Projeto DHnet
Ponto de Cultura
Podcasts
 
 Direitos Humanos
 Desejos Humanos
 Educação EDH
 Cibercidadania
 Memória Histórica
 Arte e Cultura
 Central de Denúncias
 Banco de Dados
 MNDH Brasil
 ONGs Direitos Humanos
 ABC Militantes DH
 Rede Mercosul
 Rede Brasil DH
 Redes Estaduais
 Rede Estadual RN
 Mundo Comissões
 Brasil Nunca Mais
 Brasil Comissões
 Estados Comissões
 Comitês Verdade BR
 Comitê Verdade RN
 Rede Lusófona
 Rede Cabo Verde
 Rede Guiné-Bissau
 Rede Moçambique

 

 

PIERRE REBIERE

 

Nascido em Fevereiro de 1909 na Dordogne. Membro do Comité Central do PCF. Voluntário das Brigadas Internacionais de Espanha, de que é o primeiro comissário político. Gravemente ferido, regressa à França.

Comandante dos FTPF (Franc-Tireurs Partisans Français), mata, em Bordéus, um oficial alemão como represália de Châteaubriant. É conhecido pelo nome de coronel Rémy. Preso a 15 de Dezembro de 1941, é fuzilado no dia 5 de Outubro de 1942. 

(Extractos de suas últimas cartas) 

20 de Setembro de 1942  

Meu amor  

Escrever-te é ainda falar contigo; como só vais receber este papel dentro de alguns dias, posso dizer que é a título póstumo... Tenho alguns motivos para me preocupar contigo, porque um camarada preso há pouco, com o qual pude comunicar, falou-me das numerosas prisões entre os teus colegas... Os apaixonados são eternos preocupados e eu estou muito apaixonado por ti...

Sabes, os meus carrascos não se limitaram a torturar-me fisicamente, mas desde o dia 23 de Abril até 16 de Julho e ainda depois, disseram-me que tu estavas presa. Isso era horrível para mim, pois, não recebendo encomendas tuas, não me era possível certificar-me do contrário. Espero que não estejas ao corrente da minha situação, porque terias sofrido mais do que eu, minha jóia querida...

Os camaradas dir-te-ão que eu sofri por ter querido evadir-me e porque as baínhas da minha toalha estavam cheias de papel dirigido a ti. Aguentei-me bem e estou contente por ter tentado a sorte, não me ter deixado assassinar sem tentar evadir-me, orientado pelos princípios que tu conheces; desde o falhanço do meu projecto tenho pensado num outro, e, se me deixassem viver mais algumas semanas, talvez eu conseguisse...

Creio que os meus carrascos têm de vida mais horas do que semanas e estou certo de que estes pigmeus serão o pedestal sobre o qual será erguido o monumento à memória das suas vítimas. Eles serão, sem o terem desejado, os “suportes” que aguentarão o peso da nossa glória. Da glória do grande Partido que os esmaga. Sei que hoje deve realizar-se uma manifestação da Frente Nacional; oxalá ela possa ser o prelúdio de uma série que obrigue os hesitantes a tomar uma posição mais conforme com os interesses da França.

Compreendo bem que vai iniciar-se um período de luta cujas novas formas não deixarão de espantar alguns. Vai ser preciso ter o coração forte e muita coragem. E pensar que eu vou deitar-me e dormir...

Como vês, apesar das minhas correntes, entende-se o que eu escrevo e, apesar da minha inactividade, eu ainda domino a escrita (cinco meses sem ler nem escrever, as mãos e os pés acorrentados).

O teu amor, o nosso amor, o nosso ideal, mantiveram-me e mantêm-me; desejo que conserves tais apoios na vida intensa que tens diante de ti; o sacrifício que fazes vindo ver-me é magnífico e o teu grande coração deve bater com muita força... Tu serás sempre corajosa. Que a minha influência carinhosa e benéfica seja um bálsamo para a tua dor.

Ama muita o meu filho. Élise e os amigos, que os meus últimos beijos sequem as tuas lágrimas e seja, para ti muito doces, muito doces...

Minha queridinha, vive o meu ideal, vive o comunismo. Sempre em frente, o futuro desejado já está próximo.

 

P.R.

 

5 de Outubro de 1942I

 

Minha querida Lisette

Minha querida Madelisette, a todos vós

 

Chegou o último dia, estamos reunidos para a partida... (censurado)... em revista... (censurado)... As tarefas particulares que peço aos meus é transferir para o meu filho e para a minha companheira o doce afecto que eles me dedicavam. Esforçai-vos para que as crianças... (censurado)... que toda a minha família saiba, e seja digna... (censurado)..

Vivi a média normal de um homem e não tenho... (censurado)... Sou muito feliz... (censurado)... de poder afirmá-los na hora da morte e acrescentar que eu... (censurado)... o que... (censurado)... sempre... (um parágrafo censurado)...

Aos meus numerosos camaradas e amigos eu... (censurado)... a... (censurado)... e isso teve  um... (censurado)... para... (censurado)... dizer-nos... (censurado)... eu penso que... (censurado)... sempre... (censurado)...

A vós, meus queridos pais, a ti, Madelisette, minha irmazinha,  envio os meus ardentes beijos e formulo os meus melhores votos de felicidade que vocês bem mereceram. Beijos carinhosos para essas crianças que são a nossa mais doce esperança.

Madelisette, minha querida, que alegria tu me dás. Conheço a tua coragem e estou certo de que hás-de esforçar-se para que os meus desejos, naquilo em que são compatíveis com o resto, sejam satisfeitos... (censurado)...

Minha querida irmã, peço-te que tomes conta das minhas coisas, roupa, carteira, dinheiro, caneta, lapiseira, sobretudo, casaco, cuecas, camisas, lenços.

Tenho muitas coisas para vos dizer que não vale a pena tentar sequer começar a contá-las.

Beijo-vos com muita força.

 

P.R.  

Saudações aos... (censurado)... de Villac, Terrason, e ainda Gustave, Fernand, todos os que amo.

Desde 1995 © www.dhnet.org.br Copyleft - Telefones: 055 84 3211.5428 e 9977.8702 WhatsApp
Skype:direitoshumanos Email: enviardados@gmail.com Facebook: DHnetDh
Busca DHnet Google
Notícias de Direitos Humanos
Loja DHnet
DHnet 18 anos - 1995-2013
Linha do Tempo
Sistemas Internacionais de Direitos Humanos
Sistema Nacional de Direitos Humanos
Sistemas Estaduais de Direitos Humanos
Sistemas Municipais de Direitos Humanos
História dos Direitos Humanos no Brasil - Projeto DHnet
MNDH
Militantes Brasileiros de Direitos Humanos
Projeto Brasil Nunca Mais
Direito a Memória e a Verdade
Banco de Dados  Base de Dados Direitos Humanos
Tecido Cultural Ponto de Cultura Rio Grande do Norte
1935 Multimídia Memória Histórica Potiguar