EDGAR TARQUIN
Nascido
em 1921. Marceneiro. Tenente dos FTPF. Foi um dos organizadores do
“maquis” de Lubéron, na Provença. Segundo os testemunhos de
resistentes presos com ele, apesar das torturas, não passou
nenhuma informação. Escreveu numa parede da prisão: “Aqui,
renasce a França”. Fuzilado no dia 21 de Setembro de 1943.
Querido papá, Mamã e Paulette
Foi ontem, 21 de Setembro, que estive no
tribunal militar alemão e fui condenado à morte assim como
outros quatro camaradas.
Soube a notícia com a maior calma e a mais
profunda indiferença. Desejo do fundo do coração que recebam a
notícia com o mesmo sangue-frio. É que, enquanto eu ultrapassei
todos os obstáculos sem dificuldades, outros caíram por esta
nobre causa; mas já que agora o destino me escolheu, cumprirei o
meu dever de comunista até o fim.
Não lamento nada do que fiz e espero que
outros continuem a luta, porque a vitória já não pode
fugir-nos.
Querido Papá, não terás de envergonhar-te
do teu filhote, pois ele vai portar-se com coragem até o fim,
sabe-lo bem.
E tu, querida Mamã, não fique triste, eu
sei que o golpe será duro, mas
o ideal deve poder ultrapassar a tua dor e poderás sentir-te
orgulhosa por ter sido a mãe de um dos que caíram para que a
França que nós queremos.
Irmãzinha, querida Paulette, está
sossegada que eu já não estarei ao pé de ti para te arreliar. Não
te esqueças de que serás o único apoio para o Papá e para a
Mamã e que vai ser preciso que olhes por eles mais tarde.
Deixo-te uma pesada tarefa.
Com um futuro melhor poderás casar-te e
fundar um lar e espero que eduques os teus filhos segundo o ideal
que me era querido; farás isso pela memória do teu irmão, peço-te.
Deixo-vos e digo-vos adeus – abraço-vos
com muita força.
O vosso filho
Edgar
Viva a França livre e feliz!
Viva o Partido Comunista!
Esta carta contém as últimas vontades de
um jovem francês de 21 anos condenado à morte pelos Alemães.
Agradeço muito à pessoa que vai prestar-me
este serviço, pois os meus pais ignoram o que me aconteceu.
Viva a França!
|