HONRA E GLÓRIA
Não queria, nem por tarefa, velho
militante que sou, escrever sobre os mortos e desaparecidos do meu
Estado, à época sombria dos tempos do arbítrio. Mas, diante da
barbárie, como ficar em silêncio?
Digo-lhes, gerações do presente e do futuro, que o obscurantismo
fascista não poupou os melhores filhos da gente potiguar. Digo e afirmo
porque, na maioria, os conheci.
Juntos, na juventude e com o exemplo dos mais antigos, cerramos fileiras
contra a ditadura fascista. Mobilizamos estudantes, buscamos operários
e camponeses, firmamos um pacto de vida e morte com a liberdade, com a
libertação nacional e social do nosso país, do nosso povo. Depois, na
gesta heróica da luta armada das cidades e dos campos, das prisões e
do exílio, que abriram caminho à Anistia e à Constituinte, mesmo
frente a tantas derrotas, aprendemos que o importante era resistir,
persistir, insistir, por nós e pela pátria.
Por isso, chegamos ao presente. E cheios de dívidas históricas e
dispostos a resgatá-los.
Sou um sobrevivente que não rompeu com o passado. Para mim, continuam
vermelhas as bandeiras do futuro: justiça e trabalho; fraternidade e
socialismo. No presente, que o sangue dos heróis tornou possível,
faço das minhas tribunas, que não me pertencem, uma homenagem, uma
reverência, sem limites.
Camaradas, homens e mulheres, que entregaram a
vida a revolução, minha perene e pobre homenagem.
Aos que pensaram menos em si que em seus irmãos,
minha eterna gratidão. Por mim, por meus filhos,
pelos filhos dos meus filhos.
Aos mortos e desaparecidos do Rio Grande do Norte, no combate, humanista
e justo contra a ditadura militar, honra e glória, hoje e sempre. Que o
tempo seja infinito para abrigar a grandeza de suas memórias.
Que saibamos honrá-los, nas batalhas dos dias atuais, a vocês, exemplo
da terra transformada em bravura.
A todos os que partiram, vítimas da tirania, proclamamos: PRESENTES!
Juliano Siqueira
Vereador - PC do B / Natal
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