Educação
para Cidadania no Currículo
As
alterações curriculares dos ensinos básico e secundário
assentam em determinados pressupostos dos quais se destacam o
papel fundamental da escola e dos professores na gestão
curricular, a importância da articulação entre ciclos e
disciplinas, as práticas profissionais colaborativas, as
metodologias diversificadas e a valorização do ensino
experimental.
O currículo
nacional é entendido como o conjunto de aprendizagens e
competências que integram conhecimentos, capacidades, atitudes
e valores a desenvolver pelos alunos ao longo de toda a
escolaridade, de acordo com os objectivos consagrados na Lei de
Bases do Sistema Educativo. Os documentos actuais de orientação
curricular incluem a definição de competências transversais e
de competências essenciais para cada área curricular e para
cada disciplina, que devem ser desenvolvidas pelos alunos ao
longo de cada ciclo e nível de ensino.
A
adequação do currículo nacional ao contexto de cada
estabelecimento de ensino assume a forma de um projecto curricular de escola desenvolvido e especificado em termos
de projecto curricular de
turma, o qual é da responsabilidade do professor titular de
turma em articulação com o conselho de docentes no 1º ciclo e
do conselho de turma nos 2º e 3º ciclos. No ensino secundário,
o projecto curricular de turma é da responsabilidade do
conselho de turma em articulação com o director do respectivo
curso.
CIDADANIA,
CURRÍCULO E ESCOLA
A
escola é um lugar de aprendizagem e convivência social que
deve oferecer, a quem a ela acede, não apenas um espaço físico
e um espaço organizacional, mas também, e sobretudo, um espaço
relacional, de convivência, cooperação e de resolução de
conflitos.
O
desenvolvimento de competências na Educação para a Cidadania
é fundamental. A escola ensina a fazer uso do conhecimento e da
informação na compreensão da realidade, sendo que o
conhecimento ajuda a promover cidadãos mais participativos e
interventores.
Neste
contexto, a Educação para a Cidadania é assumida como uma área transversal,
podendo a sua abordagem reflectir um conjunto de temáticas,
como a Educação para os Direitos Humanos, Educação
Ambiental, Educação para a Saúde, por exemplo, as quais
constituem preocupações da sociedade actual. Pretende-se,
assim, sensibilizar alunos e professores para uma compreensão e
participação mais consciente na sociedade, questionando
comportamentos, atitudes e valores.
As
temáticas relacionadas com os Direitos Humanos, Educação
Ambiental, Educação para a Saúde, etc. devem ser abordadas em
qualquer área curricular – de acordo com os projectos
curriculares de escola, de turma e com a planificação de cada
aula – sempre que se articulem com os conteúdos programáticos
e experiências educativas.
A
escola passa também a dispor de áreas vocacionadas para a
valorização da Educação para a Cidadania – áreas
integradoras e transdisciplinares, nomeadamente Estudo
Acompanhado e Formação Cívica no ensino básico e Área de
Projecto nos ensinos básico e secundário – contempladas nos
horários de professores e alunos. Dada a sua natureza, a Área
de Projecto pode, por exemplo, revelar-se um espaço
privilegiado para o tratamento das questões já referidas.
Finalmente,
a Educação para a Cidadania visa desenvolver nos alunos
atitudes de auto-estima, respeito mútuo e regras de convivência
que conduzam à formação de cidadãos solidários, autónomos,
participativos e civicamente responsáveis. Pretende igualmente
estimular a participação activa dos alunos na vida da turma e
da comunidade em que estão inseridos, bem como proporcionar
momentos de reflexão sobre a vida da escola e os princípios
democráticos que regem o seu funcionamento.
Todas
as aprendizagens realizadas no âmbito da Educação para a
Cidadania devem ser objecto de avaliação de acordo com o
preconizado no novo sistema de avaliação dos ensinos básico e
secundário, com enfoque na reflexão sobre o conhecimento que o
aluno tem de si próprio e da sua evolução.
Como
operacionalizar
Os
projectos curriculares de escola e de turma assumem, no âmbito
da Educação para a Cidadania, particular importância como
instrumentos privilegiados de gestão curricular que permitem,
face aos alunos concretos, organizar aprendizagens relacionadas
com os direitos humanos, o ambiente, a alimentação, a
sexualidade, etc.
No
1º ciclo do ensino básico, é discutida a gestão e planificação
das aprendizagens relativas à Educação para a Cidadania em
conselho de docentes, sendo a operacionalização das diversas
temáticas a abordar da responsabilidade do professor titular da
turma, trabalhada de forma interdisciplinar na prática pedagógica
ou no âmbito da monodocência coadjuvada.
Nos
2º e 3º ciclos é planificada e gerida em conselho de turma,
sendo a operacionalização das temáticas a abordar da
responsabilidade de cada professor da turma na sua área
curricular disciplinar, disciplina ou nas áreas curriculares não
disciplinares. Na Formação Cívica, a responsabilidade desta
tarefa deverá ser atribuída ao director de turma, sem prejuízo
de poder ser da responsabilidade de outro professor que revele
um perfil adequado.
No
ensino secundário, também é planificada e gerida pelo
conselho de turma, sendo igualmente a operacionalização da
responsabilidade de cada professor da turma, tanto mais que os
programas de todas as disciplinas contemplam finalidades,
objectivos e sugestões metodológicas que promovem o
desenvolvimento de competências no âmbito da Educação para a
Cidadania.
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