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Operação Colômbia: O perigo vem do céu

Nem só de aviões e Antraz se faz um atentado terrorista. Os Estados Unidos estão promovendo chuva de veneno na Amazônia.

Maria Luisa Mendonça

 

A atual ameaça de uma chamada “guerra biológica” difundida nos Estados Unidos tem causado uma situação de insegurança jamais vista naquela sociedade. Porém, muitas comunidades na América Latina têm sido vítimas do mesmo tipo de agressão por parte do governo estadunidense.

Um exemplo atual são as fumigações de produtos químicos na floresta amazônica, patrocinadas através do Plano Colômbia. Desde o início dessa ofensiva militar, em 2000, mais de 1 milhão de hectares da floresta colombiana já foram contaminados por agentes químicos, sob o pretexto de combater o cultivo de coca. Esse desastre ecológico é conhecido como “Tormenta Verde”. Um desses venenos empregados chama-se Round up Ultra. Seu efeito é 26 vezes maior do que o permitido pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos para uso agrícola. Outro que preocupa é o fungo Fusarium Oxysporium, produzido pelo Departamento de Agricultura estadunidense. Além da destruição ambiental na Colômbia, as fumigações têm atingido outros países na região. Representantes da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) lançaram recentemente um relatório sobre os impactos do envenenamento na fronteira da Colômbia com o Equador.

“Nosso objetivo é levar essa denúncia aos governos e organizações sociais, pois essa é uma questão urgente e estratégica no contexto político internacional”, explica Blanca Chancoso, dirigente de relações internacionais da Conaie. Com o apoio de profissionais técnicos, a entidade organizou um estudo que abrange os territórios indígenas das comunidades Cofanes, Kichwas e Shuar. Essas nações indígenas, localizadas na região de fronteira, do lado equatoriano, apresentam situação semelhante àquela das comunidades indígenas de Awas, Huitotos, Ingas, Bora, Pastos, Coreguajes e Miraná, localizadas na Colômbia.

O estudo demonstra que as fumigações – patrocinadas pelos Estados Unidos e justificadas pelo governo colombiano como forma de combater a produção de coca – têm sido responsáveis por sérias doenças e resultado na morte de crianças indígenas. Além disso, as fumigações indiscriminadas estão destruindo a biodiversidade da região amazônica, causando a destruição da fauna e da flora, e ameaçando a segurança alimentar da população.

Conflito difuso – Outra conseqüência direta das fumigacões é o deslocamento de povos indígenas, que têm sido obrigados a abandonar suas terras.

O relatório da Conaie denuncia ainda o governo equatoriano pela violação do acordo com organizações indígenas, sociais e camponesas, assinado em 7 de fevereiro deste ano e que, em seu artigo 16, determina: “Não permitir a regionalização do Plano Colômbia nem envolver o país em um conflito alheio”.

O acordo estabelece que o governo equatoriano deve “exigir indenizações aos governos dos EUA e da Colômbia por todos os danos que a execução do Plano Colômbia provoque na sociedade, na economia e no meio ambiente equatoriano”.

Outras preocupações da Conaie são a regionalização do conflito social e armado da Colômbia para outros países latino-americanos e a apropriação de recursos naturais amazônicos por empresas transnacionais, particularmente os setores ligados à exploração do petróleo e as indústrias bélicas.

As populações indígenas suspeitam que as fumigações façam parte de uma estratégia de grandes empresas e do governo estadunidense para garantir o controle da região amazônica.

Estrangeiro na terra – Desde o ano passado, as fumigações têm sido intensas na região de fronteira, principalmente nas margens do rio San Miguel, a 50 quilômetros do território colombiano. No dia 19 de julho deste ano, a equipe técnica responsável pela elaboração do relatório colheu uma série de depoimentos na região. “As crianças, que antes brincanvam, estão com dor de cabeça e diarréia. Nessa comunidade havia quinhentas pessoas e, hoje, há menos de duzentas, porque as fumigações acabaram com a colheita. Estamos contaminados e sem meios de sobrevivência”, explica Edgar Balcazar, da comunidade 10 de Agosto.

Uma das comunidades mais atingidas pelo envenenamento, a San Francisco 2, está localizada a 2 quilômetros da fronteira com a Colômbia. Olmedo Avilés, uma das lideranças locais, recorda que “a felicidade e a paz reinavam e não conhecíamos esse tipo de doença. Agora, estamos morrendo como estrangeiros em nossa própria terra”.

As doenças causadas pelas fumigações são desconhecidas pelos curandeiros tradicionais, que têm sido obrigados a deixar suas comunidades por causa da contaminação das plantas utilizadas em seu trabalho.

Alguns dos sintomas detectados nas comunidades indígenas a partir do início das fumigações são anemia, catarro, conjuntivite, atraso psicomotor, transtornos neurológicos, gastrite, sangramento vaginal, problemas respiratórios, digestivos e cutâneos. Além disso, o relatório da Conaie registrou a morte de quatro crianças, em conseqüência da chuva de veneno.

Ao final do relatório, as organizações indígenas, sociais e camponesas recomendam o fim das fumigações e a realização de uma série de ações para remediar seus enormes impactos sociais, econômicos e ambientais. Entre elas, o documento propõe indenizações para as comunidades atingidas e a criação de uma comissão de vigilância, formada por setores governamentais e organizações sociais, com o objetivo de monitorar as regiões de fronteira.

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