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 Desigualdade
              entre Negros e Brancos no Brasil   Centro
              de Justiça Global Apesar do mito da democracia racial, os índices de desigualdade
              econômica e social entre negros e brancos demonstram o grau de
              racismo existente no país. A idéia de que não existe discriminação
              racial no Brasil foi amplamente difundida durante o regime
              militar. O Censo de 1970 não incluía a categoria "raça"
              e, portanto, não se estimulava o debate sobre a questão racial
              no país. Mesmo assim, estudos realizados no Brasil e no exterior
              demonstram que apesar das desigualdades estarem baseadas em
              classes sociais, o fator racial deve ser incluído nesse tipo de
              análise. De acordo com Florestan Fernandes, a discriminação que
              afeta as pessoas de cor escura no Brasil é conseqüência de uma
              mistura entre preconceito racial e de classe.
 O
              Censo de 1990 demonstrou que a renda da população branca é 2,12
              vezes maior do que a da população parda e 2,41 vezes maior do
              que a da população negra. Essa pesquisa indicou também que
              18,9% da população branca tinha 11 ou mais anos de escolaridade,
              enquanto somente 6% da população negra alcançou esse nível.
              Esse tipo de estudo tem ajudado a reverter a idéia de que o
              Brasil é uma "democracia racial". Uma
              pesquisa do Datafolha, realizada em 1995, revelou que 89% da
              população acreditava que os brancos eram preconceituosos em relação
              aos negros. Essa pesquisa incluiu também referências a 12
              expressões de conteúdo racista, entre elas: "o bom negro
              tem alma branca" e "quando o negro não suja na entrada,
              suja na saída", e revelou que 87% dos brancos concordavam
              com pelo menos um desses dizeres. Um
              recente estudo realizado pela FASE (Federação de Órgãos para
              Assistência Social e Educacional), desenvolvido no projeto
              "Brasil 2000 – Novos marcos para as relações
              raciais", sobre Indicadores de Desenvolvimento Humano,
              demonstra o alto grau de desigualdade entre negros e brancos no país.
              Os Indicadores de Desenvolvimento Humano (IDH) foram desenvolvidos
              pelo Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento (PNUD), e
              classificam os 174 países do mundo dentro de um ranking que
              agrega três variáveis básicas: renda per capita,
              longevidade e alfabetização combinada com a taxa de
              escolaridade. O estudo da FASE se baseou na mesma metodologia do
              PNUD para medir as desigualdades entre a população branca e a
              população de descendência africana (negros e pardos). Esse
              estudo se baseou em dados da Pesquisa Nacional por Amostragem
              Domiciliar (PNAD), de 1998. O
              estudo da FASE revela que, segundo o ranking divulgado pelo PNUD,
              baseado em dados de 1999, o Brasil ocupa o 74º lugar. Se aplicássemos
              o mesmo indicador para a população branca, o Brasil ocuparia a
              49ª posição. Entretanto, se o estudo fosse aplicado à população
              afro-descendente, o Brasil estaria na 108º posição. Esse estudo
              também demonstra que a expectativa de vida da população branca
              hoje é de cerca de 70 anos, enquanto a expectativa de vida dos
              afro-descendentes não ultrapassa os 64 anos. Nessa proporção, a
              desigualdade entre brancos e negros demoraria 160 anos para ser
              superada. Segundo
              a pesquisa da FASE, o grau de desigualdade educacional entre
              afro-descendentes e brancos é tal que no ano de 1997 os índices
              educacionais referentes aos brancos eram um pouco inferiores aos
              do Chile e os dos afro-descendentes ficavam próximos aos da
              Swazilândia. O rendimento médio familiar per capita para
              o ano de 1997 foi de 0,74 para a população branca e 0,60 para a
              população afro-descendente. Enquanto os brancos têm um
              rendimento médio familiar de 3,12 salários mínimos, os
              afro-descendentes possuem rendimento médio familiar de apenas
              1,32 do salário mínimo. |