Avaliação
do órgão Gestor
sobre o Relatório do GAJOP
O Relatório enviado pelo GAJOP,
longe de apontar as necessidades
e soluções de continuidade do
PROVITA-RN, prefere atacar inconsistentemente
a gestão desenvolvida pelo CDIIMP
e, sobretudo, criticar a Equipe
Técnica, em especial o trabalho
do Coordenador. Estranhamos, principalmente
porque, em nenhum momento fomos
questionados em nossos procedimentos
pela Secretaria Nacional de Direitos
Humanos e pela Secretaria Estadual
de Interior, Justiça e Cidadania.
Por que essa retaliação do
GAJOP?
Acreditamos existir uma divergência
de entendimento e de visão institucional
do GAJOP para com o CDHMP (extra
“Programa de Proteção à Testemunhas”)
desde muito tempo, provocando,
nesse sentido, um clima de rivalidade
inconsequente.
Vale salientar que o GAJOP
já vinha preparando há um certo
tempo - desde o “Encontro Nacional
de Brasília” - a essência deste
Relatório sem nos dar conhecimento
do seu conteúdo desestabilizador,
interpretando nossas ações de
maneira equivocada e com clara
intenção de desmontar o processo
de gestão e de construção do PROVITA-RN.
Podemos citar também a omissão
dos membros do GAJOP em nos manter
sempre informados de acontecimentos
importante na dinâmica de construção
da rede PROVITA nacional. Como
exemplo, não fomos informados
sobre a dada e local da Solenidade
de entrega dos Projetos para 1999
- fato que provocou a nossa ausência.
Quando interpelados, aludiram
que o convite deveria ter sido
repassado pelo Sr. Secretário
de Interior, Justiça e Cidadania
o qual nos afirmou taxativamente
ser “mentirosa” tal informação.
As dificuldades encontradas
no processo de construção do PROVITA-RN,
foram supervalorizadas e até usadas
para dar a entender que o Programa
está com dificuldade de continuidade.
Essa forma de avaliar e interpretar
as ações, feita pelo GAJOP, mina
qualquer tipo de trabalho. Acreditamos
que, em uma análise mais proficiente
teriam detectado uma realidade
mais promissora. Todo o esforço
realizado no Estado do Rio Grande
do Norte, que envolve uma série
de articulações políticas, sobretudo
num Estado politicamente difícil
de conviver, foi a base de criação
e de desenvolvimento do PROVITA-RN.
É importante salientar que,
a aproximação entre a sociedade
civil e o Governo do Estado, é
resultante de um trabalho lento,
de engenharia política delicada
e só consolidada na atual gestão
da Secretaria de Interior, Justiça
e Cidadania, O processo de articulação
e de divulgação do PROVITA-RN
foi e está sendo tão importante,
que integrou de forma inédita
esta parceria, contando, também,
com a participação da mídia local.
A performance do GAJOP, consubstanciada
no seu Relatório, é totalmente
contraditória, com conclusões
apressadas e sem fundamentos.
Se, de um lado, reconhece ações
positivas e faz alusões à continuidade
do Programa, de outro, supervaloriza
as dificuldades encontradas nos
meandros das articulações, sem
apontar possibilidades de superação.
Em razão do exposto temos a
destacar as seguintes questões:
1. A Equipe do PROVITA-RN ficou
indignada com o Relatório do GAJOP,
que dá a entender que tenha partido
dela, criticas ao seu Coordenador.
Muito pelo contrário: nesse sentido,
a Equipe preparou um Relatório
(ver em anexo) onde reafirma todo
a sua visão positiva sobre a Coordenação
e rebate as acusações sem fundamentos
de “autoritarismo” e de “paternalismo”.
2. O PROVITA-RN ressente-se
de uma melhor orientação e de
uma melhor qualificação por parte
da Consultoria - situação esta
que temos tentado suprir com estudos,
avaliações e planejamento internos,
além de encontros com especialistas
de áreas afins, O Monitoramento
consistiu em questionar, acusar,
punir e em desqualificar a capacidade
técnica do Coordenador, em vez
de orientar. Isso não é Monitoramento
- é denúncia gratuita.
Está provado que a capacidade
dessa forma de Monitoramento é
incipiente, daí ter como resultado
um Relatório que só enfatiza acusações.
É importante até, que o Ministério
da Justiça, como responsável maior
pelo PROVITA, faça uma avaliação
de tais atividades técnicas de
Acompanhamento e de Monitoramento
da Consultoria.
Quanto ao trabalho do Coordenador,
temos a declarar que o mesmo sempre
pautou-se no profissionalismo
e nos procedimentos éticos. Ao
procurar evitar expor a testemunha
aludida no Relatório, aos membros
da Equipe, estava respeitando
o desejo expresso da própria testemunha,
que não estava querendo participar
do Programa.
Quanto ao caráter das informações
reservadas, foi o próprio GAJOP
quem orientou que os procedimentos
sempre fossem protegidos pelo
manto do sigilo.
3. É necessário reafirmar o
papel importante do Órgão Gestor
no processo de construção do PROVITA-RN.
Nesse momento, onde existe urna
intensa parceria entre o Órgão
Gestor e a entidade governamental,
por que deveria cortar o Órgão
Gestor do processo? Baseado em
que argumentos? O pensamento capitaneado
pelo GAJOP de que o PROVITA é
uma espécie de ‘franquia” é um
grande erro histórico. Na verdade,
a rede PROVITA nacional é resultante
de uma grande teia de trabalhos
políticos localizados. No Rio
Grande do Norte, inclusive, está
consorciada a construção do “Programa
Estadual de Direitos Humanos“.
4. É importante ressaltar que
a autonomia e as especificidades
dos estados devem ser preservadas.
A ingerência do GAJOP é notória
aqui, no nosso Estado. Nós, o
CDHMP, somos um grupo de Direitos
Humanos que existe desde 1978
(enquanto Comissão Pontifícia
Justiça e Paz da Arquidiocese
de Natal).
Não nos impressiona o estilo
do GAJOP em querer ser o dono
absoluto da verdade. O que achamos
é que Consultor não é para dar
linha política. O GAJOP deve entender
que a questão dos estilos e das
particularidade locais devem ser
considerados. Criar contenciosos
artificializados é uma coisa incabível
diante de questões de natureza
bastante delicada.
5. Dizer que o Órgão Gestor
“teve reação ao trabalho” não
reflete a verdade, mesmo porque
não fomos convidados pelo GAJOP,
para o Monitoramento realizado
no período de 28 a 30 de outubro
de 1998. Se tem alguém com interesse
e prioridade total para que o
PROVITA-RN exista, este alguém
é o CDHMH. Travamos contendas
históricas aqui no Estado do Rio
Grande do Norte.
A construção do PROVITA-RN
é fruto de uma delicada articulação
entre Sociedade Civil e o Governo
do Estado que poucos acreditavam
que iria existir. A intervenção
de nossa entidade, foi fundamental
na consolidação deste processo.
Temos, inclusive, a situação de
um companheiro assassinado e de
outros jurados de morte. É imprescindível
para nós, a formatação de uma
nova estrutura na área de Diretos
Humanos no nosso Estado. Não aceitamos
a forma imperial que o Órgão Consultor
nos trata. Exigimos respeito!!!
6. A nossa avaliação sobre
o trabalho realizado em 1998 é
positiva - basta apenas querer
entender a complexa realidade
do Estado ( grupos de extermínio,
violência institucional e aumento
gradativo da criminalidade). Os
ganhos foram muitos: sensibilização
da sociedade, articulação com
movimentos sociais, interação
com órgão públicos e entidades
nacionais e internacionais, formação
da Rede de Protetores e de Voluntários
nas cidades poio do Estado e,
principalmente, ousar discutir
novos mecanismos e uma nova mentalidade
na luta pelos direitos humanos
e contra a impunidade.
Convém salientar que no Projeto
PROVITA-RN/1999, já enviado á
Secretaria Nacional de Direitos
Humanos, consta a inclusão do
objetivo de atender também às
vitimas da violência.
7. Quanto à existência do referido
Relatório do GAJOP, o Órgão Gestor
só tomou conhecimento do mesmo,
através do Secretário de Estado
da SEIJC/RN, no dia 8 de dezembro
de 1998, exatamente um mês após
ter sido enviado pelo GAJOP à
SNDH/MJ. Na oportunidade, estávamos
em plena mobilização para a elaboração
do Programa Estadual de Direitos
Humanos PEDH-RN em parceria com
a Secretaria Nacional de Direitos
Humanos e a Secretaria Estadual
de Interior, Justiça e Cidadania,
cujo término foi na cidade do
Natal, na Conferência realizada
nos dias 17 e 18 de dezembro deste
ano. Por tal motivo, só agora
estamos a tecer considerações.
Apesar disso tudo, o tempo serviu
para maturarmos uma resposta sem
emocionalismo, se bem que a indignação
e perplexidade ainda move os nossos
sentimentos.
Natal (RN), 22
de dezembro de 1998
Roberto de Oliveira
Monte
Coordenador do CDHMP
Marcos
Dionísio Caldas
Coordenador do PROVITA-RN
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