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MAURICE PILLET

 

Nascido em 1902. Carpinteiro. Secretário da Federação Sindical Unitária da Construção civil.

Chega a Châteaubriant com o grupo dos cem, a 15 de Maio de 1941.

Fuzilado em Blisière no dia 15 de Dezembro de 1941.

 

La Blisièle, 15 de Dezembro de 1941

 

Minha querida Suzon

 

São três horas e meia. Às quatro horas já não estarei vivo. Mais uma vez as autoridades francesas nos entregaram aos alemães para sermos executados. Parto com o espírito sereno, certo de ter agido no sentido que me ditava a minha consciência. A morte a mim não me assusta; o sacrifício da minha vida há muito já havia sido feito.

Mas, minha adorada Suzanne, é contigo que estou preocupado. Deixar-te sozinha, sem apoio, a ti e ao meu querido Marcel, é que me despedaça o coração. É a tua dor que eu sinto. Minha querida, que pelo menos tenhas a certeza de que, no momento de partir, os meus pensamentos, todos os meus pensamentos, terão sido para vocês dois. Os meus camaradas de quarto mandar-te-ão todas as minhas coisas, como nós já fizemos para com aqueles que nos precederam.

Encarrego-te, minha querida Suzanne, de dizer adeus por mim a toda a nossa família, aos meus irmãos, às minhas irmãs, aos meus sobrinhos e sobrinhas. Dá um beijo à Mamã Jeanne, ao Avô, ao Émile, ao Raymonde, à Ivonne e ao Michel de quem não vou poder cuidar, como tinha prometido ao Jules.

E, principalmente, minha Suzon, recomendo-te pela última vez o nosso querido Marcel. Minha querida, faz dele um homem, um homem que tenha orgulho em ser homem, que não se curve perante os outros, um homem que saiba que não tem que envergonhar-se do seu papá e pelo qual o seu papá não tivesse de envergonhar-se se tivesse a felicidade de ter de o criar.

Desculpa-me este discurso meio desconexo, tantas são as coisas que se chocam no meu espírito. Os meus pensamentos afluem em massa e eu já não sei traduzi-los como gostaria.

É preciso que saibas também que, morrendo, nada lamento e de nada abdico. E hoje, mais do que nunca, tenho a certeza, sei que não é em vão que morro, e que o meu ideal há-de realizar-se.

Diz adeus por mim a todos os meus amigos. Adeus minha Suzon querida, adeus meus pequenino Marcel. Ao deixar a vida, penso em vós, vós sois os últimos a quem dirijo a minha  lembrança. Beijo-vos com muita força e muita ternura, tal como vos amo.

Sê corajosa, minha Querida; deves sê-lo pelo nosso Marcel.

Adeus, continuo a amar-te.

 

Maurice

 

Junto o meu relógio, a tua última carta, a minha caneta, a minha agenda.

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