JEAN ALEZARD
Entra
na clandestinidade em Julho de 1941. Tenente dos FTPF. Fuzilado no
dia 11 de Abril de 1944 no Mont-Valérien.
Fresnes, 11 de Abril de 1944
Querida Henriette
Queridos Frédo e Louis
Vocês eram os meus irmãos e irmãs e a dor
que vos causo será cruel. Antes de mais, façam com que a mamã
se conforme, é terrivelmente duro para ela. Dentro de duas horas
serei fuzilado com vinte camaradas. Morro como tantos outros já
morreram para que a França seja feliz. Dirigi uma última saudação
aos nossos amigos Paulette, Odette, Géo, René (...), Solange,
Gilbert e Gilberte, assim como a C..., de quem tive a felicidade
de ser aluno. É claro que é duro morrer assim, sem poder abraçar
aqueles que se ama, mas o meu sacrifício não será inútil; as
qualidades morais que o Partido nos deu servem-me de conforto e
permitem-me morrer calmamente.
Querida Henriette, procura consolar a minha
namorada; dá-lhe algumas das minhas coisas que possam
agradar-lhe. Sejam fortes e encontrem-se de vez em quando. Faz-lhe
ver quanto é grande a minha dor.
Não esqueças a Senhora R... e o filho. Em
breve a guerra vai acabar, a vitória está próxima e Fredo e
Louis voltarão. Esta vitória será um dos maiores passos para
uma sociedade melhor e mais preparada para evitar a repetição de
tais situações. Em todos os 14 de Julho, dia do meu aniversário,
lembrem-se de mim e pensem bem que não lamento nada do meu sacrifício,
embora tenha o coração apertado por vos deixar, assim como à
minha namorada. Se a mamã tivesse um neto, suportaria melhor a
dor. Finalmente aproxima-se a hora em que eu vou juntar-me
1aqueles que já pregaram com a vida um imenso amor pela
verdadeira França. Morro com a consciência tranquila:
ninguém tombou por culpa minha.
A minha vontade de comunista francês é de
evitar a carnificina depois da vitória, mas punir pela única
maneira que se impõe os traidores à nossa pátria que nos
entregaram. Perante a morte, desejo-vos uma vida feliz. Sejam
fortes.
Beijo-vos a todos. Ao morrer grito-vos: viva
a Liberdade! Viva a França que me ensinou a amar o Partido
Comunista!
Adeus
Jean
|