O
Kitáb-i-Aqdas
Diferentemente dos Livros Sagrados
já abordados, Bahá’u’lláh (1817-1892), o Profeta fundador da Fé
Bahá’í, o escreveu de seu próprio punho, junto com outra centena
de obras, como o Kitáb-i-Iqán, As Palavras Ocultas e Os Sete Vales
e designou o seu livro de leis como O Sacratíssimo Livro, O Kitáb-i-Aqdas,
que pode ser considerado como a mais brilhante emanação de sua
mente.
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Filho de um ministro da
Corte do Xá da Pérsia, tendo nascido em 12 de novembro 1817, na
cidade de Teerã (Irã), Bahá’u’lláh, a exemplo dos Mensageiros
de Deus que O procederam, teve a experiência mística de sua
designação como Revelador da Palavra Divina em outubro de 1852,
enquanto aprisionado na fétida masmorra de Teerã, chamada
Siyáh-Chál (Cova Negra).
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Daquele lugar sombrio ele
escreveu:
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"Fomos confinados por
quatro meses em um lugar repugnante como nenhum outro. . . A masmorra
estava imersa em espessa escuridão, e Nossos companheiros de prisão
somavam aproximadamente cento e cinquenta almas: ladrões, assassinos
e salteadores. Embora superlotada, não tinha nenhuma outra saída a
não ser a passagem pela qual entrára-mos. Nenhuma pena pode retratar
aquele lugar, nem língua alguma descrever seu odor fétido. A maioria
daqueles homens não tinham roupas, nem sequer uma esteira para
deitar. Só Deus sabe o que Nos sobreveio nesse mais nauseabundo e
lúgubre dos lugares!"
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Sendo seus seguidores
condenados aos mais violentos atos de crueldade e perversidade, tais
como serem explodidos em bocas de canhões, retalhados até à morte
com machados e espadas ou forçados a marchar para a morte com velas
acesas inseridas em feridas abertas em seus corpos, tentaram
obriga-los a renegarem sua Fé em troca da sobrevivência: este era o
cenário em que a Revelação Divina, uma vez mais, habitava um templo
humano.
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O primeiro sinal de sua
missão como profeta foi alí recebido, em um momento em que sua morte
parecia ser iminente. Ele descreve então aquele momento místico, o
qual transformaria uma vez mais o rumo do destino humano, nestas
palavras: Uma noite, em sonho, essas exaltadas palavras foram ouvidas
de todos os lados: "Verdadeiramente, Nós Te faremos vitorioso
por Ti mesmo e por Tua pena. Não lamentes pelo que Te tem sobrevindo,
nem temas, pois estás em segurança. Em breve, Deus fará que se
ergam os tesouros da Terra – homens que hão de ajudar-Te por Ti e
por Teu Nome, por meio do qual Deus ressuscitou o coração dos que O
reconheceram."
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O Kitáb-i-Aqdas foi
revelado em 1873, enquanto Bahá’u’lláh fora transferido para a
casa de ‘Udi Khammár, na cidade-prisão de ‘Akká, Palestina. É
um Livro que contém as jóias inestimáveis de sua Revelação,
inculca princípios para o estabelecimento de uma Nova Ordem Mundial,
prescreve a existência de instituições administrativas dessa mais
recente Fé Mundial e se sobressai como um Livro único e
incomparável entre as Sagradas Escrituras do passado. Shoghi Effendi
(1897-1957) sobre a importância deste precioso Livro escreveu que
"diferentemente do Velho Testamento e dos Livros Sagrados que o
precederam, nos quais não existem preceitos efetivamente emitidos
pelo próprio Profeta; diferente dos Evangelhos, nos quais os poucos
ditos atribuídos a Jesus Cristo não fornecem um roteiro certo quanto
à administração futura dos assuntos de Sua Fé; diversamente mesmo
do Alcorão – o qual, embora explícito nas leis e preceitos
formulados pelo Apóstolo de Deus, silencia sobre o assunto
importantíssimo da sucessão – o Kitáb-i-Aqdas, revelado do
começo ao fim pelo próprio Autor da Revelação, não só preserva
para a posteridade as leis e preceitos básicos sobre os quais deverá
assentar a estrutura de sua Ordem Mundial, mas também estabelece,
além da função de interpretação que é conferida a seu sucessor,
as instituições imprescindíveis à preservação e integridade e da
unidade de Sua Fé." O Kitáb-i-Aqdas é descrito por São João
no Apocalipse como "o novo céu" e a "nova terra",
como "o tabernáculo de Deus", a "Cidade Santa", a
"Noiva" e como "a Nova Jerusalém descendo de
Deus." Neste Livro, destinado a ser a Carta Magna da futura
civilização mundial, Bahá’u’lláh anuncia a Lei Suprema,
proclama-se o Rei dos Reis, declara este Livro como "a Balança
Infalível" estabelecida entre os homens. O Kitáb-i-Aqdas trata
da sucessão, designando ‘Abdu’l-Bahá como sucessor de Bahá’u’lláh
e intérprete de seus ensinamentos, antecipa a instituição da
Guardiania e da Casa Universal de Justiça, estabelece as leis
espirituais, morais e éticas, especifica as proibições, faz
repreensões e advertências a governantes, a indivíduos e à
coletividade.
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Sobre o Livro, Bahá’u’lláh
escreveu:
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Não penseis que vos
tenhamos revelado um mero código de leis. Não, mais exatamente,
deslacramos o Vinho seleto, com os dedos da grandeza e poder. Disto,
dá testemunho aquilo que a Pena da Revelação revelou. Meditai
nisto, ó homens de discernimento! Este Livro é um céu que adornamos
com as estrelas de Nossos mandamentos e proibições. Dizei, ó
homens! Tomai-o com a mão da resignação . . .
-
Por Minha vida! Foi
enviado de uma maneira que pasma as mentes dos homens. Na verdade, é
o Meu mais momentoso testemunho a todos os povos, e a prova do
Todo-Misericordioso para todos que estão no céu e na terra. Por
Minha vida, se soubésseis o que desejamos para vós ao revelar Nossas
sagradas leis, ofereceríeis vossas almas por esta sagrada, poderosa e
sublime Causa.
-
Sempre que Minhas leis
aparecem como o sol no céu de Minhas palavras, devem ser obedecidas
fielmente por todos, ainda que Meu decreto seja de tal natureza que
faça romper-se o céu de cada religião. Ele age do modo que seja do
Seu agrado: escolhe, e ninguém pode questionar Sua escolha. Qualquer
coisa que Ele o Bem-Amado, ordene, isto é, em verdade, amado.
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O Kitáb-i-Aqdas tem uma
linguagem direta ao espírito humano, firme como um rochedo,
inebriante como uma fragrante rosa, belo e enternecedor como um
pôr-do-sol, amplo como um oceano. Concede vida aos mortos
espiritualmente, sacia a sede dos peregrinos em busca da Presença de
Deus, o Bem-Amado.
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É, a um tempo, uma
dádiva para nossa civilização, despontando como a fonte da
autoridade moral para uma Nova Ordem em um momento em que a família
humana encontra-se gravemente enferma e infeliz por ter se afastado de
Deus por tão longo tempo.
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Neste Livro, está
escrito:
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Não vos lamenteis em
vossas horas de provação, nem nelas regozijeis; procurai o Caminho
do Meio que é vos lembrardes de Mim em vossas aflições, e reflexão
sobre o que vos possa advir no futuro. Assim vos informa Aquele que é
o Onisciente.
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Casai-vos, ó povos, para
que apareça de vós quem faça menção de mim. . . .
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Sois apenas vassalos, ó
reis da Terra! Apareceu Aquele que é o Rei dos Reis, adornado em Sua
mais maravilhosa glória, e vos convoca a Si Próprio, o Amparo no
Perigo, O que Subsiste por Si.
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A verdadeira liberdade
consiste na submissão do homem a Meus Mandamentos, embora isto pouco
vos seja sabido. Fossem os homens observar o que Nós lhes mandamos do
Céu da Revelação, eles atingiriam, com toda a certeza, a liberdade
perfeita.
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Associai-vos a todas as
religiões com amizade e concórdia, para que possam inalar de vós a
doce fragrância de Deus.
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O equilíbrio do mundo foi
alterado através da influência vibrante desta nova e mais grandiosa
Ordem Mundial. A vida regulada do gênero humano foi revolucionada por
meio deste Sistema único, maravilhoso – cujo igual jamais foi
testemunhado por olhos mortais.
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O Kitáb-i-Aqdas é o mais
recente livro sagrado da humanidade, revelado em árabe em meados do
século passado. Ficou acessível ao Ocidente no ano de 1993 através
da tradução para o inglês, a partir da qual rapidamente procedeu-se
à tradução para inumeráveis outros idiomas, inclusive para a
língua portuguesa.
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