"O mundo
dos fatos não conduz a nenhum caminho para o mundo dos
valores" Albert Einstein
EMPIRE
Globalização ou mundialização
são palavras fáceis para a evasiva do poder que, apesar disso,
não esconde a sua força ilimitada. O que está se globalizando
é a cultura do consumo, o poder do mercado, o comando do
capitalismo. Por enquanto, ou quem sabe para sempre, sem
ordenamento jurídico. Este é o conceito real de império que
pela primeira vez em 2 mil anos está se realizando
integralmente, segundo o cientista social e filósofo italiano
Antonio Negri. Mas Michael Hardt, professor de literatura e
filosofia da Universidade de Duke (EUA) e parceiro de Negri no
livro Empire (Harvard University Press), afirma que é
importante distinguir o império do imperialismo. "Por
imperialismo nós entendemos as estruturas políticas e
econômicas ao longo das quais os países europeus estenderam
seu poder sobre outras nações e territórios do século 17 ao
20". De acordo com Hardt, os vários regimes europeus
imperialistas foram necessariamente limitados uns pelos outros,
"em contraste, o império atual é único e não possui
competidores semelhantes a ele". Para Negri e Hardt, um
aspecto dessa diferença é que o império não depende do
Estado-nação como base do seu poder do mesmo modo que
dependiam os imperialismos europeus. "No império, nenhum
Estado-nação pode funcionar como centro de poder".
ECHELON 2
Antonio Negri e Michael Hardt
descartam totalmente a idéia do imperialismo norte-americano.
Até onde se sabe, a sanha capitalista dos EUA se espalhou pelo
globo feito uma cultura maligna com seus valores essencialmente
materiais. O pior, entretanto, é o controle que a poderosa
nação do norte quer impor sobre todas as atividades da vida
humana, individuais e coletivas. Aliás, quer não, já impõe
soberanamente, com recursos que a tecnologia mais avançada pode
conseguir, através da vigilância total e 24 horas por dia. O
Echelon é um desses recursos. O gigantesco sistema eletrônico
de espionagem - chamado de Echelon - cujo centro de informação
é nos EUA, tem condições de interceptar diariamente mais de 3
bilhões de mensagens por telefone, e-mail ou fax. Os
computadores empregados pelo sistema são capazes de decodificar
e filtrar quantidades imensas de mensagens alfanuméricas, pode
acionar os seus satélites, computadores interligados e câmaras
para espionar, localizar e perseguir qualquer pessoa em qualquer
parte do planeta. Inimigo do Estado (Tony Scott, 1998) e Sete
Pecados (David Fincher, 1995) são filmes que retratam a força
do Echelon, sem nenhum exagero. Se isso não for poder
imperialista, meu engano é mortal. As evidências da
existência e das atividades do Echelon são contundentes. O
Parlamento Europeu recebeu denúncias produzidas por seu Comitê
de Avaliação Científica e Tecnológica, segundo o qual os EUA
usam o Echelon para praticar espionagem econômica e industrial
na América Latina, na Rússia, na China e em diversos países
europeus, inclusive Inglaterra e França.
SONHO VIGIADO
Nenhum povo é mais eufemista que
os americanos. São eles com a sua "democracia
capitalista" que resolvem sempre todos os problemas dos
países pobres, os quais nunca estão sem os seus pepinos de
sempre: miséria, desemprego, penúria social, dívidas
impagáveis que se amontoam diuturnamente. Mas os heróis, os
john waynes, são eles, os big brothers, os donos da idéia
capitalista e da cultura consumista, são eles que vivem e
corroboram o fim do mundo, disfarçados de mocinhos. E agora,
eles querem vigiar o teu sonho.
HOLOCAUSTO GLOBAL
A filósofa francesa, Susan
George, defende que o método de seleção aplicado nos campos
de concentração nazistas está na base da estratégia
neoliberal implementada em escala mundial. Segundo ela, o
caráter genocida está implícito na estratégia global do
neoliberalismo A filósofa constata o que todo mundo sabe e se
revolta desde a adolescência, que o sistema atual é uma
máquina universal de destruição do ambiente e de produção
de perdedores. Só que ela se põe no lugar dos que lucram com a
desgraça alheia, os capitalistas, para conceber um recurso
literário extremamente instigante: imaginou que alguns
incógnitos membros da elite global encomendaram a um grupo de
trabalho formado por especialistas de todas as ciências humanas
um estudo sigiloso destinado a "definir os dados
estratégicos que permitirão manter, desenvolver e reforçar o
domínio da economia capitalista liberal de mercado e os
processos que o termo globalização resume de modo
eficiente". O resultado é um misto de ficção com dados
reais e devidamente ponderados, apresentados na linguagem fria e
implacável da tecnocracia, com o nome de Relatório Lugano -
Assegurar a Perenidade do Capitalismo no Século 21. No tal
relatório imaginado por Susan George, as conclusões são as
seguintes: 1- não existe a menor possibilidade de integrar a
população mundial - o sistema exclui 90% dos 6 ou 8 bilhões
de terráqueos; 2- antes da globalização os processos
econômicos operavam por adição, mas hoje, precisamente porque
se tornaram internacionalizados, operam por subtração: quanto
mais se eliminam elementos humanos custosos (mão-de-obra), mais
os lucros aumentam; 3- a cultura capitalista se caracteriza pela
"destruição criadora"; 4- as condições mínimas
para que o capitalismo global perdure não podem ser satisfeitas
nas atuais condições demográficas - não se pode ao mesmo
tempo apoiar o capitalismo e continuar tolerando a presença de
bilhões de humanos supérfluos; 5- uma população total do
planeta mais reduzida é o único meio de garantir a felicidade
e o bem-estar da maioria das pessoas - se desejarmos preservar o
sistema liberal, não há alternativa.
FLAGELOS
O Relatório Lugano propõe, como
estratégia para a redução da população, uma atualização
concertada dos flagelos configurados pelos quatro cavaleiros do
Apocalipse: a conquista, a guerra, a fome e a peste. Nesta
perspectiva, fica fácil entender os conflitos regionais, as
crises, as epidemias e os desmanches que assolam as economias e
sociedades do Terceiro Mundo. Já não é mais segredo que os
poderosos donos do mundo dominam uma tecnologia - coisa que
parece muito com os filmes "B" de ficção científica
- chamada Escalar, capaz de provocar terremotos, enchentes,
furacões, aumento ou redução de temperatura e alteração
radical no clima, pestes e genocídios em qualquer ponto do
planeta. Ou seja, enquanto Susan George foi imaginar quais as
possíveis estratégias para a preservação do atual modelo
neoliberal, os donos do mundo já estão preparando a etapa
final do seu plano de domínio.
REDUNDÂNCIA
É claro que eles, os donos do
mundo, devem ter os seus relatórios, impublicáveis, feitos
pelos melhores especialistas que o dinheiro pode comprar, com
estratégias até muito mais poderosas do que as imaginadas por
nossa vã ignorância. Afinal, eles sustentam há muito tempo
este sistema perverso em que tudo é descartável, até mesmo
pessoas - e estão comprando o resto do mundo como num jogo
inconseqüente, espalhando em cada ponto do planeta a sua
cultura de "destruição criativa". Agora, durma com
um pesadelo desses.