Militantes
Brasileiros dos Direitos Humanos
João Baptista Herkenhoff
Educação
libertadora
Quando se inicia o ano letivo
nas mais diversas escolas, parece-me oportuno
refletir sobre a Educação libertadora,
relembrando o legado de Paulo Freire.
A
Educação pode jogar um papel decisivo
no crescimento da cidadania, na formação
da consciência da dignidade inerente a todo
ser nascido de mulher e mesmo, num estágio
mais avançado, na consciência da
grandeza de todos os seres, como expressão
cósmica da Criação.
Um
projeto de Educação Popular deve
orientar-se numa linha de educação
libertadora.
A
propósito, cremos que permanece absolutamente
válida a reflexão de Paulo Freire.
A proposta desse educador brasileiro, internacionalmente
respeitado, foi depois enriquecida por muitos
pensadores e pela prática militante de
educadores populares.
A
educação não é uma
doação dos que julgam saber aos
que se supõe nada saibam.
Deve
ser recusada, como acanhada, a concepção
que vê o educando como arquivista de dados
fornecidos pelo educador.
Rejeite-se,
por imprestável, a passividade do educando,
na dinâmica do processo educacional.
Diga-se
"não" à educação
paternalista, ao programa imposto, ao rítmo
pré-estabelecido, à auto-suficiência
do educador.
Tenha-se
presente, como absolutamente atual, o anátema
de Paulo Freire à visão da palavra
como amuleto, independente do ser que a pronuncia.
Esteja-se atento ao seu libelo contra a sonoridade
das frases, quando se esquece que a força
da palavra está na sua capacidade transformadora.
A
educação libertadora vê o
educando como sujeito da História. Vê
na comunicação "educador-educando-educador”
uma relação horizontal. O diálogo
é um traço essencial da educação
libertadora. Todo esforço de conscientização
baseia-se no diálogo, na troca, nas discussões.
A
humildade é um pré-requisito ético
do educador que se propõe a ajudar no processo
de libertação pela educação.
A
educação libertadora busca desenvolver
a consciência crítica de que já
são portadores os educandos. Parte da convicção
de que há uma riqueza de idéias,
de dons e de carismas na alma e no cotidiano dos
interlocutores.
O
projeto final da educação libertadora
é contribuir para que as pessoas sejam
agentes de transformação do mundo,
inserindo-se na História. Para isto é
preciso que as pessoas decifrem os aparentes enigmas
da sociedade. Os marginalizados devem refletir
sobre sua situação miserável
e anti-humana. Devem identificar os mecanismos
sócio-econômicos responsáveis
pela marginalização e pela negação
de humanidade. Devem buscar os caminhos para mudar
as situações de opressão.
O
mundo não é uma realidade estática
mas uma realidade em transformação.
Somos os arquitetos do mundo. O fatalismo é
uma posição cômoda, mas falsa.
Educandos
e educadores, na perspectiva da educação
libertadora, vão buscar juntos as chaves
para transformar o mundo.
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