História
dos Direitos Humanos no Brasil
Encontros
Nacionais do MNDH
Movimento
Nacional de Direitos Humanos
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1982
I
Encontro Nacional de Direitos Humanos do
MNDH
1982 , Petrópolis-RJ
RIO BRANCO – ACRE
Centro
de Defesa dos Direitos Humanos
1.
Campo de atuação – Problemas
de terra, moradia, família, trabalho,
situação dos estrangeiros,
índios, despejos, desapropriações,
indenizações – Acompanhamento
e encaminhamento jurídico.
—
Educação política nas
Comunidades através de reuniões
mensais...
—
Colaboração com o Boletim
“Nós Irmãos” da
Prelazia.
—
Colaboração com outras entidades:
Movimento de Defesa da Amazônia;
Associações, Sindicatos, CIMI
etc.
2.
Um caso concreto: MORADORES DE RIO BRANCO
RESISTEM SEIS DIAS CONTRA AÇÃO
DE DESPEJO.
O
problema da terra é o que mais está
castigando milhares de famílias
na cidade e no campo, aqui no Acre. Traz
insegurança. Provoca conflitos,
expulsões e despejos. I~ o responsável
pela inchação das periferias
das cidades, é a causa das invasões
de terrenos urbanos.
É
o caso do TRIÂNGULO-NOVO, em Rio Branco.
Área alagadiça, abandonada,
onde a população viu
que podia ficar pelo menos no verão.
Assim fala uma moradora:
“Tudo
começou pela abertura de vendas das
terras acreanas no governo de Wanderíei
Dantas e os seringueiros continuaram sem
ter atenção justa por nenhum
outro governo. Antes vivíamos mal,
mas a partir dai a situação
foi piorando cada vez mais. Podemos dizer
que hoje estamos na miséria. Somos
marginalizados, não sabemos trabalhar
na ‘cidade e nem há trabalho,
com muitos filhos pra criar”.
Pelo
ano de 1977, a área do Triângulo-Novo
foi limpa, construídas casas muito
pobres, com refugos de madeira, cercadas
de papelão ou de lençóis.
Depois
que as famílias, com seu próprio
esforço, beneficiaram a área,
aquele que se diz proprietário levou
o caso para a justiça e foi dada
a ordem de despejo. Para onde ir? como sair?
A única saída foi resistir
diante da polícia fortemente armada
e das máquinas que estavam prontas
para derrubar as casas.
Foi
organizada a comissão do bairro para
fazer ruas, melhorar a área e conquistar
seus direitos. A resposta das autoridades
foi que nada podiam fazer e que os moradores
deviam se arranjar por conta própria.
Em
fevereiro de 1981 o despejo foi suspenso,
a sentença foi anulada. 11 o que
conta essa música do Monteirinho,
sanfoneiro, morador do Triângulo Novo.
O
DESPEJO
De
(Monteirinho)
Nesta
cidade o povo, sabe o que aconteceu
No
bairro Triângulo-Novo, um despejo
comoveu.
Mas
gorou dentro do ôvo pois o povo não
correu,
O
tratorista e a PM foi quem desapareceu
o
dono deu um ataque, quase ainda que morreu.
Grande
foi naquele dia, a tristeza e aflição
uns choravam e outros sorriam,
mas
todos em união.
Uma
criança morria dentro de um cacimbão
Lá
mulher teve aborto, mas a luta não
parou,
e
eu duvidava quem derrubava
as
casas com trator.
Foi
marcado o julgamento,
para
o mês de fevereiro,
o
povo embora pobre, mas todos compareceram
advogado
Arquilau, com o povo amigo seu,
mas
a quem nós esperava logo um dente
lhe doeu,
e
a buchexa ficou grande,
e
o homem não apareceu.
Diante
de tanta demora, foi tanta perseguição,
foi
fumbesa e puxa-saco atentando a comissão,
na
TV, Jornal e rádio nos faziam acusação,
até
ônibus lá puseram a nossa disposição,
pra
nós por no Quinari, mais não
houve jeito não.
Dizoito
de fevereiro, a coisa já melhorou,
o
salão ficou lotado, tanta gente que
chegou,
nas
janelas e pelos lados até pelo corredor,
terminou,
mas não soubemos
a
linguagem do doutor,
sem
saber dos três a zero
3
x O foi que Arquilau falou.
Explodiu-se
animação, em toda gente que
tinha,
cantavam,
batiam palmas, fizeram até festinha,
foi
fogos, abraços e beijos,
talvez
bolos e até galinha.
A
união nos fez a força, a Igreja
é nossa amiga
Centro
dos Direitos Humanos
que
a todos apazigua.
Damos
nossa gratidão, a toda estas gente
amiga.
.
. .
Mas
a população continuou insegura
e cerca de 500 famílias, abrangendo
2.500 pessoas, voltaram a sofrer ação
judicial de despejo, no julgamento do dia
9 de dezembro de 1981, foi decidida a ação
de despejo, que prolongou-se de 11 a 15
de dezembro, sem que tivesse sido providenciado
um local de moradia para estas famílias.
A
policia militar e policia federal invadiram
a área; foi uma repressão
muito forte, muitas pessoas espancadas.
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