Cartilha
de Direitos Humanos
Ricardo Balestreri
Qual
a importância da Educação
para os Direitos Humanos?
Se queremos viver, um dia, em um país
e em um mundo onde denunciar violações
seja menos necessário ou até
desnecessário, pela sua redução
ou mesmo inexistência, precisamos
intensificar esforços no sentido
da construção de uma cultura
permanente de direitos humanos, justiça
e paz.
Não
há forma de fazê-lo a não
ser através da educação.
A
história já experimentou
inúmeras tentativas de transformação,
de edificação de um mundo
onde o homem não seja mais “o
lobo do homem”.
Tais
tentativas, contudo, vêm sendo frustradas
pela dinâmica arrebatadora do poder
que, quase invariavelmente, cria novas
castas, classes, segmentos privilegiados
e violadores dos direitos das maiorias
e também das minorias a elas não
relacionadas.
O
desencanto, contudo, não é
bom conselheiro e funciona como uma alavanca
de ainda maior passividade social e manutenção
do status quo.
É
preciso que a população
perceba o seu papel como mantenedora leniente
da exclusão, das injustiças,
da desordem que se apresenta como ordem,
da violência e de todo tipo de violações
de direitos.
Da
mesma forma, é preciso que perceba
seu poder transformador, sua força
torrencial, irresistível, quando
atua consciente de seu papel e de sua
importância.
Tal
consciência só se pode estabelecer
através da assunção
de autonomia intelectual e juízo
moral dos indivíduos e grupos nos
quais se congregam. Em palavras: quando
o povo aprende a pensar, a representar-se
a si mesmo, a eleger e exercer o civismo,
ou seja, uma vida de valores solidários.
Educação!
Não há outro caminho. Mas
educação que não
se confunde com mera escolarização.
Educação que é descoberta
e construção de valores
sociais. Coisa para pais que não
são apenas “guardadores”,
para escolas que não atuam como
medíocres “transmissoras”,
para militantes de direitos humanos que
- sem negar a importância democrática
das denúncias - sabem transcender
as emergências do cotidiano, para
comunicadores que são mais do que
socializadores de notícias, para
advogados, promotores e juízes
que vão além do formalismo
legal mecânico, para policiais que
se sabem pedagógicos, muito mais
importantes do que banais cumpridores
de ordens inquestionáveis e sem
sentido pessoalmente assumido.
Para
tal tipo de educação os
direitos humanos são o melhor mote,
o melhor norte, a melhor inspiração.
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