Divulgação
“Não
se acende uma luz para colocá-la debaixo da cama, mas sim no
alto para que ilumine a todos que
estão em casa...”, diz um sábio ditado antigo. Este
deve ser o objetivo deste trabalho: após tantos meses de coleta
de informações, arquivamento de recortes de jornal, interpretação
e redação do relatório de conclusão, chegamos finalmente à
parte que dá mais satisfação – a divulgação do dossiê.
Dispomos
da versão impressa do relatório em mãos, os autores do mesmo
assim como todos os membros do grupo devem lê-lo
cuidadosamente, anotando e corrigindo pequenos erros que tenham
escapado dos revisores. Sobretudo os autores do dossiê e
dirigentes do grupo homossexual devem memorizar os principais números
e tendências aí revelados a fim de responder com exatidão e
segurança quando entrevistados por repórteres ou precisarem
falar sobre tais crimes.
É
primordial organizar criteriosamente uma lista e mala-direta com
todas as entidades e personalidades que julgamos ser importante
que tomem conhecimento e possam colaborar com a erradicação
dos crimes e discriminações homofóbicas.
Nunca
é demais lembrar que correspondências bem endereçadas, com o
nome certo e o cargo dos destinatários atingem mais diretamente
seu alvo, pois correm menos risco de se perderem ou ficarem
engavetadas sem atingir seu objetivo final. Eis uma sugestão de
destinatários ideais para enviar o dossiê, que cada grupo
ampliará de acordo com sua própria realidade e recursos:
Autoridades
Governamentais do próprio
Estado e Federais:
Secretários de Segurança Pública; Direitos Humanos e
Cidadania; Varas crimes do Fórum; Comandantes da Polícia Civil
e Militar; Titulares das Delegacias de Homicídios e demais
delegacias locais; Governador e Vice-Governador; prefeito e
Vice-Prefeito; Deputados Estaduais; Senadores e Deputados
Federais do Estado; Vereadores locais; Presidente e
Vice-Presidente da República; Ministro da Justiça; Secretário
Nacional de Direitos Humanos, etc.
Entidades
de Direitos Humanos:
todos os grupos de gays, lésbicas e travestis, às principais
ONGs locais e nacionais de Direitos Humanos e Aids; Comissões
de Direitos Humanos da OAB; Câmara Municipal e Assembléia
Legislativa; Anistia Internacional; Movimento Nacional de
Direitos Humanos; principais entidades do Movimento estadual e
nacional de mulheres, negros e índios, etc.
Entidades
Culturais:
Bibliotecas Públicas Municipais e Estaduais; Biblioteca Central
e Bibliotecas das Faculdades de Direitos Humanos das diferentes
universidades locais; Biblioteca Nacional (RJ); Biblioteca do
Congresso Nacional; Arquivo Anarquista da Unicamp (centro de
documentação homossexual), etc.
Em
se tratando de Relatórios Nacionais, como o atualmente
realizado todos os anos pelo GGB e pela Comissión
Ciudadana contra Crimines de Odio por Homofobia do México,
convém incluir na mala direta a ILGA (International Lesbian and
Gay Association), IGLRHC (International Gay and Lesbian Human
Rights Comission), a Labadie Collection (que reúne um dos
maiores acervos de publicações gays da América Latina), e
outras entidades internacionais de Direitos Humanos, além das
Embaixadas de diferentes nações com representação no país.
Sempre
que enviar o dossiê, é aconselhável imprimir igualmente uma
carta padrão em que se apresente o conteúdo do trabalho, seu
objetivo, solicitando ao destinatário que também participe
desta luta, enviando informações sobre novos casos de
assassinatos ou violação dos direitos humanos dos homossexuais
e, se possível, fazendo algum depósito na conta bancária do
grupo para garantir a impressão do relatório do próximo ano.
É indicado incluir sempre junto à ficha catalográfica do
dossiê, ou ao lado do endereço da entidade responsável, o
nome do Banco e da conta do grupo, solicitando doações para a
impressão do próximo relatório. Incluir também, no mesmo
espaço, a seguinte observação: “Vendas pelo reembolso
postal”.
É
vital financiamento junto ao Ministério da Justiça e fundações
no exterior a fim de subsidiar despesas com a coleta sistemática
e divulgação dos crimes homofóbicos, assim como para pagar a
assinatura de clipping
com informação de toda mídia nacional sobre assassinatos e
violações de direitos humanos dos homossexuais.
Tão
logo o dossiê esteja impresso, dois dias antes de seu envio
pelo correio para as entidades e personalidades acima sugeridas,
deve-se convocar uma coletiva para a imprensa e televisão a fim
de fazer sua divulgação. Esta coletiva é de suma importância
pois será a oportunidade de fazer com que milhares, milhões de
leitores de jornal e telespectadores tomem conhecimento de uma
realidade cruel e sanguinária que muitos ignoram.
Deve-se,
para isso, elaborar um release de uma página, com o resumo dos
principais temas do relatório, o número total dos
assassinatos, a causa mortis desses crimes, as cidades ou
bairros onde mais ocorreram, assim como alguns dados sobre os
assassinos, as delegacias que investigaram, etc. Os jornalistas
costumam sugerir como melhor horário para coletiva para a
imprensa as 10h da manhã ou 4h da tarde, de preferência em
local central, sempre com o telefone dos responsáveis caso
sejam informações complementares. Os releases devem ser
enviados por fax, e-mail ou entregues pessoalmente nas redações
dos jornais e televisões com um dia de antecedência,
sugerindo-se telefonar uma ou duas horas antes do evento a fim
de insistir e confirmar com o chefe de reportagem ou pauteiro a
presença de repórter na coletiva. Convém que o grupo disponha
da lista mais completa possível dos e-mails de todos os jornais
e agências de notícias no país e exterior, pois através da
internet consegue-se divulgar tais notícias com a agilidade máxima
e com o mínimo de custos. Deve-se igualmente providenciar uma
versão de release, em inglês, para enviar aos jornais e agências
estrangeiras.
Meia
hora antes do horário da coletiva, os responsáveis pelo relatório
e o maior número possível de membros do grupo devem estar no
local à espera dos jornalistas, reservando uma boa quantidade
de relatórios para serem distribuídos e fotografados ou
filmados, além de cópias dos releases para oferecer a algum
jornalista que não tenha recebido previamente. Se a coletiva se
realizar na sede da entidade, sugere-se a montagem de um cenário
a fim de servir de imagem para os fotógrafos ou televisão,
afixando-se cartazes sobre crimes homofóbicos, direitos humanos
dos homossexuais e algumas matérias mais chocantes dos crimes
divulgados ou publicados.
Cada
grupo decidirá qual a data mais adequada para a divulgação do
relatório anual na mídia: uma data significativa seria 10 de
dezembro, Dia dos Direitos Humanos, embora apresente o
inconveniente de Ter de transferir para o relatório do ano
seguinte os crimes eventualmente ocorridos no próprio mês de
dezembro. Como dissemos acima, o GGB tem divulgado seu
livro-relatório em fevereiro, a data mais viável para concluir
a análise dos crimes ocorridos até dezembro do ano anterior.
Tanto
o release, quanto o próprio relatório, devem ser
disponibilizados na home page do grupo caso já a possua. Outra
sugestão é divulgar ao menos o release/resumo para todas as
listas de grupos homossexuais e de direitos humanos, incluindo
sempre no final o pedido para que enviem informações
complementares para o próximo relatório.
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