Direitos
humanos: Na mira da justiça
Dois
ex-ilustres presidentes – Milosevic e Fujimori
– estão na mira da justiça, acusados de crimes contra a
humanidade.
O
ex-presidente da Sérvia e Iugoslávia,
Slobodan Milosevic, está respondendo a processo por crimes
de guerra cometidos na ex-Iugoslávia, diante do Tribunal Penal
Internacional de Haia. O juiz britânico Richard May, presidente
do Conselho que o julgará, proibiu Milosevic de fazer discursos
políticos nas duas vezes em que compareceu diante da Corte.
Milosevic
insiste em acusar o Tribunal de atuar ilegalmente e de ser um
“instrumento político nas mãos dos inimigos da Sérvia e
Iugoslávia”, mas até o momento nada conseguiu, a não ser
irritar os juízes. Carla Del Ponte, promotora do caso, havia
solicitado ao juiz May o adiamento do julgamento, inicialmente
previsto para 9 de janeiro próximo, para que as fossas comuns com
os corpos dos albaneses do Kosovo, descobertas nas últimas
semanas perto de Belgrado, tivessem as investigações necessárias
e, no caso, houvesse a possibilidade de ampliar o leque das acusações
já oficializadas contra o ex-presidente. Além disso, a
promotoria ainda não decidiu quantas testemunhas irá convocar.
De
qualquer maneira, o juiz May acredita que o processo possa começar
em janeiro do próximo ano.
Milosevic
insiste em ignorar a Corte e se nega a eleger representantes
legais.
Além
dele, o Tribunal tenta levar a julgamento outros responsáveis
pelos horrores da guerra, principalmente o coronel Veselin
Sljivancanin, responsável pelo massacre de Vukovar, cometido em
novembro de 1991. Na ocasião,
as forças sérvias executaram mais de 200 feridos do hospital da
cidade. O massacre foi considerado o mais bárbaro de toda a
guerra.
Fujimori
– Do outro lado do mundo, o Parlamento peruano está acusando
formalmente o ex-presidente Alberto Fujimori, refugiado no Japão
desde novembro do ano passado, de assassinato, desaparecimento de
pessoas e lesões graves. É a segunda vez que Fujimori é
denunciado constitucionalmente, sendo a anterior por ter
abandonado o cargo e renunciado à Presidência da República, em
novembro de 2000.
O
relator da subcomissão que investiga os casos, Daniel Estrada,
diz que as ações do governo constituem “crimes de lesa
humanidade e são delitos internacionais puníveis
universalmente”. Estrada informa que o ex-presidente é acusado
de co-autoria nas matanças que aconteceram em Barrios Altos, em 3
de novembro de 1991. Na ocasião, durante uma festa, 15 pessoas
foram mortas.
Em
artigo divulgado na sua página da internet, feita no Japão,
Fujimori se defende alegando que são seus inimigos que estão
tentando envolvê-lo nos assassinatos para poder condená-lo à
prisão perpétua.
Uma
única deputada tenta defendê-lo no Parlamento dentro do Peru. É
Martha Chávez, que diz: “Crêem que, com esse teatro que
montaram, conseguirão impressionar os japoneses para que devolvam
Fujimori. Quem puder ler com atenção todas as peças que fazem
parte das acusações se dará conta de que aqui somente existe
perseguição política, falta de amor à verdade e uma tremenda
injustiça”.
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