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         Poesia
        Circular 
A CADEIRA 
  
O alto corpo se
curva, 
Quebram-se as linhas
 
E partidas formas
lentas 
Se debruçam. 
Do vivo traço que
era, de pé, 
Como haste, erguido, 
Em três planos se
dispersa. 
Vivo olhos,
agudamente, 
Percorrem a sala sem
lume... 
Dois seios pulsam,
solenes. 
As mãos uma flor
seguram 
Suspensa sobre o
regaço. 
E o sexo e a flor se
ocultam 
No sem espaço da
curvas. 
Pernas suspendem
ligeiras, 
Os pés, e as
alpargatas 
Caem no vazio onde
foram 
Sólidas raízes do
corpo 
Que a cadeira
despedaça. 
E na sombra 
Sem movimento, 
Todo o corpo
adormecido 
Sobre o corpo da
cadeira 
Mulher de amor
ausente, 
Talha na sombra
envolvente 
Vivo relevo de carne 
Inútil sobre a
madeira. 
  
NEWTON
NAVARRO Bilro(1928-1992). Nasceu em Natal, a 08 de Outubro.
Artista de enorme sensibilidade, Newton foi um Pintor e
Desenhista e seus trabalhos literários foram publicados nos mais
diversos jornais e suplementos de Natal e outras cidades
brasileiras. Publicou "SUBÚRBIO DO SILÊNCIO"(1953),
"O SOLITÁRIO VENTO DO VERÃO" (1961), "OS MORTOS
SÃO ESTRANGEIROS" (1970), "BEIRA RIO" (1970),
"30 CRÔNICAS NÃO SELECIONADAS", "DE COMO SE
PERDEU O GAJEIRO CURIÓ" (1978), "O PALHAÇO",
entre outras. 
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