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FERNAND ZALKINOV

 

Nascido em 1923. Estudante bolseiro no Liceu Arago; queria ser professor de Alemão. Adere à juventude Comunista clandestina em 1940, no XX bairro de Paris.

Faz parte do grupo que abateu um oficial alemão no metropolitano, no dia 21 de Agosto de 1941, sob a direcção de Pierre Georges (o futuro “coronel Fabien”). Preso na sua residência clandestina em Novembro de 1941.

Encarcerado na prisão de La Santé. Fuzilado no dia 9 de Março de 1942.

 

Paris, 9 de Março de 1942

 

Querido papá

Querida Mamã

 

É a minha última carta. Dentro de algumas horas estarei morto. Sinto-me com muita coragem e muita calma.

Não chorem, peço-vos, mas pensem em mim. É preciso que sejam fortes como eu. Pensem que eu tive uma morte bonita e que, mais tarde, ireis sentir-vos orgulhosos de mim.

Amei-vos profundamente e sei quanto era amado por vós.

Vivi tão feliz, graças a vós e a tudo o que fizeste por mim!

Não soube retribuir-vos, mas sei que não me quereis mal por isso.

Prefiro não vos ter visto. Não parei de pensar em vós. Pensem vocês em mim, isso vai dar-me grande coragem.

Peço-vos perdão por tudo o que sofrestes por minha culpa; sei que haveis de me perdoar, porque me amastes muito e que esquecereis todo o mal que vos fiz.

Estou muito calmo e aguardo em perfeita tranquilidade de espírito. Tenho consciência de que a minha morte não será inútil. Não chorem. Sejam fortes como eu! Pensem que mais tarde haveis de sentir-vos orgulhosos de mim e com toda a razão. Jurem-me que sereis corajosos e morrerei tranquilo.

Não se esqueçam que ainda tendes outros filhos e espero que mais tarde haveis de ter também netos nos quais podereis rever-me e reconhecer-me.

Hoje, recordo o que foi a minha infância e sinto-me muito feliz lembrando o vosso amor. Estais certos de que sempre vos amei e de que, se vos fiz sofrer, não foi intencionalmente. Mas era preciso. Era preciso que eu cumprisse o meu dever, por muito que me custasse. Mais uma vez vos peço perdão.

Não permitam que a minha memória seja manchada. Tende a certeza de que eu fiz tudo o que pude para permanecer íntegro e honesto, para ser digno de vós.

Terei vivido e serei morto por uma razão, pela causa que sempre servi com o maior amor e não lamento o meu sacrifício, porque sei que não será inútil.

Sou corajoso, porque é esta a morte que eu teria escolhido. Não quero que chorem, faz-me-ia sofrer. Pensem muito em mim, e tornar-me-ei mais forte.

Estou certo que mais tarde haverá um mundo de alegria e amor.

Nesse momento pensareis em mim.

Adeus. Adeus para sempre, meu querido papá, minha querida mamã. Beijo-vos com toda a minha alma de filho dedicado e aperto-vos contra a meu coração para que pela última vez me dêem o vosso calor e nele me aconcheguem. Faz-me tanto bem!

Amo-vos e beijo-vos. Adeus.

 

Fernand

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