Dez
Sugestões para a acção
1.
Escolha um problema
É
provável que queira trabalhar para a melhoria de condições
ou resolução de problemas que sabe que existem na sua
comunidade ou que conhece através das notícias. Por outro
lado também pode querer tratar de um problema de que teve
conhecimento na sua escola ou através de uma leitura.
Encontrar o problema não é difícil, difícil é manter-se
focalizado no mesmo problema. Defina exactamente aquilo que
quer ver ultrapassado e passe essa definição para escrito.
Trate de um problema de cada vez.
2.
Investigue o problema
Recolha
informação útil acerca do problema e da opinião que as
pessoas têm sobre ele, quer na escola, quer na comunidade.
Peça colaboração e informação às entidades envolvidas.
Escreva cartas, procure informação sobre o assunto em
jornais, revistas e relatórios.
3.
Faça um "brainstorm" à procura de possíveis
soluções e escolha uma
Faça
um "brainstorm" sobre tudo aquilo que lhe ocorra
mesmo que lhe pareça disparatado ou sem sentido. Depois
escolha uma ou duas soluções que lhe pareçam mais prováveis
de vir a alterar a situação para melhor.
4.
Crie pontos de apoio
Procure
o maior número possível de pessoas que estejam preocupadas
com o problema e que concordem com a sua solução. Faça
uma pesquisa na sua comunidade. Peça a colaboração de
professores, de entidades oficiais, das "forças
vivas" da comunidade e dos jovens. Quanto mais pessoas
houver na sua equipa, mais poder terão para implementar a
mudança.
5.
Identifique as posições contrárias
Descubra
quem são as pessoas e as organizações que se opõem à
sua solução. Podem não ser "más pessoas" mas
ter somente opiniões diferentes. Ponha a hipótese de fazer
uma reunião com os seus opositores; pode ser que consigam
encontrar uma solução de compromisso. Pelo menos todos
ficarão a perceber os diversos pontos de vista sobre a
questão. De qualquer forma proceda de modo a respeitar as
opiniões dos outros.
6.
Divulgue
Informe
o maior número possível de pessoas acerca do problema que
está a tentar resolver e da solução que propõe. Os
jornais, a rádio e a televisão têm geralmente interesse
no acompanhamento de histórias relacionadas com actividades
juvenis. Alguns canais de televisão e estações de rádio
oferecem tempo de antena para projectos válidos. Quantas
mais pessoas conhecerem o que se está a fazer, tanto mais
apoio poderá receber.
7.
Angarie fundos
Isto
não é obrigatório, mas muitas das vezes conseguem-se mais
resultados tendo dinheiro para despender na procura de uma
solução.
8.
Defenda a sua solução
Elabore
uma lista de todos os passos que precisa dar e, uma vez
preparado para agir, siga em frente!
9.
Estabeleça um plano de avaliação
Está
a obter resultados? Como é que sabe? Tente definir alguns
indicadores relativamente aquilo que considera ser um avanço
da situação. Há esforços com maior sucesso do que
outros? Esgotou todas as tentativas? Continue a pensar de
uma forma criativa sobre a hipótese de solução a
encontrar para resolver o problema.
10.
Não desista
A
resolução de problemas dá-se pela eliminação das soluções
inviáveis até se encontrar a resposta certa. Não valorize
os contributos das pessoas que vão tentar convencê-lo de
que esse problema não tem solução. Continue a avançar!
Fonte:
Adaptação de Barbara A. Lewis, O
guia da criança para a acção social (Minneapolis, MN:
Free Spirit Press, 1991)
Para
educar em matéria de direitos humanos é necessário uma
formação específica?
Poucos
de nós tivemos a oportunidade de estudar a temática dos
direitos humanos durante os tempos de escola. Isto é um dos
lados do problema. A aprendizagem fundamenta-se no interesse
manifestado, na curiosidade e na ligação pessoal à matéria
em estudo. A investigação confirma que, independentemente
da idade, as pessoas memorizam e aprendem melhor quando
participam no próprio processo de aprendizagem. Não temos
de saber todas as respostas para promover a educação para
os direitos humanos; só temos de saber ajudar as pessoas,
incluindo nós mesmos, a procurar as respostas. A abordagem
dos direitos humanos feita, por vezes, de um ponto de vista
estritamente legal, suscita conformismo, aborrecimento e uma
sensação de incapacidade. Não é necessário ser um
especialista em questões legais. O que é preciso é estar
aberto à participação no processo de aprendizagem. Por
essa razão, as abordagens pedagógicas melhor sucedidas na
educação para os direitos humanos apontam, em grande
parte, para uma participação activa, recurso a técnicas
de "role play", debates, discussão, dramatização
e trabalho em pequenos grupos.
Qual
a relação entre o conhecimento dos direitos humanos e o
trabalho em favor da comunidade aonde vivo?
Muitas
pessoas estão envolvidas num trabalho em prol dos direitos
humanos sem o saberem! O uso do termo "direitos
humanos", geralmente utilizado na acepção dos
direitos civis e políticos garantidos na Constituição e
outras leis, contribui para que muitas pessoas que trabalham
nas áreas do direito social, económico e cultural não se
apercebam que também são defensoras dos direitos humanos.
A participação conjunta em actividades de promoção dos
direitos humanos permite a adopção de uma visão e de um
sistema de valores comuns. Mais do que trabalhar
isoladamente, importa construir uma rede de participação
partilhada que permita debelar os problemas da injustiça
social. Uma vez compreendidos e defendidos, desta forma, os
direitos humanos são uma arma poderosa para difundir
esperança no futuro e produzir a mudança.
A
educação em matéria de Direitos Humanos provoca realmente
mudança nas atitudes e comportamentos? Como saber?
Dado
que os direitos humanos são uma nova área na educação,
ainda há poucos resultados de pesquisa disponíveis. Porém,
algumas analogias podem ser estabelecidas: educação para
os valores, educação para o carácter, educação global,
educação para o-não-preconceito e educação para os
direitos. Embora avaliar a mudança através de níveis de
informação seja fácil, as mudanças de atitudes são difíceis
de quantificar, especialmente se as mesmas ocorrerem ao
longo de vários anos. Será possível avaliar o incremento
do respeito pela dignidade humana? Esta é, definitivamente,
uma área que necessita de um trabalho laborioso. Muitos
educadores para os direitos humanos testemunharam, em
primeira mão, as potencialidades de utilização do quadro
conceptual para a educação em matéria de direitos humanos
na mudança de atitudes e dos comportamentos dos alunos
(Vide Grelha Conceptual para a Educação em matéria de
Direitos Humanos).
Como
abordar a educação em matéria de direitos humanos junto
das pessoas que foram vítimas de violência (e. g. os sem
abrigo, prisioneiros, pessoas com necessidades educativas
especiais, refugiados)?
Qualquer
que seja o público, parta sempre da experiência das
pessoas. Se a educação em matéria de direitos humanos não
estiver relacionada com as suas vidas não lhes interessará
muito. Adapte sempre o que vai ensinar às características
do seu público. Por outro lado, num esforço para
conquistar a confiança, não negligencie o carácter de
interdependência e indivisibilidade dos direitos. Os
refugiados, por exemplo, não só precisam de conhecer os
seus direitos como refugiados, mas também conhecer todo o
leque dos restantes direitos (e. g. direito à educação,
ao abrigo, à liberdade de movimentos e à autodeterminação).
A
educação em matéria de direitos humanos diz só respeito
à escola?
Precisamente
porque todas as pessoas têm os mesmos direitos é preciso
que saibam e compreendam os direitos que têm. Os conteúdos
e os objectivos são mais ou menos os mesmos para todas as
idades. Só variam as metodologias. A percepção dos
direitos humanos varia de acordo com o percurso de vida, a
actividade profissional, a faixa etária, o género, etc.
Independentemente das idades e dos grupos, enfatize os
seguintes aspectos:
-
a experiência vivida pela pessoa;
-
as metodologias interactivas em vez de intervenções
expositivas que frequentemente dão origem a uma assistência
passiva;
-
os direitos formulados a partir de ideias/ pensamentos
baseados nas necessidades sentidas pelas pessoas;
-
os direitos, se conflituantes entre si, exigem um processo
de avaliação meticuloso; - a universalidade, i. e., os
direitos humanos transcendem qualquer perspectiva política,
religiosa ou cultural.
Como
conciliar a defesa dos direitos humanos com o respeito pelas
diferenças culturais, religiosas e outras?
Dada
a sua natureza, os direitos humanos são universais. Por um
lado, aplicam-se a todas as pessoas independentemente da sua
cultura ou crenças, garantindo o direito ao pleno exercício
e à defesa e aceitação das diferenças. Os direitos
humanos estão sujeitos a conflito. Certas convicções
enraizadas (e. g. um grupo humano superior a outro) podem
violar a dignidade e os direitos humanos. A educação em
matéria de direitos humanos inclui a exploração de soluções
para este tipo de conflitos, tanto aqueles que ocorrem
localmente nas comunidades (e. g. o direito à liberdade de
expressão vs. o direito à protecção relativamente ao
discurso da violência) como aqueles que ocorrem à escala
global (e. g. o direito à identidade cultural vs. protecção
contra práticas tradicionais opressivas/ lesivas). A resolução
de conflitos raramente é fácil e nem sempre passível de
resolução imediata. No entanto, a apreciação dos
conflitos à luz do quadro conceptual para a educação em
matéria de Direitos Humanos, é essencial à sua plena
compreensão. (Vide Grelha Conceptual para a Educação em
matéria de Direitos Humanos ). Só se chega à sua resolução
com atitudes de equidade e de respeito e através da
capacidade de negociação, com mediação e construção de
consensos, questões fundamentais na educação em matéria
de direitos humanos
Certos
temas dos direitos humanos poderão alarmar as pessoas?
A
educação em matéria de direitos humanos não se deveria
focalizar apenas nos abusos dos direitos, assuntos susceptíveis
de causar aflição ou temor a pessoas de qualquer idade. Se
a abordagem de temas como as violações cabe à educação
em matéria de direitos humanos nela também está
contemplada a divulgação do sistema de valores que condena
essas acções e preserva a dignidade humana. A educação
em matéria de direitos humanos também prepara as pessoas
para adquirir competências e atitudes necessárias à
prevenção desses abusos assim como para defesa e promoção
dos direitos humanos. Com efeito, os educadores precisam de
proteger as crianças e certos adultos, vítimas de abuso no
passado contra a brutalidade das violações dos direitos
humanos (e. g. apelos à divulgação de depoimentos da
Amnisty's Children's Edition Urgent Action). Contudo, cabe a
cada um de nós inspirar-se numa visão do mundo alicerçada
em princípios de dignidade humana, respeito e justiça onde
esses abusos não existam.
O
que distingue a educação em matéria de direitos humanos
da educação moral, educação para a paz, educação para
os direitos, educação para o desenvolvimento, educação
multicultural, educação global, educação para a
cidadania? Que lugar ocupa a educação em matéria de
direitos humanos?
Estes
diferentes tipos de educação partilham entre si muitas
características comuns; todos incluem a aquisição de
conhecimentos e o desenvolvimento de competências e
atitudes. A educação em matéria de direitos humanos
fornece o quadro de valores partilhados onde todas as
perspectivas se intersectam. Por exemplo, a educação para
a paz engloba a dignidade humana e o direito à paz e
segurança. A educação multicultural fundamenta-se nos
princípios da não discriminação e no reconhecimento e
aceitação da identidade cultural. A educação para os
direitos permite aos alunos comparar os direitos do seu país
com as normas internacionais de direitos humanos. Os
direitos humanos contemplam todas estas dimensões!
Este
texto foi traduzido e adaptado do site http://www.hursa.org/hrh-and-n/Part-4/2_ten-tips.htm
Este
texto foi traduzido e adaptado do site http://www.hrusa.org/hrh-and-n/Part-2/HRE-FAQ.htm