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Micro da velha guarda

O MSX foi o primeiro computador doméstico a se popularizar no Brasil. Quase uma década desde o fim da sua fabricação, ele cairia no esquecimento total, não fossem os aficcionados que resistem em vê-lo como coisa do passado

Texto: Alan Cativo
Fotos: Alberto Bitar
e arquivo pessoal

Pergunta para quem se acha fera em informática: você sabe o que significa MSX?

Há quem tenha a resposta na ponta da língua, mas para a maioria dos usuários de computador essas letras podem não passar de uma sigla desconhecida, no máximo diz-se que foi um velho computador que não é mais fabricado. A coisa não é bem assim. Lançado no Brasil no Natal de 1984 com cara de video-game, o MSX está no topo da genealogia dos micros de uso doméstico e foi o precursor do computador pessoal que hoje existe aos milhões pelo mundo. Diferente do PC (personal computer) que faz parte da vida de muita gente, ele tinha seus componentes acoplados ao teclado, usava a televisão como monitor e era um computador bem mais simples e com menos recursos, se comparado às máquinas atuais.

Mas o MSX já era?

Para alguns grupos de “seguidores” com mais idade a maquinazinha não virou peça de museu e continua ligada na tomada. O fim da fabricação do MSX, com a chegada dos também antigos 386 e depois dos 486 que trouxeram os recursos multimídia, não decretou a sua extinção. Há gente por aí que mesmo sem a venda de equipamentos próprios, revistas especializadas ou manutenção garantida, continua fiel ao computador que muitos julgam ser uma geringonça - para ilustrar: memória RAM expandível até 4 megabytes e velocidade de processamento de 3,5 megahertz.

Marco André Heidtimann, 28 anos, se confessa um apaixonado pelo MSX e que trabalha com PC por necessidade. “Foi o primeiro computador a se popularizar. Havia outros antes dele, só que eram novidades caras. Poucas pessoas tinham acesso”, diz ele, que contabiliza cerca de quatro milhões de aparelhos vendidos no Brasil. Marco é presidente do “MSX Brazilian Team”, um clube formado por usuários do computador em Belém e que tem contato com outros clubes similares espalhados pelo Brasil e em outros países.

Na sua opinião, a sobrevivência desse modelo de computador só é possível graças à ajuda mútua entre os associados dos clubes e às informações de algumas poucas revistas nacionais e estrangeiras dedicadas ao assunto.

Nessa cruzada em defesa do velho computador, vale também a persistência de profissionais de informática aficcionados pelo MSX. São eles que criam novos mecanismos para atualizá-lo e, na falta de peças, torná-lo compatível com o que oferece o mercado.

- O público usuário deu cara nova para a máquina. Isso justifica a sua existência informal até hoje e dá motivos para essa turma não ter migrado naturalmente para outros modelos, como acontece com os video-games, por exemplo.

Marco diz que é possível alterar um MSX porque ele é simples de operar. Daí o motivo de ter sido lançado apenas o primeiro modelo no País, o que privou o público de outros três tipos, antes que ele saísse da linha de montagem. Ele avalia a coisa dessa forma, pois vê na máquina da velha guarda um provável forte concorrente para os micros mais recentes. Ironia nisso tudo: MSX significa Microsoft Extendet. “Por isso há um rancor contra o Bill Gates e muita gente está inconformada com o uso do Windows. Mas acho que há certa paranóia nisso tudo”.

Marco explica que hoje é possível adaptar teclados, mouse, kit multimídia e a maioria dos outros periféricos de um PC no MSX, com a vantagem de não precisar configurar nada, pois o computador mostrou ser versátil. Editar textos, gerenciar estoques e uma infinidade de jogos são algumas das utilidades do micro.Ele só não se renovou ainda para acessar a Internet. “Mas há protótipos para isso”, segundo Marco.

Ele fala que há uma guerra de opiniões entre quem tem os computadores atuais e os saudosistas usuários de MSX e que já foi criticado por conta do seu micro preferido. “Tem muito fanático por aí”. Fanatismo ou não, isso pouco importa para ele. O que vale mesmo é a possibilidade de manter o MSX vivo entre a concorrência, que parece desleal, mas segue as regras do mercado de informática.

- Alguns são aficcionados, outros são profissionais, mas todos fazem isso na esperança de ter uma alternativa para o futuro.

Manoel Matias, 32 anos, não esconde certa tristeza quando encontra com gente que nada sabe a respeito do MSX. “Certa vez, numa sala de bate-papo, uma garota perguntou sobre meu equipamento. Ela nunca tinha ouvido falar em MSX e perguntou se era um novo computador, mais avançado”.

Atrasado é o que pensam que ele é, sempre que fala na sua antiga máquina que, de tão íntima, ele conhece peça por peça. “Isso não ocorre com os micros de hoje e a maioria das pessoas precisa de cursos tanto para operar o software quanto para conhecer a máquina”.

Ele lamenta o fim da fabricação do computador que, ao seu ver, permitiria a democratização da informática. Por ser um aparelho relativamente simples, o funil financeiro que existe hoje seria mais “largo” com o MSX. Manoel estima o modelo básico em US$ 200 dólares, mas como raridade o valor aumenta e o MSX Turbo R, o tipo mais avançado, pode chegar a US$ 650 dólares.

- Pelo menos a quantidade de usuários seria maior e acho que o cenário de informática seria diferente. Haveria mais pessoas usando.

Manoel divide seu MSX com seu cunhado Maximino Ferreira, 31 anos, garante que não rola ciúme pela máquina e que os cuidados são feitos por ambos. Maximino acompanhou o surgimento e o declínio do MSX. “Quando vi o sistema desaparecer, me perguntava o que seria dos milhões de usuários que tinham comprado o computador. Muita gente o abandonou por ter ficado desamparada ou desestimulada em continuar usando o seu”.

Sempre que encontra alguém com seu antigo aparelho encaixotado, Maximino faz campanha e fala das vantagens e melhorias para atualizar a máquina no tempo. Se for preciso, ele negocia seu próprio computador, como já o fez, para cultivar novos admiradores de MSX. Maximino também é do tipo que mostra certo “rancor” pelo dono da Microsoft.

- Bill Gates é um “pai desnaturado”. Ele acompanhou a criação do MSX, mas o abandonou para ficar com o PC.

Vender o seu computador de estimação talvez fosse a última coisa que Mauro Sócrates faria. Ele tem 22 anos e desde os 11 usa a mesma maquininha, com a qual tem o maior cuidado - para dar idéia do tratamento: ele passou base para unhas no teclado, para não desgastar as letras e símbolos das teclas. Mauro foi apresentado ao computador por um tio, o que faz dele um admirador abaixo da faixa etária de quem preserva a “relíquia”. Prova dessa denominação são os acessórios que ele tem: jogos para computador gravados em 116 fitas cassete, dessas que se ouve música mesmo.

- Hoje estou passando os jogos para disquetes por segurança.

Esse convívio com uma mão no teclado do MXS e outra no do PC é comum à maioria dos que cultuam suas velhas máquinas em casa, que nem por isso são máquinas velhas. “Faz parte da história da informática. O MSX revolucionou pela versatilidade e poder de hardware a preços muito baixos. O computador pode continuar ‘vivo’, só depende do usuário”.

MSX em plena forma

Foram lançados oficialmente quatro modelos do computador, mas apenas a primeira versão chegou ao Brasil. As configurações variam de acordo com cada modelo e o último deles a ser fabricado foi o MSX Turbo R, que trazia originalmente:

• Um processador R800 com velocidade de 28 MHz e outro Z80 A de 3,5 MHz (o mesmo do vídeo game Mega Drive). Os dois processadores co-habitavam para manter o modelo compatível com os anteriores

• 512 kbytes de memória RAM, expandível até 4 mega

• Drive 3 1/2 interno

• Pulse Code Molulation. Um microfone embutido com digitalizador de voz e saída MIDI para teclado

• Placa de áudio com nove canais

• Processador de texto, calculadora e relógio embutidos

• O hard disk (HD) não vem na máquina. É possível comprar um cartucho específico para adaptar o HD de PC ou Mac.

Nas trilhas da Internet

Quando o MSX surgiu em 1983 no Japão, a Internet ainda era um projeto. Hoje, a coisa está bem diferente: a web é real e o MSX deixou de ser fabricado há tempos. Mesmo assim a máquina é assunto de inúmeras home pages. Mas para acessá-las, os fãs da velha máquina, que não suporta browser para navegar pela Rede, são obrigados a recorrer aos modelos atuais.

• Traz downloads de emuladores - que simulam o ambiente MSX em outros computadores.

• É a página dos fãs paraenses do MSX Brazilian Team.

• Lista de usuários, textos técnicos, downloads.

• História do MSX, links e Midis.

• Emuladores, links para sites estrangeiros e centenas de jogos.

 
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