Militantes
Brasileiros dos Direitos Humanos
João Baptista Herkenhoff
Dia da Democracia
Na
profusão das datas comemorativas que assinalam
o calendário, a celebração,
em 25 de outubro, do “Dia da Democracia”
poderia parecer de significado menor. Não
será despropositado alguém indagar:
qual o sentido dessa efeméride?
As
gerações jovens principalmente não
têm a possibilidade de estabelecer o cotejo
entre regime democrático e regime ditatorial.
A liberdade parece-lhes natural e diante de certos
episódios lamentáveis que maculam
a Democracia podem ter a tentação
de questionar: na ditadura não seria melhor?
O grande
desafio da Democracia é justamente aceitar
o impacto da liberdade. Dizendo em outras palavras
e recorrendo à força da expressão
popular, tão rica em potencial semântico:
na Democracia “tudo é colocado em
pratos limpos”. Nas democracias: a corrupção
é denunciada; os jornais estampam nas manchetes
as falcatruas; são apontados para conhecimento
geral os conluios espúrios que traem o
interesse público em benefício de
interesses particulares e de grupos privilegiados.
Nas ditaduras os mais vis procedimentos medram
de maneira profunda. Este não é
um fenômeno das ditaduras brasileiras mas
das ditaduras em todo o orbe terráqueo.
Só depois que caem as ditaduras, seus crimes
vêm à tona, os carrascos passam a
ter face e nome, as cifras dos ladrões
são contabilizadas.
Neste
ano, quando o “Dia da Democracia”
ocorre na semana em que se realizam eleições
de segundo turno para Presidente da República
e, em alguns Estados, para Governador, a data
assume expressividade ainda maior.
Suponho
que seria de bom conselho que nas escolas, neste
25 de outubro, os professores debatessem com seus
alunos a questão democrática.
É
certo que ainda não construímos
a Democracia brasileira. É certo que Democracia
não é só votar, mas é
muito mais. Democracia é escola para todos,
condições de vida digna para o povo,
saúde pública de boa qualidade,
futuro para os jovens, trabalho, moradia, segurança,
esperança.
Mas
jamais um povo chegará à Democracia
plena através de uma ditadura que se declare
provisória e que prometa para o amanhã
os frutos da liberdade e o sabor da Justiça.
Só
o exercício democrático constrói
Democracia.
Dois
candidatos disputam a Presidência da República.
Ambos estão tendo a oportunidade de expor
idéias, propor caminhos, apontar desvios,
convencer os eleitores quanto ao merecimento de
cada um.
Talvez
em nenhum país do mundo a Democracia, no
nível político, tenha alcançado
tão alto grau de prática efetiva
como no Brasil contemporâneo. Há
um abismo entre a democracia política que
conquistamos e a democracia social, econômica
e educacional, ainda tão distante. Mas
se conquistamos a primeira, desde os idos das
“Diretas Já”, podemos conquistar
também a Democracia plena que assegure
à generalidade das pessoas a realização
das aspirações condizentes com a
dignidade humana de que todos somos portadores. |