Dos
Filhos Deste Solo
NILMÁRIO RESGATA HISTÓRIA
DE MORTES E DESAPARECIDOS
Zenaide Azeredo
JORNAL DE BRASÍLIA - 25/08/1999 - pág. 04
Dos filhos deste solo, livro de 650 páginas,
que o deputado Nilmário Miranda (PT/MG) e o jornalista Carlos Tibúrcio
lançam hoje, no Espaço Cultural da Câmara (16h) e no Carpe Diem
(20h), é uma homenagem aos 20 anos da Anistia. E, mais que isso,
"um resgate da verdade e da memória de militantes de organizações
de esquerda e de outras pessoas que perderam a vida nas lutas contra a
opressão política e a injustiça social existentes em nosso país".
Com esse intróito, o apresentador do livro faz um
questionamento que, na realidade, merece reflexão das novas gerações.
O que elas sabem sobre esse período, sobre esses jovens idealistas que
pegaram em armas acreditando que deveriam mudar o processo político,
arbitrariamente solapado em 1964 por um grupo de militares e civis, uns
por temor ao comunismo e outros pelo receio das reformas de bases
pregadas por Jango?
Talve?????J?z para suprir essa falha hoje existente nos
livros didáticos, o deputado Nilmário Miranda, no terceiro mandato,
transformou em livro o que tem sido sua militância no Congresso desde
1990: o destino das 424 vítimas da ditadura militar e o reconhecimento
de culpa da União pelos seqüestros, prisões, torturas,
desaparecimentos e assassinatos.
E num período em que ninguém acreditava que os
militares cedessem a essa investigação, Nilmário Miranda, mesmo sendo
uma voz isolada no Congresso, persistiu no tema até que, em 1995,
conseguiu que o Congresso aprovasse a Lei 9.140/95, onde fez a reparação
moral das pessoas mortas por motivos políticos. Pesquisa nos processos
existentes, revisão dos casos relatados no Dossiê dos Mortos e
Desaparecidos Políticos, além de entrevistas com familiares, levaram
Nilmário e Tibúrcio à reconstituição da história de cada um dos
mortos e desaparecidos, inclusive daquele que mais celeuma provocou no
meio militar: o ex-capitão Carlos Lamarca. O livro é cheio de
detalhes, contesta cientificamente vários "suicídios".
Embora tenha sido militante da Polop (Política Operária), em seus
tempos de estudante, Nilmário reconhece ter sido a ALN (Aliança
Libertadora Nacional) uma dissidência do PCB (Partido Comunista
Brasileiro), surgida em 1967 e dirigida por Carlos Marighela, a organização
de maior expressão e contingente entre todos os grupos que deflagraram
a guerrilha urbana entre 1968 e 1973.
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