Julio
Lerner
Comecemos
com o Simpósio: 1200 inscritos, público atento,
envolvido, participante.
Já
na segunda noite a publicação das palestras se
afigurava como a extensão natural e lógica do evento.
Era preciso aproveitar os impulsos da paixão, criar as
condições necessárias para que tamanha produção
intelectual, de indiscutível qualidade, não se
perdesse na névoa do esquecimento.
“O
Preconceito” agora transforma-se em livro, fluxo
coerente das coisas importantes que animam a vida
inteligente de nosso país.
Esta
publicação exprime o que foram esses grandes encontros
dos conferencistas com o público.
Informações
objetivas: alguns momentos (poucos) foram suprimidos .
Há palestras que são transcritas na íntegra,
aproveitando seus aspectos mais espontâneos (Ruth
Cardoso, Rosyska Darcy de Oliveira, Milton Santos).
Outras aqui estão conforme os textos trazidos por seus
autores (Marilena Chauí, Santiago Kovadloff, Alberto
Dines). E há também aquelas que posteriormente foram
reelaborados ( Dalmo Dallari, Maria Rita Kehl, Eugenio
Bucci).
Na
noite reservada à questão “Mulher e Preconceito”,
a escritora Nélida Piñon estabeleceu um encontro
informal e criativo com o público. Porém, autora que
gera seus textos com grande cuidado, Nélida nos enviou
mais tarde uma simpática carta em que solicitava que
sua fala, “por seu caráter oral, natural, não
se prestava a ser publicada”. Embora discordando,
respeitamos o pedido da prezada imortal. Resta-nos o
consolo de registrar uma de suas respostas sobre a
questão do “politicamente correto”.
A
também imortal Lygia Fagundes Telles, que pretendia
permanecer anônima, foi convidada para compor a mesa e
acabou recebendo inesperadas perguntas.
Dada
a multiplicidade das questões propostas pelos
espectadores, optamos por publicar também - após os
textos - uma síntese das perguntas encaminhadas.
Textos
e diálogos revelam agudas e amargas interpretações,
mas não impedem o leitor de perceber um discreto veio
subterrâneo de fina ironia, que em certas ocasiões é
a única possibilidade de que dispomos para lidar com a
mediocridade.
“O
Preconceito” estimula nossa lucidez.
Diante
de tantas realidades perversas, este livro coloca de
modo irrefutável a necessidade essencial de nos
reeducarmos.
Todos
nós.
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