Militantes
Brasileiros dos Direitos Humanos
João Baptista Herkenhoff
Mitos e símbolos
Em todo o transcurso da História
houve mitos e símbolos encarnados em pessoas.
À primeira vista podemos incorrer no equívoco
de supor que um mesmo fenômeno psicossocial
transforma personagens em mitos ou em símbolos.
Mas, na verdade, esses conceitos são bem
diferentes.
A
figura mítica é um sucedâneo
da realidade. Preenche o vazio existencial das
multidões. Consola o ser humano, esmagado
pelas estruturas sociais opressivas. As infinitas
carências de homens e mulheres sem rumo
e sem esperança encontram na personagem
mítica uma ilusória satisfação.
Os mitos enganam o homem e retardam o avanço
da História.
Os
aparelhos de propaganda fabricam mitos. Bandidos
podem ser transformados em heróis. Mas
a mentira não é eterna. A posteridade
faz o acerto de contas e destrona mitos.
Muito
diferente da personagem mítica é
a personagem que se transforma em símbolo.
O tempo não esmaece o fulgor do símbolo.
Muito pelo contrário, o símbolo
ganha vigor no suceder das gerações.
O
mito é produzido pelas várias espécies
de poder – poder econômico, poder
político, poder de interesses mesquinhos,
poder de manipulação de consciências
etc.
O
símbolo tem radicação na
alma do povo. O símbolo não precisa
de propaganda porque é autêntico
e tem a vocação da eternidade. O
símbolo é eleito pelo amor, brota
do coração, tem seu fundamento na
verdade.
Cachoeiro
de Itapemirim (ES) vem de prestar homenagem a
um símbolo. Foi lançado naquela
cidade o livro “Deusdédit Baptista
– cidadão em tempo integral”.
Trata-se
de um elenco de cinqüenta artigos sobre a
figura do advogado, professor, jornalista, pai
de família, cidadão Deusdédit
Baptista.
Deusdédit
Baptista já conquistou a posição
de símbolo na cidade de Cachoeiro. Mas
a história de Deusdédit Baptista
merece transpor os horizontes de sua cidade porque
ele não foi apenas um símbolo de
dimensão local.
Deusdédit
foi símbolo como advogado pela inteireza
de sua ética, pela fidelidade aos seus
patrocinados, pela chama que se tornava gigantesca
quando defendia um pobre.
Deusdédit
foi símbolo como político, dos mais
brilhantes vereadores que este país já
teve, quando, na Câmara Municipal de Cachoeiro
de Itapemirim dava toda quinta-feira (dia das
sessões) uma lição de cidadania,
defendendo sem esmorecimento os interesses da
coletividade. E – diga-se de passagem –
que Deusdédit foi esse Vereador ímpar
num tempo em que a vereança era gratuita.
Deusdédit
foi símbolo como professor, pela dedicação
ao magistério, pela finura com que tratava
os colegas e os alunos, pela extraordinária
cultura, pelos valores que inculcava na alma dos
jovens, mais pelo exemplo do que pelas palavras.
Deusdédit
Baptista, símbolo em minha terra natal,
símbolo para o Brasil, símbolo para
esta época que tanto precisa de luz, foi
verdadeiro “cidadão em tempo integral”,
conforme o inspirado subtítulo dado à
coletânea pelo seu organizador, Bruno Torres
Paraíso. |