Feizi
M. Milani
Introdução
Globalizar
a paz
Construir
uma cultura de paz: desafios brasileiros
Violência:
prevenir ou punir ?
Protagonismo
juvenil
Adolescentes
ou aborrecentes?
Conclusão
Referências
bibliográficas
Introdução
A construção de uma Cultura de Paz só é viável na medida
em que cada um de nós avance do estado de quietude
(na acepção de silêncio e paralisia), para o de inquietude
(no sentido de preocupação, movimentação e mobilização). O
primeiro passo
para tal mudança é acreditar que a paz é possível. Ela é um
anseio tão universal e permanente por parte do ser humano,
que só pode ser algo que está ao nosso alcance. Além de anseio,
a paz é uma necessidade – dela depende a sobrevivência da
vida na Terra. A passividade de espectador precisa
dar lugar à atuação decidida e consciente do protagonista,
daquele que assume seu papel na História e desempenha o papel
principal em sua própria vida, ao invés de ser manipulado.
É preciso também compreender que evoluir
da atual cultura de violência para uma cultura baseada na
cooperação, diversidade, justiça e participação é o maior
desafio da humanidade em toda sua História. Ações pontuais
ou desarticuladas, belos discursos ou iniciativas “oba-oba” jamais levarão a tal resultado.
Promover
a Cultura de Paz significa e pressupõe trabalhar de forma
integrada em prol das mudanças ansiadas pela maioria da humanidade
– justiça social, igualdade entre os sexos, eliminação do
racismo, tolerância religiosa, respeito aos direitos humanos,
equilíbrio ecológico, participação democrática e liberdade
política. A cultura de paz é o elo que interliga e abrange
todos esses ideais num único processo de transformação
social e pessoal. Essas mudanças precisam ser incorporadas
e vivenciadas por indivíduos, famílias, escolas, mídia, comunidades,
instituições públicas e privadas, organismos sociais, religiões
e governos.
O
presente texto oferece algumas reflexões que talvez ajudem
o leitor a montar o seu próprio “quebra-cabeças” dessa complexa temática. Inicialmente,
introduz a noção de globalização da paz, enfatizando que todos
os conhecimentos, recursos, infra-estrutura e mecanismos necessários
para tal conquista já existem e estão disponíveis. Do nível
planetário passa ao societal, discutindo os desafios que o
Brasil, em específico, precisa enfrentar na construção de
uma Cultura de Paz. Denuncia a excessiva ênfase dada à punição
e repressão, em detrimento à prevenção da violência, apresentando
argumentos a favor desta. Dentre as estratégias preventivas
destaca a promoção do protagonismo juvenil, cuja efetivação
depende de uma melhor compreensão, de parte de pais, educadores
e autoridades, das características e necessidades da população
adolescente. Por fim, propõe que a sociedade se mobilize em
um processo coletivo de discussão, reflexão e ação a partir
da constituição de fóruns da cidadania e promoção da paz,
em cada escola, igreja, associação comunitária e empresa.
À medida em que cada um de nós revê seus comportamentos
e relacões interpessoais, em que as organizações redefinem
seus objetivos e métodos, em que mecanismos institucionais
e políticas públicas são criadas – tudo isso com o objetivo
comum de construir uma Cultura de Paz – estaremos conquistando
a paz.
Globalizar
a paz
Já globalizaram a miséria, a
fome, a guerra e a exploração do homem pelo homem. As nefastas
conseqüências aí estão, para quem quiser enxergar. Agora chegou
o tempo de globalizarmos a solidariedade, a justiça e a ética.
Sim, o maior desafio do século XXI é a globalização da Paz!
Há boas e más notícias em relação a este processo
histórico que, mesmo desapercebido, já teve início.
Comecemos
pelas boas. Todos os conhecimentos, recursos, infra-estrutura
e mecanismos necessários à globalização da paz já existem
e estão disponíveis. Por exemplo, seria impossível pensar
em paz mundial se não houvesse uma integração planetária,
de modo que todos os povos soubessem e reconhecessem a existência
dos demais. Esta conquista data de aproximadamente 200 anos
e está relacionada ao aprimoramento dos meios de transporte e, posteriormente, das tecnologias de comunicação.
A interligação alcançou patamares jamais sonhados com a internet,
que é também um canal de universalização do conhecimento.
Resta ainda o desafio da democratização desses meios e instrumentos,
mas essa é uma questão muito mais moral de que econômica ou
tecnológica.
Outro requisito para a globalização
da paz é o conjunto de conhecimentos necessários para se erradicar
a miséria, preservar o meio-ambiente, instruir e capacitar
as massas de excluídos e promover a educação para a paz. Todas
essas tecnologias fazem parte das conquistas do século XX.
Têm sido utilizadas em inúmeros projetos experimentais desenvolvidos
por governos, ONG’s, instituições internacionais e empresas,
mundo afora, com sucesso.
Quanto aos recursos financeiros,
também existem em quantidade suficiente para se implementar
e disseminar as referidas tecnologias e conhecimentos em benefício
da humanidade. Uma drástica redução no desperdício com o desenvolvimento
de artefatos bélicos e a corrida armamentista propiciará o
básico em termos de qualidade de vida a todos habitantes
da Terra. Outro exemplo: a aprovação da Taxa de Tobin, um
imposto sobre as movimentações do capital especulativo internacional,
e sua aplicação para fins sociais, significará condições dignas
de se viver para centenas de milhões de pessoas.
Como dizia Mahatma Ghandi, há riqueza suficiente no
mundo para satisfazer as necessidades de todos, mas
não para saciar a ganância de alguns.
Para
globalizar a paz é necessário que os Estados criem mecanismos
de diálogo, bem como de planejamento e atuação em conjunto.
Desde 1945, a Organização das Nações Unidas tem feito um trabalho
extraordinário. Não fosse a ONU e suas agências, o mundo seria
bem diferente do que é hoje. Diferente para pior! A Assembléia
Geral das Nações Unidas é, na prática, o parlamento mundial
no qual conflitos são negociados e guerras foram evitadas.
A Declaração dos Direitos do Homem vem elevando a humanidade
a novos patamares de civilidade e cidadania. Avanços históricos
em campos tão distintos como os direitos da mulher, o equilíbrio
ecológico, a redução da mortalidade infantil, o combate ao
racismo, a mobilização em prol da cultura de paz, o controle
de epidemias e a assistência a refugiados têm uma relação
direta com os esforços da ONU.
Constata-se que a evolução
social, política e científica tornou realidade os instrumentos
necessários a uma nova ordem mundial. Não a que anunciam os
que detêm o poder, mas sim uma ordem baseada na justiça e
no reconhecimento da unidade do gênero humano. Cabe então,
o questionamento – o que falta para que essa nova realidade
se concretize? Diversos pensadores e líderes afirmam que somente
a evolução espiritual e moral permitirá a superação
desse dilema.
Essa é, justamente, a má notícia.
As conquistas da raça humana acima citadas são passos necessários,
mas insuficientes para viabilizar a paz no mundo. Todas elas
já fazem parte do cotidiano da sociedade, mas não resultaram
no “produto” mais ansiado, a paz, porque esbarram numa paralisia
da vontade. As pessoas, os grupos e os governos – todos
sem exceção – dizem amar e desejar a paz. Ao mesmo tempo,
se deixam levar pela falsa idéia de que a violência e a maldade
são inerentes ao ser humano, contribuem para perpetuar preconceitos,
buscam a riqueza e o poder a qualquer custo, desrespeitam
os valores éticos fundamentais, se fazem indiferentes ao sofrimento
alheio, compram armas e destroem a natureza. Enquanto essa
contradição moral não for superada, continuaremos a viver
na velha (des)ordem mundial.
Afinal, de onde é que a paz
deverá surgir, a não ser do esforço sincero, organizado e
sistemático de cada integrante da humanidade?
Se indivíduos e estruturas sociais não se transformarem,
como é que o mundo pode se transformar num lugar de paz e
bem-estar? Tais mudanças decorrem do despertar espiritual
do homem. Só aí ele compreende que a realidade última de si
mesmo não se restringe à matéria, descobre que a dimensão
transcendente dá significado à existência e passa a buscar
um propósito para a sua vida.
Na
verdade, a má notícia é também boa: basta mais um passo para
efetivarmos a globalização da paz. Os demais requisitos já
estão assegurados. O que falta é essa transformação espiritual
e moral. Trata-se de passo grandioso, mas é um só. Ele pode
e precisa ser conquistado no interior de
cada coração, família, comunidade, grupo social, empresa,
governo e nas inter-relações entre eles. Eis o desafio – a
um só tempo, simples e gigantesco
– do século que se iniciou a ferro e fogo, em
11 de setembro de 2001.
Construir uma cultura de paz:
desafios brasileiros
A
construção de uma Cultura de Paz implica em grandes desafios.
No que se refere ao Brasil,
destaco quatro que são prioritários: o da cidadania,
o da justiça social, o da educação e o dos valores morais.
Cada um destes se traduz em transformações que podem ser alcançadas,
se forem assumidas pela sociedade brasileira como sua visão
compartilhada de futuro.
O
primeiro desafio é o exercício pleno e universal da cidadania
e dos direitos humanos. Isso só será possível quando exercermos
uma cidadania proativa, que defino como uma postura de vida do indivíduo
e instituições caracterizada pelo exercício consciente de
seus direitos e deveres, pela participação ativa nos processos
de busca de melhorias coletivas, e pela
responsabilidade para com tudo aquilo que afeta
a sua vida e/ou as vidas de outras pessoas.
Decorre
desse conceito a noção de que ser um cidadão de paz é muito
mais do que não ser um indivíduo violento. Fazer
o bem é algo infinitamente maior do que não
fazer o mal. No que se refere à ação individual, o maior
empecilho à paz no Brasil
não é uma minoria que age de forma violenta
ou injusta, mas sim a maioria silenciosa e desarticulada -
seja por alienação, acomodação ou medo.
É
preciso desenvolver uma visão planetária de cidadania. Bahá’u’lláh
já havia proclamado essa visão há mais de cem anos: “A
Terra é um só país e os seres humanos, seus cidadãos”.
Será impossível estabelecer a paz enquanto as pessoas
estiverem classificando e dividindo o mundo entre “nós” e
“eles”. Nós – (quer seja) esta família, ou moradores
desta rua, ou torcedores deste time, ou seguidores desta igreja,
ou membros desta raça, ou cidadãos deste país etc. – contra
eles, os que são diferentes. Essa separação é completamente falsa
e ilusória. Não existe nós e eles.
Há apenas a humanidade, una e indivisível. O que afetar a
parte, afetará o todo. Ser diferente
não comporta juízo de valor, portanto, não tem nenhuma relação
com superioridade ou inferioridade. Essa compreensão nos faz
aceitar o outro (por mais diferente que seja), respeitar as
suas necessidades e direitos, e buscar os meios de estabelecer
a verdadeira justiça. Exercer a cidadania mundial
é compreender, praticar e promover a unidade
do gênero humano. Unidade gera reciprocidade, justiça e liberdade;
consequentemente, gera a paz.
Quanto
ao segundo desafio: justiça social, no Brasil, pressupõe
e significa redução das desigualdades, em especial a econômica,
a social, as que existem entre os sexos, entre as raças e,
na aplicação da justiça. Essas cinco formas de opressão vem
se perpetuando desde o início de nossa história e cultura.
Apesar de alguns avanços, o caminho a percorrer ainda é longo
e árduo. Em nenhum outro país do mundo as disparidades entre
ricos e pobres são tão gritantes. O capitalismo praticado
aqui é, via de regra, selvagem – explorador do homem e destruidor
da natureza. A maioria dos brasileiros vive em condições precárias
e tem uma renda que mal lhes garante a sobrevivência. Dessa
maioria, os mais marginalizados são os afrodescendentes, já
vez que o racismo perpassa e intensifica as demais formas
de desigualdade, dando-lhes uma cor específica. Os marginalizados
são também submetidos à exclusão moral, pois a eles é imputada
a culpa pela violência, pelo atraso do país na economia mundial,
por terem filhos demais e por deixarem seus filhos perambulando
pelas ruas. As possibilidades de ascensão econômica são ínfimas
pois não há mecanismos instituídos com esse propósito.
Pelo contrário, verbas públicas são sistematicamente aplicadas
em projetos da iniciativa privada, favorecendo os que já acumulam
privilégios. A corrupção é outra forma brutal (mas invisível)
de violência contra os menos favorecidos. Apesar da atuação
do Ministério Público e da imprensa, a impunidade persiste
como regra.
As
desigualdades e a exclusão são tão violentas e persistentes
em nosso país, que há o risco real de romper-se o tecido social.
Para que não se chegue à guerra civil, faz-se mister
a combinação de múltiplas estratégias – políticas públicas
visando uma efetiva redistribuição de renda, a reforma agrária
e o apoio ao pequeno produtor, a erradicação da miséria, ações
afirmativas para os afrodescendentes, a melhoria da qualidade
de vida nas cidades e bairros mais carentes, etc.
A
educação desempenha papel crítico na construção
de uma cultura de paz. O caminho por trilhar, nesse campo, é longo. É preciso
garantir o acesso, a permanência e o sucesso de todas crianças
e adolescentes à rede de ensino, e que a escola promova um
aprendizado significativo,
através do qual se possam construir valores
coerentes com a cultura de paz. Para isto, o papel do professor
precisa ser socialmente valorizado, sua auto-estima resgatada
e a consciência das possibilidades educativas que dispõe,
fortalecida, através
de capacitação.
Ao
mesmo tempo, as metodologias pedagógicas precisam ser revistas,
de modo a se promover um grau muito maior de participação,
diálogo e partilha de responsabilidades e experiências. Se
a escola deseja contribuir efetivamente para a construção
de uma sociedade mais justa e pacífica, precisará rever o
seu papel e libertar-se da crença que sua missão é transmitir
a maior quantidade possível de informações e conhecimentos.
Enquanto essa obssessão conteudista não for superada, dificilmente
a escola conseguirá “formar cidadãos” e “educar para a vida”.
Se isso ocorrer, a escola estará deixando de cumprir sua missão
e papel social, e se omitindo da responsabilidade de contribuir
para a construção de uma Cultura de Paz (Milani, 2003).
Num
país onde as violências atingiram níveis degradantes como
o nosso, a Educação para a Paz não pode ser tratada apenas
como uma questão interna do sistema de ensino, limitada à
sala de aula ou destinada exclusivamente a crianças e jovens.
Precisa ser assumida como objetivo prioritário, fruto de um
consenso coletivo e, consequentemente, responsabilidade pessoal
e institucional de todos que compõem essa sociedade.
Há
também que se desmistificar duas falácias insistentemente
repetidas hoje: que as injustiças sócio-econômicas podem ser
solucionadas por um ensino de qualidade; e que a melhor educação
consiste em treinar o indivíduo para atender às demandas do
mercado de trabalho. Injustiça estrutural se resolve com políticas
públicas que promovam a eqüidade. O conhecimento técnico e
as habilidades intelectuais, quando desenvolvidos sem a equivalente
formação ética, geram monstros. A História está aí para comprovar.
A educação precisa ser integral, visando o pleno desenvolvimento
das potencialidades físicas, mentais, emocionais e espirituais
do ser humano.
A
incorporação e a aplicação de valores morais
em todos os níveis de decisão e atuação é outra transformação
que urge em nosso país. A ética não pode continuar a ser uma
camada superficial de tinta, adicionada ao edifício social
apenas para encobrir as falhas estruturais do projeto, ou
torná-lo menos repugnante. Ela deve se tornar a
primeira consideração, o fundamento e o eixo transversal de
todos empreendimentos, principalmente nos campos da política,
da ação governamental, do empresariado e da mídia. Esses setores
têm uma responsabilidade especial, pois exercem forte influência
na vida dos cidadãos, além do impacto moral e psicológico,
cada vez que dão um mau exemplo ao restante da sociedade.
Para
que isso seja possível, é preciso ressacralizar
o mundo, salvando-o da unidimensionalidade materialista.
Precisamos nos volver às tradições espirituais da humanidade,
buscando nelas os princípios éticos universais e atemporais
(Beust, 2000). Essa leitura transreligiosa é possível, porque
todas religiões têm, na sua essência, os mesmos valores morais.
Além de oferecerem inestimáveis conhecimentos nesse campo,
as religiões geram no ser humano
a motivação e a coragem para transformá-los
em ação.
Violência:
prevenir ou punir ?
Sim, a violência pode
ser prevenida, devido ao fato de não
ser inerente à natureza humana. Cientistas do mundo inteiro
são praticamente unânimes em afirmar que o comportamento violento
não se constitui em algum tipo de impulso incontrolável, nem
tem raízes biológicas ou genéticas. Se a agressão, a intolerância
e o egoísmo são construídos no processo de aprendizado e convívio,
podem também ser desconstruídos
ou, melhor ainda, podem ser prevenidos. Em outras palavras,
através da Educação – englobando tanto as dimensões física
e intelectual quanto a emocional e a espiritual – será possível
reduzir a violência a patamares muito mais baixos de que os
atuais. Se tal processo educativo englobar todos os setores
da sociedade numa verdadeira revolução cultural, gradualmente
e a longo prazo, a violência se constituirá
numa exceção do comportamento social.
Infelizmente, o panorama das discussões sobre a violência
em nosso país parece estar dominado pela concepção punitiva:
leis mais duras, tribunais mais ágeis, construção de novos
presídios e aumento do policiamento. Essas medidas têm a sua
validade, mas sofrem de um grave problema – elas destinam-se
a remediar o mal, depois de ocorrido. Elas não evitam a ocorrência
do problema, são meros paliativos.
Pouca atenção tem sido dada à prevenção da violência,
tanto de parte dos governantes e empresários, quanto da mídia
e da opinião pública. Mesmo o sistema educacional parece acreditar
mais na repressão de que na prevenção. Parte-se do pressuposto
que a única alternativa de enfrentamento à violência é combatê-la
– termo oriundo do jargão militar que denota o emprego da
força. Medidas de força são também necessárias, mas são insuficientes.
Absolutamente insuficientes, para ser mais exato. Jamais conseguirão
promover as mudanças culturais, morais, sociais e econômicas
que permitirão a construção de uma sociedade fundamentada
nos valores da paz, tais como justiça, respeito, solidariedade
e diversidade (Milani, 2000).
Paz
é muito mais que a ausência de violência ou conflitos. Uma
cultura de paz só pode ser construída com a participação ativa
de todos – indivíduos, famílias, comunidades, ONG’s, empresas,
governos, religiões e mídia – numa ampla mobilização em prol
da Educação para a Paz. Educação esta que não pode limitar-se
à sala de aula, nem destinar-se exclusivamente a crianças e jovens. Precisa ser
assumida como objetivo social prioritário, fruto de um consenso
coletivo e, consequentemente, responsabilidade pessoal e institucional
de todos que compõe essa mesma sociedade. Um processo educativo
dessa natureza – desejado, consensado e assumido pela própria
sociedade como uma visão de futuro partilhada –
só pode ser um processo transformador e resultar
em mudanças inimagináveis para qualquer um de nós.
No entanto, essa linha de raciocínio não é suficiente
para os pragmáticos. Eles necessitam de números e dados estatísticos
para analisar a questão de forma mais realista. Para tal, podemos comparar os custos da prevenção
com os da punição. Segundo
informações recentemente divulgadas pela mídia, a manutenção
de um presidiário custa, aos cofres públicos, mil reais por
mês. Por outro lado, o INPAZ (Instituto Nacional de Educação
para a Paz e os Direitos Humanos) está mobilizado para
viabilizar um projeto-piloto de prevenção da violência, em
uma escola pública da periferia de Salvador. A etapa inicial
do projeto já foi implementada e, ao longo de três anos se
buscará o envolvimento integrado de alunos (adolescentes),
seus pais, seus professores e lideranças de sua comunidade
na prevenção da violência cometida por, contra ou entre
adolescentes, através da promoção de uma cultura de paz e
de valores éticos universais.
Cada aluno trabalhado pelo projeto do INPAZ custará mil reais, pelo período de três anos. O que significa
que o custo aluno/dia é de R$ 1,00 – o mesmo que um refrigerante,
a metade de um maço de cigarros, menos que uma passagem de
ônibus urbano ou dois cafezinhos. Os mesmos
1.000 reais que permitem um adolescente estar engajado
– por três anos! – num processo de Educação para a Paz, evitando-se,
dessa forma, o seu envolvimento com a violência e o crime,
poderá vir a ser gasto em trinta dias, com o seu posterior
encarceramento, por não haver tido uma oportunidade como essa
e só haver encontrado rejeição e exclusão.
Na
realidade, o custo da prevenção é menor ainda, se levarmos
em consideração que as ações do referido projeto beneficiarão,
além dos adolescentes, seus pais e mães, os integrantes da
equipe escolar, líderes comunitários e servidores públicos
do bairro. Desse modo, o custo diário de cada beneficiário
cai para R$ 0,60. Resumindo matematicamente, prevenir custa 55 vezes mais barato de que
punir! Isso, sem
contabilizar os prejuízos materiais provocados pela violência,
os gastos do setor saúde, nem os anos de vida produtiva perdidos.
É importante salientar que projetos como o do INPAZ não almejam simplesmente evitar que os adolescentes
se agridam ou sejam violentos. O propósito é bem maior e mais
rico: permitir que adolescentes se engajem ativamente na construção
de relações mais sadias, de um modo de viver mais pleno e
pacífico, e do exercício de sua cidadania. O jovem é visto,
aceito e respeitado em seu papel protagônico – tanto em sua
vida pessoal quanto em sua participação social.
É claro que ninguém pode fazer escolhas de vida pelo
outro. Um jovem, do mesmo modo que um adulto, pode ter tido
várias oportunidades de aprendizado, amadurecimento e transformação
e, mesmo assim, optar pela criminalidade. Provavelmente haverá
sempre uma parcela dos que escolhem o caminho anti-social
ou da violência. E o fato de existir essa parcela não é, de
modo algum, argumento para invalidar os esforços de educação
e prevenção. Primeiro, porque esse percentual é ínfimo. Não
se pode punir a grande maioria pelos erros de uma pequena
minoria. Segundo, porque a sociedade brasileira ainda perpetua
tamanhas injustiças, discriminações e exclusão que, qualquer
argumento contrário à necessidade de políticas públicas e
processos educativos que ofereçam oportunidades efetivas às
parcelas marginalizadas, nada mais é que uma tentativa de
desfocar a discussão, deixando de lado o essencial para falar
do secundário.
Finalizando, a ênfase no prevenir não significa
abrir mão do punir. Não estou defendendo a impunidade
ou negando a necessidade de se investir em segurança pública.
O que tentei fazer é ressaltar a premência de se discutir
o enfrentamento à violência com maior profundidade e cuidado,
constatando-se que pouquíssimo tem sido feito em prol da prevenção.
A prevenção é o caminho mais barato, mais efetivo, mais humano,
mais justo e mais proveitoso para toda a sociedade. Se insistirmos
em não enxergar esse fato, seremos vítimas de nossa própria
teimosia, covardia e acomodação.
Protagonismo
juvenil
“Os jovens gostam de ser desafiados.
O problema da juventude de hoje é que não há nada para desafiá-los.”
Em nossa sociedade, os indivíduos economicamente
produtivos detém a primazia do reconhecimento de seus
direitos, incluindo o direito de opinar, participar e influenciar
as decisões que possam afetar o seu bem-estar. O mesmo não
ocorre com crianças, adolescentes e jovens. Ainda vivemos
com os resquícios do longo período no qual estes foram encarados
como “menores” – termo que explicita
o fato de que o seu valor, direitos e capacidades eram considerados
menores de que os dos adultos. Essa cultura excluiu a juventude
da participação social, favoreceu a sua alienação e imaturidade,
e delegou a outrem o direito e a tarefa de decidir o que seria
melhor para ela.
Adolescentes e jovens têm o desejo de ser escutados e
a necessidade de ser reconhecidos
em suas capacidades. A maioria tem ideais
de transformar a sociedade em algo mais humano e justo,
mas não tem idéia de como concretizá-los. O conceito de protagonismo
juvenil busca uma forma de ajudar o adolescente a construir sua autonomia,
através da geração de espaços e situações propiciadoras da
sua participação criativa, construtiva e solidária na solução
de problemas reais na escola, na comunidade e na vida social
mais ampla (Costa, 2000:22).
O paradigma do protagonismo juvenil se contrapõe aos
do paternalismo, determinismo, ceticismo, alienação,
isolamento e revolta. Reconhece no adolescente e no jovem potencialidades e valores cujo aproveitamento
resultará em seu desenvolvimento
integral e em melhorias para a coletividade. Rejeita o uso
dos jovens como massa de manobra, a sua manipulação ideológica
e a sua coisificação em alvo preferencial do consumismo. Entende
que o papel de adultos e instituições é propiciar oportunidades,
encorajamento e apoio para que os adolescentes se mobilizem,
definam suas próprias prioridades coletivas e atuem em prol
da comunidade ou da causa que elegeram. “Porque os jovens
podem ver com clareza o que nós
já não
vemos, e nós, adultos, podemos ver com clareza o que eles ainda não vêem” (Sousa, 1999:10).
Os benefícios
da promoção do protagonismo juvenil podem ser sintetizados
em dois níveis:
•
“A participação não é
somente um enfoque para se obter uma adolescência socialmente
mais responsável e mais cooperativa. É mais: é o caminho para
o desenvolvimento de uma pessoa socialmente sã.” (Roger Hart, apud Costa, 2000:29)
•
“Não se trata apenas de
envolver os jovens em boas causas para desviá-los do mau caminho, mas de acreditar de fato no grande contingente de jovens
que constitui parte significativa da população e força poderosa
de transformação social. O jovem não é apenas o beneficiado,
mas também o promotor da transformação social.” (Sousa, 1999:6)
Em relação ao primeiro, cumpre enfatizar que o fortalecimento
do senso de identidade pessoal e a capacitação para o exercício
da cidadania são processos complementares e interdependentes
que podem contribuir decisivamente para uma adolescência saudável.
Erikson ( ) comparou a adolescência
a uma moratória psicossocial devido à confusão de identidade
que se desencadeia nessa fase. Essa crise gera no adolescente
a necessidade de formar grupos, “estereotipando-se a si próprios,
aos seus ideais e aos seus inimigos”, podendo tornar-se “intolerantes
e cruéis na sua exclusão de outros que são ‘diferentes’” como
uma forma de defesa contra esse sentimento de perda de identidade
(p.133).
É paradoxal, mas esse sentimento de vulnerabilidade pode
ser uma das principais causas de comportamentos violentos na adolescência.
Diversos outros fatores, tais como a tendência à transgressão
dos limites, os sentimentos de inatingibilidade e onipotência,
a necessidade de aceitação pelo grupo de pares, a instabilidade
emocional, o acúmulo de pressões e cobranças e, o desconhecimento
de sua própria recém-adquirida força muscular, freqüentemente
levam o adolescente a colocar-se em situações de risco no
que se refere à violência.
Favorecer
o protagonismo juvenil é uma estratégia eficaz de promoção
do bem-estar pessoal e desenvolvimento social dos adolescentes,
uma vez que contribui para a sua auto-estima, assertividade
e formulação de um projeto de vida. Tanto os jovens quanto
a sociedade são beneficiados por esse processo.
Na realidade, considerável parcela da juventude brasileira
já está integrada a alguma forma de participação coletiva,
a exemplo de grupos artísticos, culturais, desportivos ou
religiosos, ONG’s, movimentos sociais, estudantis, ecológicos
ou comunitários, escotismo, ações voluntárias etc. Infelizmente,
nem todos esses grupos promovem, efetivamente, o protagonismo
juvenil. Muitos ainda se baseiam na concepção de que algo
deve ser feito para
o adolescente e não, com o adolescente ou, melhor ainda, algo
feito pela iniciativa
dos próprios adolescentes.
Em
geral, o jovem se mobiliza a partir das agregações estabelecidas
por instituições preexistentes. Portanto, na ausência de instituições
novas e adequadas, capazes de mobilizar a ação solidária dos
jovens, é bastante possível que eles continuem a ser objeto
de políticas, sem capacidade de influir sobre as mesmas. Ou
seja, dificilmente serão agentes
de construção do seu próprio destino (Rua, 1998:748).
Em diversas partes do Brasil, adolescentes e jovens têm
exercido o seu protagonismo em campos diversos como intervenções em prol do meio-ambiente, da saúde, dos direitos
humanos; ações educativas sobre sexualidade, prevenção de
DST/AIDS; apoio a crianças, idosos e pacientes em hospitais,
creches, orfanatos ou asilos; ações em prol da melhoria do
ensino e do sucesso na aprendizagem escolar; atuação como
agentes comunitários; mobilizações em prol da ética na política.
Por outro lado, quando não encontram meios construtivos
e saudáveis de “deixar a sua marca no mundo”, expressando-se
e sendo valorizados, muitos jovens terminam por se engajar
em comportamentos anti-sociais. Manifestações como gangues,
arrastão, grupos neonazistas, brigas nos bailes funk ou entre
torcidas esportivas, brincadeiras selvagens, galeras
de pichação e vandalismo ou ataques por praticantes de artes
marciais podem ser interpretadas por esse prisma. Embora esses fenômenos envolvam uma parcela minoritária
dos adolescentes, terminam por reforçar o seu estereótipo
de “problemáticos”. Sendo a adolescência um problema,
cabe aos adultos – governantes, educadores, profissionais
de saúde, operadores da justiça – solucioná-lo.
Entretanto, é preciso reconhecer que um dos fatores para que os adolescentes
tenham sido engolfados na trama da violência, quer seja como
agressores ou como vítimas, é a dificuldade dos pais, profissionais
e autoridades compreenderem as características e necessidades
dessa fase.
Analisar
o quadro das violências que envolvem atualmente a adolescência
brasileira é defrontar-se com situações dramáticas e números
aterrorizadores (Milani, 1999). No entanto, é preciso reconhecer
também os avanços. Dentre estes, destaco: a gradual implantação
do Estatuto da Criança e do Adolescente e as mudanças culturais
por ele induzidas, no senso comunal, em relação aos direitos
dos seres humanos em sua fase de formação e ao repúdio à violência
cometida por pais contra filhos; a ascenção da temática violência
como preocupação prioritária na agenda nacional; a crescente
ênfase na educação formal e na melhoria da qualidade do ensino
público,
de parte de governantes, empresários e, mais
importante ainda, da população em geral; o reconhecimento
da importância e da capacidade transformadora de programas
educativos não-formais, complementares à escola, dirigidos
a crianças e adolescentes;
a disseminação de conceitos e práticas como o protagonismo
juvenil, o voluntariado e a cidadania empresarial gerando
uma compreensão de que o bem-estar coletivo é responsabilidade
de cada sujeito e instituição que compõe a sociedade; os progressos na conquista da igualdade nas
relações de gênero e mudanças perceptíveis
de comportamento dos homens indicando um afastamento dos padrões
machistas; as possibilidades de acesso ao conhecimento oferecidas
pelas tecnologias da informação e comunicação.
Adolescentes
ou aborrecentes?
A perspectiva estereotipada da adolescência, acima referida,
revela-se também no senso comum. A maioria das pessoas associa
essa fase a drogas, rebeldia, sexo precoce, gravidez indesejada,
desinteresse pelos estudos, criminalidade e outros problemas.
Criou-se até o termo “aborrecente” para denominar aquele
ser que parece estar insatisfeito com tudo e todos e ter especial
prazer em contestar e desobedecer.
Mas será que a adolescência é isso mesmo? Ou então, será apenas isso?
“Os jovens da atual
geração são tão diferentes dos de outrora. São agressivos,
desobedientes, surdos aos conselhos dos mais velhos. Que será
deles no futuro?” – esse diagnóstico, que representa a
opinião e a fala de muitos pais e professores de aborrecentes, foi dado por Hesíodo... poeta grego que viveu no século VIII a.C.
Sim, desde aquela época os adolescentes desempenhavam
esse papel de contestação, de busca do novo, de querer descobrir
as coisas por si mesmos, de aparentar indiferença pelo que
os adultos pregam. E nós...? Será que nossos pais também não diziam o mesmo
de nós, nessa fase?
Por que nós, adultos, esquecemos tão facilmente de nossa
própria adolescência? Talvez até recordemos dos acontecimentos mas, o que dizer ... dos sentimentos?
Sim, como é que você se sentia ao olhar para o seu corpo em
rápida mutação? Como você percebia o relacionamento familiar?
Que emoções eclodiam em seu peito a cada nova descoberta?
Que momentos ficaram marcados em sua memória?
Quais eram seus sonhos, fantasias e paixões?
Talvez,
se conseguíssemos resgatar as emoções que vivenciamos durante
a nossa própria transição da infância para a fase adulta,
pudéssemos estabelecer uma ponte de comunicação com
o/a adolescente que está passando por essas experiências
agora e, sem haver tido experiência prévia.
Nossa sociedade (da mesma forma que o adolescente), tem
passado por transformações rápidas e profundas em todos os
seus níveis. A família e a escola - componentes essenciais
para o bem-estar e amadurecimento do jovem - são instituições
que têm sido bastante afetadas por essas mudanças, a ponto
de estarem em crise. (Crise,
no conceito chinês, é a conjunção de riscos e oportunidades
- e é nesse sentido que uso o termo). Temos, portanto,
o adolescente (um ser em crise) necessitando do apoio e guia
da família e da escola (duas instituições em crise), no âmbito
de uma sociedade em crise.
Estou sendo pessimista? De modo algum. O que tento dizer
é que, se ao invés de dispersarmos tanto tempo e energia pensando, falando e
temendo os “riscos e perigos” da atual conjuntura, pudermos
nos concentrar nas “oportunidades” de aprendizado e transformação
que ela nos oferece... então, todos nós podemos crescer, junto com a adolescência
de nossos filhos ou educandos. Esse desejo de melhorar e essa
atitude de estar aberto para aprender com tudo e todos são
um excelente patrimônio que podemos edificar, através de nosso
exemplo de vida, e deixar como uma grande contribuição para
a felicidade deles.
Conclusão
A violência ocupa, há algum tempo, lugar de destaque
nas manchetes da mídia, nas angústias da população brasileira
e no discurso dos governantes. A denúncia já foi feita e o
diagnóstico, confirmado. É necessário que se avance nesse
processo, dando-se semelhante atenção e prioridade à questão
do “como lidar”
com esse fenômeno complexo, polifacetado e multideterminado.
Enquanto esse passo não for dado, o clima de impotência e
imobilismo – e a conseqüente insegurança – se agravará cada vez mais.
Num quadro como o que estamos vivendo hoje, silêncio e omissão
tornaram-se sinônimos de cumplicidade e irresponsabilidade.
Proponho
que se discuta o que podemos fazer para prevenir a violência
e promover uma cultura de paz, em cada sala de aula, encontro
familiar, sindicato, igreja, associação de bairro ou de classe,
mesa de bar, câmara legislativa e reunião ministerial. Que
cada um desses espaços se constitua num fórum
permanente de reflexão e busca de alternativas para a construção
da paz. Que se utilize do espaço
democrático que a internet oferece para socializar os questionamentos,
iniciativas, propostas e aprendizados de todos os fóruns espalhados
pelo país.
É fundamental que tal processo consultivo ocorra de forma
permanente e continuada ao longo dos próximos anos, e que
as discussões se dêem destituídas de maniqueísmos, fanatismos
ideológicos ou emocionalismo irracional. O próprio fato das
pessoas e instituições disporem a dedicar seu tempo, energia
e criatividade para um processo de reflexão – ação – reflexão
direcionado à desconstrução da violência,
é em si mesmo, auspicioso.
Significa que estaremos saindo do estado reativo, ou
pior ainda, da condição de paralisia, para uma postura
proativa de participação cívica e engajamento social.
Significa que estaremos assumindo – individual
e coletivamente – a responsabilidade pelo que somos e pelo
que nos tornamos. Isso pode resultar num extraordinário movimento
de cidadania e transformação social.
Reflexões como as delineadas nas páginas precedentes possivelmente
surgirão em cada grupo que se constituir como um fórum de cidadania e construção da paz.
A continuidade das discussões, em ambiente democrático e permeado
pela busca da verdade, conduzirá ao seu aprofundamento. Quando
se alcança um nível maior de profundidade e compromisso ético,
abandona-se os chavões pré-fabricados,
os clichês repetitivos, os raciocínios unicausais, as propostas
simplistas e as pseudo-soluções fáceis. As pessoas começam
a enxergar com seus próprios olhos e a pensar com suas próprias
mentes – isso já é um excelente começo para uma grande transformação!
Afinal, construir a Paz requer de cada um atitudes conscientes,
práticas, cotidianas e continuadas.
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