Militantes
Brasileiros dos Direitos Humanos
João Baptista Herkenhoff
Dia das Nações
Unidas
O “Dia
Mundial das Nações Unidas”,
que se celebra em 24 de outubro, é todo
ano motivo para registros e debates na imprensa,
nas escolas, nas igrejas. Como já é
de tradição, não apenas o
dia, mas a própria semana da ONU provoca
a realização de palestras e eventos.
A primeira
falsa idéia, que deve ser afastada, é
a de que a Organização das Nações
Unidas é uma instituição
distante, sediada em Nova York, sem qualquer vinculação
com nossa realidade.
Na
medida em que evita as guerras, ou pelo menos
evita o alargamento das guerras, na medida em
que lança sementes de paz, na consciência
da Humanidade, a ONU está ligada a nossa
vida, pois as guerras, sucedam onde sucederem,
afetam nosso cotidiano neste planeta que, a cada
via, torna-se mais ainda uma aldeia global.
Muitas
reservas são opostas à ONU, tanto
por autorizar e decretar intervenções
militares, em diversas ocasiões, quanto
por mostrar-se impotente de impedir as agressões
nas hipóteses em que o próprio organismo
condena o ato belicoso.
Se
a ONU, no que tange a seu papel de guardiã
da paz, tem falhado, não se pode deixar
de reconhecer seu mérito em inúmeros
outros campos de atuação. É
magnífico o trabalho da ONU na educação,
na saúde, na defesa e proteção
do refugiado, na luta contra a miséria,
na busca de preservação do meio
ambiente, na construção de uma ideologia
da paz.
A Carta
das Nações Unidas, que criou a ONU,
estabeleceu como um dos propósitos desse
organismo internacional promover e estimular o
respeito aos Direitos Humanos.
Em
atendimento a esse objetivo, o Conselho Econômico
e Social, órgão responsável
por esta matéria no seio da ONU, criou
a Comissão de Direitos Humanos.
A Comissão
de Direitos Humanos, como sua primeira empreitada,
discutiu e votou a Declaração Universal
dos Direitos Humanos, submetida depois à
Assembléia Geral, que a aprovou e proclamou
no dia 10 de dezembro de 1948.
O trabalho
da ONU, em favor dos Direitos Humanos, não
tem sido realizado pelo Conselho de Segurança,
um esdrúxulo organismo no qual nações
poderosas têm “poder de veto”,
em radical oposição ao princípio
da igualdade jurídica das Nações,
postulado da mais profunda radicação
ética defendido por Rui Barbosa já
na Conferência de Haia, em 1907.
A luta
da ONU pelos Direitos Humanos deve ser creditada
a suas agências especializadas e à
Assembléia Geral, um organismo democrático
onde se assentam, com igualdade, todas as nações.
Os
que lutam pelos Direitos Humanos, pela germinação
de uma consciência de paz e tolerância
no coração dos povos, pela educação,
pela saúde, pelo meio ambiente, em favor
do refugiado, dentro da ONU, não são
os mesmos que fazem a guerra. Estas são
contradições presentes nas mais
diversas instituições humanas. |