CRIADO O
TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL
Vários
teses defendidas pela Anistia Internacional saíram vitoriosas.
Membros
da SBAI pressionaram o governo brasileiro a apoiar o Tribunal
Estados
Unidos liderou oposição ao projeto
Um acontecimento de enorme importância para a comunidade
internacional teve lugar em Roma, entre 15 de junho e 17 de julho,
quando representantes de todos os países do mundo reuniram-se para uma
conferência diplomática de cinco semanas de duração visando debater
e aprovar um estatuto para a criação do Tribunal Penal Internacional
Permanente.
O estatuto acabou sendo aprovado no último dia do encontro por
120 países. Sete deles votaram contra (EUA, China Israel, Índia,
Turquia, Filipinas e Sri Lanka) e 21 se abstiveram. O
Tribunal passará a funcionar em Haia, na Holanda, depois que o
documento for ratificado por pelo menos sessenta países.
A Anistia Internacional, nas vésperas da Conferência, chegou a
denunciar que uns poucos países ameaçavam boicotar o encontro, negando
assim, na prática, justiça para as vítimas de crimes contra a
humanidade. Pierre Sané, secretário-geral da Anistia Internacional,
declarou na ocasião: “Aqueles que se negarem a apoiar a existência
de um Tribunal Penal Internacional verdadeiramente livre e eficiente,
mais tarde levarão em suas consciências os crimes que, no futuro,
vierem a ser cometidos contra a humanidade”.
Durante a conferência, certos governos pareciam não desejar uma
corte realmente imparcial, justa e eficaz. Os Estados Unidos comandou o
grupo de países que se opunham à existência de um promotor
independente, capaz de iniciar investigações criminais baseado em
informações transmitidas pelas vítimas, seus familiares e outras
fontes fidedignas, sem esperar a autorização do Conselho de Segurança
nem de nenhum Estado. Por outro lado, cada um dos cinco membros
permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas queria ter o
poder individual de paralisar ou adiar investigações criminais. Outros
países, como Colômbia, México, Índia, Irã, Japão e Turquia,
defendiam posturas que prejudicariam a eficiência do Tribunal.
Apesar da Anistia ter reconhecido que a criação do Tribunal
significa um passo à frente para a justiça internacional, a
organização entende que o estatuto dessa corte ainda precisará passar
por profundas alterações para garantir que ele será realmente justo,
adequado e eficaz. A necessidade do Tribunal receber autorização de um
país para que um
cidadão seu seja processado, a possibilidade dos membros do Conselho de
Segurança bloquearem em conjunto o andamento de investigações e a
exclusão voluntária da jurisdição do Tribunal para crimes de guerra
durante sete anos são os três principais pontos a serem revisados.
A Anistia está convencida de que o Tribunal Penal Internacional
permanente ainda poderá ter um grande efeito dissuasório e
incentivará os promotores nacionais a assumir suas responsabilidades. O
Tribunal deverá transmitir a mensagem de que a comunidade internacional
não tolerará os crimes contra a humanidade e que seus perpetradores
sentirão o peso da lei.
Em boa medida, os crimes contra a humanidade que o mundo vem
testemunhando desde 1948 sé se repetem devido à impunidade desfrutada
pelos criminosos. Bósnia, Camboja, Chile, Iraque e Ruanda são,
exemplos de alguns países onde ocorrem violações em massa dos
direitos humanos sem que praticamente nenhuma pessoa que as ordenou ou
cometeu tenha sido processada.
|