Poesia
Circular
JOÃO
João abre as portas
da tarde
e desliza sua mágoa
no tempo.
Na orla do mar o
azul desaba
e anula o pássaro e
seu canto.
Um tédio fatal
consome os dias,
roe a lua de verão,
apodrece
os frutos da
estação, faz de João
uma voz sem eco, uma
pedra perdida.
Este vento é a alma
da tarde.
De tão suave é uma
carícia, uma festa
nos cabelos daquela
Maria ao Sul,
no fim da praia. A
tarde azul,
a lembrança de
Maria e o vento do mar
prendem João dentro
da vida.
LUIZ CARLOS
GUIMARÃES nasceu Currais Novos(RN), em 1934. É advogado e
professor da UFRN. Publicou entre outras obras O APRENDIZ E A
CANÇÃO(1961), AS CORES DO DIA(1965), PONTO DE FUGA(1979) e A
LUA NO ESPELHO(1993).
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