Projeto DHnet
Ponto de Cultura
Podcasts
 
 1935 Mapa Natal
 1935 Mapa RN
 ABC da Insurreição
 ABC dos Reprimidos
 ABC Personagens
 ABC Pesquisadores
 Jornal A Liberdade
  1935 Livros
 1935 Documentos
 1935 Textos e Reflexões
 1935 Linha do Tempo
 1935 em Audios
 1935 em Vídeos
 1935 em Imagens
 Nosso Projeto
 Equipe de Produção
 Memória Potiguar
 Tecido Cultural PC
 Curso Agentes Culturais
 Guia Cidadania Cultural
 Direitos Humanos
 Desejos Humanos
 Educação EDH
 Cibercidadania
 Memória Histórica
 Arte e Cultura
 Central de Denúncias
 Rede DHnet
 Rede Brasil
 Redes Estaduais
 Rede Estadual RN

Insurreição Comunista de 1935
em Natal e Rio Grande do Norte

 

A Revolta Comunista de 1935 em Natal
Relatos de Insurreição que gerou o primeiro soviete nas Américas
Luiz Gonzaga Cortez

 

 

 

 

Nosso Projeto | Mapa Natal 1935 | Mapa RN 1935 | ABC Insurreição | ABC dos Indiciados | Personagens 1935 | Jornal A Liberdade | Livros | Textos e Reflexões | Bibliografia | Linha do Tempo 1935 | Imagens 1935 | Audios 1935 | Vídeos 1935 | ABC Pesquisadores | Equipe de Produção

 

 

09. Na Serra do Doutor não houve vitória

Segundo o hoteleiro José Pacheco, 68 anos, o então padre Walfredo Gurgel foi o primeiro a descer do carro que carregava “gente importante” para o combate na Serra do Doutor, em novembro de 1935, quando os insurretos pretendiam fugir sem destino, em virtude do fracasso da revolução comunista. Giocondo Dias, em entrevista publicada nesta série de reportagens, afirmou que a coluna de revolucionários que esteve na Serra do Doutor, do dia 25.11.35, era uma tentativa de manutenção do governo ‘Popular Revolucionário’, no interior do RN.

Monsenhor Walfredo, que era padre nesse tempo, foi o primeiro homem a carregar pedras para a barreira que colocaram na subida da Serra do Doutor. Depois que ele carregou seis pedras, chegou um caminhão com o pessoal que o Monsenhor Walfredo tinha aliciado em Acari para lutar contra os comunistas. Esse pessoal deu um “duro” danado. Em seguida, chegou um caminhão carregado de rapaduras, carne de charque e muita comida. Apareceram uns oficiais da Polícia Militar e como não tínhamos tomado nenhuma decisão, pois a tarde estava terminando, resolveram organizar a defesa na serra. Vi muita gente, umas 300 a 400 pessoas. Lembro-me bem de Olivier, Orestes e Walter Cortez no meio desse povo. Apareceu o sargento da PM, conhecido por “Severinho da Cazuzinha” (ele era filho de Severino Bezerra) e o tenente Pedro Siciliano. “Todo recruta fica aqui em baixo. Quem já serviu o Exército, os que sabem atirar, ficarão lá em cima. Por volta das 17h e 30h a poeira começou a aparecer no horizonte. Era a poeira dos carros dos revolucionários. Pedro Siciliano mandou que devíamos atirar carros dos revolucionários. Pedro Siciliano mandou que devíamos atirar quando os revolucionários estivessem cercados na subida, perto da barreira de pedras. Um sargento da Polícia, de Caicó, estavam com umas bombas. “transvalianas”, cheias de pregos. Quando os comunistas apareceram, esse sargento jogou essas bombas, iniciando um tiroteio danado, obrigando-me a me esconder com medo das bombas. Eu não dei um tiro na Serra do Doutor. Não sei o tempo que durou o fogo cercado, mas lembro-me que os comunistas tinham uma metralhadora pesada atirando contra nós. Depois do tiroteio, vi muita gente fugindo nos caminhões, inclusive Walfredo Gurgel. Dinarte Mariz tinha ido para à Paraíba. Alguém disse na fuga para o padre Walfredo: “não temos medicamentos e gasolina, mas vamos buscar em Currais Novos”. Era só motivo para a fuga, mas o padre Walfredo mandou José dos Santos vender gasolina e avisou Tristão de Barros, que tinha uma farmácia em Currais Novos, que preparasse medicamentos para qualquer eventualidade. Eu soube que, quando Tristão de Barros (pai de ex-Reitor Genibaldo Barros) estava embalando os medicamentos, apareceu gente gritando “tá todo mundo fugindo da Serra”. Eu voltei para a Serra do Doutor, a fim de levar as quatro caixas de gasolina, num Chevrolet pavão. Na Ladeira do Boi Chôco encontrei o meu grupo e ainda assisti uns 20 minutos de tiroteio. Do lado dos comunistas, morreram quatro pessoas, inclusive um soldado do Exército, um rapazinho louro. Soube que morreram dois homens que foram feridos na Serra, mas não sei quem matou-os. Lembro-me que Ivo Trindade matou um soldado que estava em cima de um caminhão. Em resumo, acho que o tiroteio da Serra do Doutor não teve vencedores nem vencidos. Enquanto uns corriam para um lado, outros corriam para outro lado. Foi uma batalha de frouxos, pois todo mundo corria, inclusive eu. Olivier caiu no escuro, cortou o rosto e foi medicado em Campo Redondo, por exemplo. A única pessoa que ficou na cidade de Currais Novos foi o médico Mariano Coelho, que se improvisou como telegrafista e ficou mandando mensagens para Natal sobre a situação. Dinarte Mariz não esteve na Serra do Doutor, mas foi o grande aliciador de sertanejos. Sem ele não teria havido resistência no Seridó. Dinarte foi uma espécie de general, de um chefe, apesar de não ter ido para o combate na Serra do Doutor”, disse José Pacheco.

Depois do tiroteio na serra, vários sertanejos rumaram para a cidade paraibana de Santa Luzia do Sabugi, onde existia uma ordem de Dinarte Mariz para entregar os presos à Polícia da Paraíba. “E assim foi feito”, diz Pacheco, acrescentando ainda que o major Antônio de Castro, da Paraíba, foi o comandante de 300 pessoas aquarteladas em Santa Luzia do Sabugi. Dois dias depois, recebemos a notícia de que a revolução tinha acabado e todo mundo retornou para o Seridó do RN. “A ida do nosso grupo para Santa Luzia fazia parte de um plano para enfrentar possíveis revolucionários naquela região da Paraíba”, adiantou Pacheco. Ele considerou o episódio como uma aventura que lhe rendeu um emprego na Prefeitura de Natal, por determinação do governador Rafael Fernandes, pois o prefeito Gentil Ferreira de Souza resistiu muito a assinar a sua nomeação.

Funcionários aposentado da Prefeitura do Natal, Pacheco diz que tem boas recordações de Djalma Maranhão. “Em 1964, o capitão Lacerda, do Exército, me interrogou e queria que eu dissesse que Djalma Maranhão era comunista. Eu não aceitei a ameaça e disse que Djalma não era comunista, mas já tinha sido comunista na juventude. Djalma me dizia que o comunismo não medra no Brasil”, completou José Pacheco.

^ Subir

< Voltar

Nosso Projeto | Mapa Natal 1935 | Mapa RN 1935 | ABC Insurreição | ABC dos Indiciados | Personagens 1935 | Jornal A Liberdade | Livros | Textos e Reflexões | Bibliografia | Linha do Tempo 1935 | Imagens 1935 | Audios 1935 | Vídeos 1935 | ABC Pesquisadores | Equipe de Produção

História dos Direitos Humanos no Brasil
Projeto DHnet / CESE Coordenadoria Ecumênica de Serviço
Centro de Direitos Humanos e Memória Popular CDHMP
DHnet - Rede de Direitos Humanos e Cultura
Centro de Direitos Humanos e Memória Popular
Rede Brasil de Direitos Humanos
 
Desde 1995 © www.dhnet.org.br Copyleft - Telefones: 055 84 3211.5428 e 9977.8702 WhatsApp
Skype:direitoshumanos Email: dhnet@dhnet.org.br Facebook: DHnetDh
Busca DHnet Google
Tecido Cultural Ponto de Cultura Rio Grande do Norte
Linha do Tempo RN Rio Grande do Norte
Memória Histórica Potiguar
Combatentes Sociais RN
História dos Direitos Humanos RN Rio Grande do Norte
Guia da Cidadania Cultural RN
Rede Estadual de Direitos Humanos Rio Grande do Norte
Redes Estaduais de Direitos Humanos
Rede Brasil de Direitos Humanos
História dos Direitos Humanos no Brasil - Projeto DHnet
Direito a Memória e a Verdade
Projeto Brasil Nunca Mais
Comitês de Educação em Direitos Humanos Estaduais
Djalma Maranhão
Othoniel Menezes Memória Histórica Potiguar
Luiz Gonzaga Cortez Memória Histórica Potiguar
Homero Costa Memória Histórica Potiguar
Brasília Carlos Memória Histórica Potiguar
Leonardo Barata Memória Histórica Potiguar
Centro de Direitos Humanos e Memória Popular CDHMP RN
Centro de Estudos Pesquisa e Ação Cultural CENARTE