Preguiça
(...) Se,
extirpando do peito o vício
que a domina e que avilta sua natureza, a classe operária
se levantasse em sua força terrível, não para exigir os Diretos do Homem, que não passam dos direitos da exploração
capitalista; não para reivindicar o Direito
ao Trabalho, que
não passa do direito à miséria, mas para forjar uma lei de
bronze que proíba o trabalho além de três horas diárias, a
Terra, a velha Terra, tremendo de alegria, sentiria brotar
dentro de si um novo universo... Mas como exigir de um proletário
corrompido pela moral capitalista uma decisão viril?
Como Cristo,
dolente personificação da escravidão antiga, os homens,
mulheres e crianças do proletariado sobem penosamente, há um século,
o duro calvário da dor; há um século, a fome retorce suas
entranhas e alucina suas mentes! Preguiça, tenha piedade de
nossa longa miséria! Preguiça,
mãe das artes e das virtudes nobres, seja o bálsamo das
angústias humanas.
Paul
Lafargue In O
Direito à Preguiça (Panfleto
revolucionário de 1880)
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