CHARLES DEBARGE
Operário
mineiro. Delegado sindical. Milita em 1941 nas comissões da União
Sindical e de Acção e participa na greve dos mineiros de Maio de
1941.
Entra
na clandestinidade em Agosto de 1941 depois de ser preso duas
vezes e conseguir evadir-se.
Gravemente
ferido pelas polícias que tinham ordem de atirar sobre ele, é
morto na cidadela de Arras a 23 de Setembro de 1942.
10 de Setembro de 1942
Acabo de receber uma notícia terrível: a
prisão do meu camarada Moise Boulanger; é o único companheiro
da minha aldeia que ainda me restava. Sofremos juntos duros golpes
desde os primeiros dias de luta, desde 1939! Quantas vezes também
não escapou ele à morte!
Foi preso ao procurar o contacto com o
responsável do sector Hénin-Liétard. Os policiais tinham
montado uma armadilha à volta de um esconderijo em que os
camaradas clandestinos acabavam de ser presos. Nós não sabíamos.
Moise não pôde defender-se, pois não possuía qualquer arma.
A situação torna-se cada vez mais grave
por aqui. Quantos assaltos num mês! O meu coração sofreu muitos
sobressaltos e sinto-me, pela primeira vez, muito cansado. A polícia
possui os meus sinais precisos. A qualquer momento posso ser
reconhecido e perseguido. Qualquer polícia pode atingir-me pelas
costas sem aviso.
Mas preciso de me manter ainda algum tempo
na região, custe o que custar. Todos têm confiança em mim. A
luta não pode ser desorganizada pelas numerosas prisões.
Estas experiências dolorosas ser-nos-ão útil.
Elaboraremos planos não só de segurança mas também de ataque,
mais eficaz ainda.
Não temos o direito de desistir, pois a situação,
apesar de grave, não tem nada de desesperado. Pensamos
nos combatentes da Rússia e de todo o mundo. Nas suas
vitórias... E gritamos, também: Tudo pela vitória!
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