| DECLARAÇÃO
                DE BUDAPESTE SOBRE A CONDENAÇÃO
                DE MUTILAÇÃO GENITAL FEMININA (Adotada pela 45ª
                Assembléia Geral da Associação Médica Mundial em Budapeste,
                Hungria, outubro de 1993)   PREÂMBULO 
                A mutilação genital feminina (FGM) afeta mais de 80 milhões
                de mulheres e meninas no mundo. É praticada por muitos grupos
                étnicos em mais de trinta países.  
                Em muitos países o problema foi um assunto durante algum tempo,
                especialmente devido à presença de grupos étnicos de países
                nos quais a FGM é prática comum: imigrantes, refugiados,
                pessoas que fugiram da fome e da guerra. 
                Devido seu impacto na saúde física e mental de mulheres e
                crianças, a FGM é considerada um assunto de preocupação para
                os médicos. Os médicos mundialmente são confrontados com os
                efeitos desta prática tradicional. Às vezes lhes pedem que
                executem este procedimento mutilador.   Há várias formas 
                                de mutilação genital feminina. Pode ser uma circuncisão 
                                primária para meninas jovens, normalmente entre 
                                5 e 12 anos de idade, ou uma circuncisão secundária, 
                                por exemplo, depois de parto. A extensão de uma 
                                circuncisão primária pode variar de uma incisão 
                                no prepúcio do clitóris até uma circuncisão com 
                                remoção do clitóris e dos pequenos lábios ou sutura 
                                dos grandes lábios, de forma que só reste uma 
                                abertura mínima para escoar urina e sangue menstrual.  
                Dependendo da extensão da circuncisão, a mutilação genital
                feminina afeta a saúde das mulheres e meninas. A observação
                tem demonstrado o dano dano permanente para a saúde. Complicações
                agudas de FGM são: hemorragias, infecções, sangramento de órgãos
                adjacentes, dor violenta. As complicações tardias são:
                cicatrizes malignas, infecções urológicas crônicas, complicações
                obstétricas e problemas psicológicos e sociais. A mutilação
                genital feminina tem conseqüências sérias para sexualidade
                como mostra a experiência. Há uma multiplicidade de complicações
                durante o parto (perturbações na expulsão, formação de fístula,
                roturas e incontinência).  
                Até mesmo a versão menos drástica da incisão no clitóris,
                pode trazer complicações e conseqüências funcionais.  
                Há várias razões para se explicar o avanço da existência e
                da continuação da prática da mutilação genital feminina:
                costume e tradição (preservar virgindade de meninas jovens e
                limitar a sexu?????g?alidade de mulheres) e razões sociais. Tais razões
                não justificam os graves danos sobre a saúde.  
                Nenhuma das principais religiões faz referência explícita a
                circuncisão feminina nem apoia esta prática. A opinião médica
                atual é que FGM é prejudicial à saúde física e mental de
                meninas e mulheres. A FGM é vista por muitos como uma forma de
                opressão às mulheres.  
                Em geral há uma forte tendência em condenar as implicações
                da FGM : - Há campanhas ativas contra a prática na África.
                Muitas lideranças femininas africanos como também líderes
                africanos de países emitiram veementes declarações contra
                essa prática. - Agências internacionais como a Organização
                Mundial de Saúde, as Nações Unidas e a UNICEF recomendam que
                medidas específicas sejam apontadas na erradicação da FGM. -
                Os governos de vários países criaram leis sobre o assunto ou
                condenaram a prática da FGM em seus códigos criminais. CONCLUSÃO A
                Associação Médica Mundial condena a prática de mutilação
                genital, inclusive circuncisão em mulheres e meninas, e
                condenam a participação de médicos na execução de tal prática.   RECOMENDAÇÕES 
                  
                    1. Levando em
                    conta os direitos psicol?????g?ógicos e a identidade cultural das
                    pessoas envolvidas, os médicos devem informar as mulheres,
                    homens e crianças sobre a mutilação genital feminina e
                    devem lhes impedir de executar ou de promover a FGM. Médicos
                    devem integrar aconselhamentos de promoção a saúde contra
                    a FGM no trabalho deles.
                    2. Em conseqüência,
                    os médicos devem ter bastante informações e devem apoiá-los
                    por agir contra isso. Devem ser ampliados e desenvolvidos os
                    programas educacionais relativos a FGM .
                    3. As Associações
                    Médicas devem informar o público e os profissionais sobre
                    os efeitos prejudiciais da FGM.
                    4. As Associações
                    Médicas devem estimular a ação governamental evitando a
                    prática da FGM. 
                    5. As Associações
                    Médicas devem cooperar em organizar meios preventivos
                    apropriados e estratégia legal quando uma criança estiver
                    em risco de sofrer uma mutilação genital feminina.  |