História
dos Direitos Humanos no Brasil
Encontros
Nacionais do MNDH
Movimento
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1982
I
Encontro Nacional de Direitos Humanos do
MNDH
1982 , Petrópolis-RJ
PORTO ALEGRE — RIO GRANDE
DO SUL
Movimento
de Justiça e Direitos Humanos
1.
Origem
O
Movimento de Justiça e Direitos Humanos
nasceu das reflexões de um grupo
que se reunia para estudo e debate de seu
compromisso cristão. Ao deparar-se
com situações concretas de
violação dos Direitos
Humanos, decidiu esse grupo organizar-se
para a ação. Eram refugiados
políticos, cheios de angústia
e aflição que procuravam socorro;
eram pessoas da periferia da sociedade
de Porto Alegre, com familiares presos «para
averiguações...»; eram
queixas de arbitrariedades, incluindo
a tortura, notadamente contra os pobres.
Estes
e outros fatos levaram o grupo a questionar-se
acerca de seu agir frente ás interpolações
da fé e ás advertências
do Magistério da Igreja. Continuar
indiferente ante à injustiça
instalada e consentida seria trair
a mensagem e esconder o Evangelho.
Acresce que não funcionava,
no Estado, uma Comissão de Justiça
e Paz operante.
O grupo foi recebendo sempre novas adesões
e decidiu realizar um Seminário de
Justiça e Direitos Humanos para,
após a feitura de um plano de ação
exeqüível, com objetivos definidos,
for— mar o Movimento, a 25 de fevereiro
de 1979.
2.
Os objetivos
Realizado
o Seminário, os presentes decidiram,
em assembléia geral, a criação
do Movimento, sendo elaborados os Estatutos
da Entidade, dos quais constam os objetivos:
a)
Atuar como órgão de promoção
e defesa da Pessoa Humana em todas as dimensões
(...).
b)
Encaminhar aos poderes e órgãos
do Estado e às autoridades religiosas
as recomendações e proposições
que se entenderam oportunas e convenientes
para consecução de seus objetivos;
c)
Estabelecer as bases de uma estreita colaboração
quer com as Comissões de Justiça
e Paz, quer com as Instituições
e Organismos interessados nos mesmos
objetivos;
d)
Denunciar tudo o que pode lesar a Justiça
e os Direitos Humanos, especialmente a «exploração
do Homem pelo Homem, do Homem pelo Estado,
pelas Instituições e pelos
mecanismos dos sistemas econômicos
e os Regimes que, às vezes,
atuam sem sensibilidade» (João
Paulo II, 22-02-1979);
e)
Participar no esforço comum de libertação
integral do Homem, particularmente dos oprimidos;
(...).
3.
Principais atividades desenvolvidas
a)
Na área de Refugiados políticos:
O
RS, geograficamente, é uma espécie
de encruzilhada de encontro de inúmeros
refugiados, vindos dos países do
Cone Sul. Assim, o MJDH acolheu número
expressivo de refugiados políticos
de países vizinhos, dos quais foram
tomados depoimentos e, posteriormente, foram
encaminhados a ACNUR — RJ.
—
O MHDH acolheu também as «Madres
de La Plaza de Mayo» gestionando para
que conseguissem uma audiência
com João Paulo II quando esteve em
P.A.;
—
A tomada de depoimentos de familiares de
desaparecidos uruguaios (acerca de 27 adultos)
em outubro de 80 e encaminhamento do relatório
para a Comissão de Direitos Humanos
da ONU
—
Genebra;
—
Denúncia da situação
dos presídios de Punta Riales e Liberdad
(Uruguai);
—
Participação do MJDH no caso
do seqüestro de Lilian Celiberti e
Universindo Diaz por policiais brasileiros
(na sentença do Juiz o MJDH é
citado 5 vezes como prova de testemunha
contra os policiais);
—
Atualmente estão em andamento investigações
constantes sobre o desaparecimento de um
sacerdote argentino (P. Adur);
—
Participação na Campanha por
Flávia Schilling e Flavio Tavares
(presos, a P no Uruguai e o 2~ na Argentina);
—
O MJDH foi um dos deflagradores da Campanha
contra a Lei dos Estrangeiros;
—
Está em andamento a sugestão
para a realização de
uma sessão solene na Assembléia
Legislativa em homenagem ao ACNUR pela
obtenção do prêmio
Nobel da Paz/1981 (até hoje o ACNUR
funciona apenas oficiosamente; com a sessão
solene quer-se que o governo brasileiro
reconheça oficialmente o ACNUR e
passe também a conceder territorial
aos refugiados políticos do Cone
Sul.
b)
Área Rural
O
Movimento de Justiça e Direitos Humanos
desde a sua fundação foi solicitado
a prestar auxílios aos agricultores
que enfrentaram serios conflitos.
Além
de atendimentos imediatos em forma de apoio
às reivindicações dos
colonos, o Movimento realizou uma promoção
conjunta com a CPT e Frente Agrária
Gaúcha (FAG) um simpósio sobre
o êxodo rural — suas causas
e consequêncías.
Ultimamente,
o Movimento vem atuando na luta dos colonos
acampados há um ano, na beira da
estrada em Ronda Alta, reivindicando um
pedaço de terra no Rio Grande
do Sul. Neste trabalho, o Movimento
tem prestado assistência jurídica,
principalmente no que diz respeito à
repressão policial, bem como
se ocupou com o trabalho da Imprensa.
Também
foi elaborado uni trabalho sobre o Estatuto
da Terra, em linguagem popular que foi objeto
de estudo dos colonos para conhecerem
seus direitos.
Ainda
na área rural, estamos acompanhando
os projetos de barragens que provocarão
sérios problemas. Sabe-se que uma
delas vai desalojar 22 mil famílias.
Ao todo são 25 barragens a serem
construídas.
c)
Trabalhos populares: área urbana
Neste
campo, o Movimento vem prestando ampla
assistência jurídica para criação
de associações de bairros.
Ao lado do serviço jurídico
desenvolve-se todo um trabalho de organização
política das associações.
Atuamos
contra a violência policial, notadamente
sofrida pelos mais pobres.
Há
muitas solicitações em casos
de despejos, invasões. Neste sentido,
além do apoio jurídico, nunca
deixamos de denunciar tais fatos na grande
imprensa.
Para
o ano de 1982, temos tinia programação
de cursos para formação de
consciência crítica e formação
de lideranças, impressão de
cadernos sobre direito à moradia
e direito á posse da terra.
Atualmente
fazemos um trabalho de constante acompanhamento
numa invasão da Grande Porto Alegre,
onde desenvolve atividades que visam a organização
e mobilização da população.
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