do analfabetismo no Brasil vai demonstrar a maior incidência de
negros.
O trabalho
escravo do passado e do presente também incide na predominância
de negros.
A população
[avelada é composta por maior número de negros. E na própria
Igreja o negro continua alijado do seu direito de participação,
embora hoje uma ala da Igreja acene para a luta do negro.
Por tudo isso,
convocamos a todos aqui presentes, que, juntos com o Movimento
Negro, assumam o compromisso de denunciar esta mentira da abolição
e caminhar realmente para a conquista de uma sociedade de iguais,
onde o negro tenha seu espaço, voz e vez garantidos.
Ass.
O Movimento Negro aqui representado e outras entidades.
MOÇÃO
DE APOIO AOS POVOS INDÍGENAS
Considerando a
implantação do Projeto Calha Norte na Amazônia, abrindo mais
espaço para que os grandes grupos econômicos brasileiros e transnacionais
se apropriem das riquezas existentes nos territórios indígenas,
além do consequente extermínio desses povos;
Considerando que
estão sendo implementadas as primeiras Colônias Indígenas na
Amazônia, descaracterizando culturalmente os povos indígenas e
levando à integração compulsória deles com os invasores;
Considerando a
continuidade da campanha de difamação, orquestrada pelo grande
capital, pelo Conselho de Segurança Nacional e pela Funai, através
da grande imprensa contra os índios e contra entidades
indigenistas, especialmente o CIMl (Conselho Indigenista Missionário);
Considerando a
sistemática expulsão de missionários comprometidos com a causa
indígena dos territórios desses povos e a proibição de entrada
de agentes pastorais nessas mesmas áreas.
As entidades de
Defesa dos Direitos Humanos do Brasil e da América Latina,
presentes ao V Encontro Nacional dos Direitos Humanos, em Goiânia
(GO), de 27 a 31/01/88, vimos:
1 - reafirmar o
nosso compromisso com os direitos permanentes da causa indígena,
tais como a sua autodeterminação e afirmação física e
cultural dos povos indígenas sobreviventes ao massacre iniciado
desde a conquista;
2 - repudiar a
campanha de mentiras contra esses povos e seus aliados;
3 -
comprometermo-nos em incluir a questão indígena como uma de
nossas principais preocupações na área dos direitos humanos.
Comissão
executiva do Encontro
CARTA
ABERTA DO MNDDH
El
Movimiento Nacional, reunido en su V encuentro nacional los dias
27 ai 31 de enero, en la ciudad de Goiânia, Brasil, manifiesta la
imperiosa necesidad de resolver rápidamente la angustiosa
situación de los niños argentinos secuestrados, hijos de
detenidos desaparecidos cuyos raptores se encuentran prófugos en
Paraguay.
Exigimos,
entonces, aí gobierno Paraguayo que otorgue la inmediata
extradicción de los mismos solicitada por la Justicia Argentina.
Comissão
executiva do Encontro
MOCION
DE SOLIDARIDAD
El
Movimiento Nacional de Derechos Humanos reunido en su V Encuentro
Nacional, en la Ciudad de Goiânia, Brasil, entre los dias 27 ai
31 de enero, manifiesta su solidaridad y apoya a la consolidacion
de la democracia elegida directamente por el pueblo Argentino en
1983 y repudia los intentos golpistas de sectores militares y
civiles, antidemocrático y reaccionários.
Asimismo
manifestamos nuestra preocupación por la falta de respuesta al
drama de los 30.000 compañeros deternidos, desaparecidos y a la
perigrosa impunidade de que gozan sus ejecutores. Tampoco
visualizamos interes por resolver y localizar a los niños
secuestrados.
Señalamos
también la necesidad de una pronta resolución con relación a
los “presos políticos” que ei gobierno argentino sigue
manteniendo como rehenes en las cárceles argentinas.
Notamos
con preocupación el no desmantelamiento dei aparato represivo que
operó durante Ia dictadura militar y que hoy se manifiesta a
traves de la violencia policial y la prepotencia militar.
Para
finalizar manifestamos nuestro apoyo aí pueblo argentino en su
camino hacia la liberación.
Comissão
executiva do Encontro
MOÇÃO
AO GOVERNO DE EL SALVADOR
O movimento
nacional de defesa dos direitos humanos-MNDDH, reunido em Goiânia-GO
— Brasil, nos dias 27 a 31 de janeiro de 1988, por ocasião de
seu V Encontro Nacional, vem de público responsabilizar o governo
títere José Napoleón Duarte de El Salvador, pelo assassinato do
companheiro I-IERBERT ANAYA, presidente da Comissão Nacional de
Direitos Humanos, não governamental, de El Salvador.
Tal governo tem
matado não somente os lideres das entidades democrático-revolucionárias,
como também a todo povo salvadorenho, as custas dos milhões de dólares
despejados em El Salvador, pelo imperialismo Yankee, patrocinando,
assim, a guerra contra aquele povo irmão.
O MNDDH exige que
os culpados pelo assassinato do companheiro Anaya sejam punidos e
ao mesmo tempo se solidariza com o povo salvadorenho, através
da Frente Farabundo Marti para a libertação Nacional (EM LN) e
Frente Democrática Revolucionária (FDR), para que possamos
derrubar o imperialismo americano e seus comparsas e construir, em
toda a América e Caribe, governos populares para a felicidade do
povo.
MOÇÃO
DE APOIO AO MOVIMENTO DOS SEM TERRA URBANO
O V Encontro
Nacional de Direitos Humanos, realizado em Goiânia, de 27 a 31 de
janeiro de 1988, em função dos relatos dos companheiros
envolvidos com a questão da moradia e posse da terra urbana e:
CONSIDERANDO que
o Governo Quércia tem-se mostrado extremamente repressor e
inibidor das reais necessidades da população;
CONSIDERANDO que
o Movimento dos Sem Terra, na região da Grande São Paulo, tem, há
vários meses, buscado a negociação como meio de se obter a
posse da terra, daqueles que são expulsos de suas casas cm
virtude de uma equivocada política econômica;
CONSIDERANDO que,
infrutíferas as negociações, não resta outra solução a
este movimento senão a organização de seus mais de 50 mil cadastrados
para o fim de ocuparem os terrenos urbanos, que, só na Capital do
Estado, somam 60%, resolve:
a) apoiar a
iniciativa do Movimento dos Sem Terra urbano, no sentido de ocupar
os vazios urbanos como única forma de ver resolvida a questão da
moradia no Estado de São Paulo;
b) repudiar a
atuação da polícia do governo do Estado, que mais uma vez
desrespeita os trabalhadores usando de extrema violência nas
desocupações, mesmo sem ordem judicial;
c) repudiar a
atuação da Secretaria da Habitação do Estado, que além de
lograr a população com falsos cadastramentos, que não levam a
qualquer lugar, negocia com os proprietários das áreas, no
sentido de desocupá-las da forma mais violenta possível;
d) repudiar a
atuação do Poder Judiciário, que mais uma vez coloca-se como
aliado do grande capital, optando pela fácil saída de “cumprir
a lei”, em detrimento do natural direito da população em ter
sua moradia.
Comissão
executiva do Encontro
NOTA
DE PROTESTO AO PRESIDENTE DA COLÔMBIA
Las
entidades abajo firmantes, reunidas en el V Encuentro nacional de
derechos humanos en Goiânia (Brasil), enterados de la situación
de conflicto que vive nuestra patria hermana Colombia, plasmada
en permanente violación de los derechos humanos, con el asesinato
de estudiantes, intelectualies, sindicalistas, professores
universitanos, líderes políticos, campesinos, indígenas,
artistas, por parte de escuadrones de Ia muerte y la elaboración
de “listas negras” de amenazados a muerte.
Informados
también de que ante toda esta avalancha de asesinatos y
desapariciones no existe ninguna punición a los culpables,
exigimos eI gobierno colombiano:
-
El desesmascaramiento y punición de los grupos paramilitares. La
aparición vivos de los detenidos - desaparecidos.
Garaidizar
aí pueblo colombiano el mínimo derecho que tiene cualquier
pueblo, como es el derecho a la vida.
Rechazamos
ei lenguaje confuso con ei que el gobierno colombiano se refiere a
los grupos guerrilleros unificados en la “coordinadora
guerrillera Simón Bolivar” tratando de harcelos aparecer ante
la opinión pública internacional como delincuentes comunes y
narcotraficantes.
Apoyamos
la lucha por el derecho a la vida que lleva a cabo en este momento
el pueblo colombiano por medio de sus organizaciones populares.
Apoyamos
la campanã internacional “1988 Ano Internacional por el derecho
a la vida en Colombia”.
C.C.:
Sr. Presidente
Virgilio
Barco Vargas
Palacio
de Nariño - Bogotá
Comitê
de CDDHs (139 Entidades participantes do V Encontro).
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