Capitulo
III
A Insurreição de novembro
de 1935
3.6
- A articulação dos levantes
nos quartéis do Nordeste
3.6.4 - Maranhão
No Maranhão, a ANL
foi fundada no dia 14 de abril de 1935,
com ato solene realizado em São Luis.
Constituido basicamente por profissionais
liberais, pequenos comerciantes e estudantes,
terá um dos maiores crescimento registrado
no Nordeste.(46)
Em setembro de l935, portanto,
depois da ANL ser posta na ilegalidade,
chega a São Luis, proviniente do
Rio de Janeiro, Vitor Correia Silva, que
havia sido membro do diretório nacional
da ANL. Militante do partido comunista,
foi enviado pelo comitê central aos
Estados do Maranhão e Piauí,
a fim de ajudar na preparação
de um levante. Estabelece contatos principalmente
nos meios militares e viaja com frequência
para Teresina e cidades do interior do Maranhão.
No dia 26 de outubro, participa,
em São Luis de uma reunião
que tem por objetivo reorganizar a ANL no
Estado. Foi constituída três
comisões : Finanças, Organização
e Propaganda e a Comisão Militar,
com três membros cada uma. Esta ultima
tinha por objetivo contactar com os militares
que haviam pertencido a ANL ou que tivessem
pelo menos sido simpatizantes.
No dia 2 de novembro de
1935, Victor escreve uma carta ao “diretório
central da ANL”, dando conta da reorganização
da ANL no Maranhão, com a constituição
de um diretório estadual.
No dia 5 de novembro ,
chega a São Luis uma circular da
“secretaria nacional da ANL ”,
dizendo entre outras coisas “... de
acordo com a circular de 25.10.35 do diretório
nacional que trata da reunião plenária
do próximo dia 15 de novembro, esta
secretaria necessita com urgência
de dados concretos sobre a situação
geral, local, politica e organizacional
da ANL local, para a propaganda e organização
dos núcleos urbanos e de São
Luis, quantos diretórios municipais,etc(segue
anexo a circular um questionário
com 25 perguntas) (47).
Pouco depois, a direção
local da “ANL” lança
um manifesto intitulado “Aos núcleos
da ANL no Estado” no qual apela para
a organização dos camponeses
e das “massas trabalhadoras”
finalizando o documento com a palavra de
ordem “pelo governo nacional e revolucionário”
Na realidade, os núcleos
que atuavam em nome da ANL eram na constituidos
por militantes do partido comunista . Os
que não eram se afastaram, alguns
inclusive tornando público através
da imprensa. O partido elabora um plano
para uma rebelião que teria como
foco principal o 24 Batalhão de Caçadores,
estando articulado também com a guarda
do palácio do governo e alguns integrantes
da policia militar, estes ultimos sob a
liderança do sargento Francisco Moreira.
Como parte do plano o interior
do Estado ficaria sob a responsabilidade
de Euclides Carneiro Neiva e Ignácio
Mourão, que estabeleceriam os contatos
e articulariam os trabalhadores, visando
para dar respaldo ao levante na capital.
No entanto, tal como ocorreu
nas demais capitais, o levante do 21 BC
em Natal os surpreendem. Quando são
informados, os quarteis do 24 BC e da policia
militar já estavam de prontidão.
De qualquer forma, ainda tentam dar continuidade
aos planos, marcando o levante para o dia
29 de novembro, quando acumulariam forças
e deveriam contar com levantes em outras
capitais.
Mas a trama foi descoberta
antes, por mera casualidade. Um oficial
do 24 BC, que havia saído do quartel
de folga, retorna à sala em que trabalhava
a fim de buscar um objeto que havia esquecido.
Ao dirigir-se à sala, ouve uma conversa
telefônica entre o sargento Joaquim
Leandro Fonseca e um outro sargento da policia
militar. Escondido, ouve a conversa até
o final e se ficou sabendo da preparação
do levante. Flagrado ao telefone, o sargento
é preso. Aberto um inquérito,
ficou comprovado que havia efetivamente
um plano insurrecional e o aliciamento de
vários praças e cabos. Muitos
são presos e alguns imediatamente
excluidos do batalhão (as injustiças
nesse caso foram tantas que muitas das ordens
de exclusão foram anuladas).
Notas
46 - Para
maiores detalhes sobe a atuaçao da
ANL no Maranhão, consultar “
A ANL no Maranhão”de José
Ribamar C. Caldeira, Consurp/Eduma, São
Luis, l980.
47 - Ver
processos relativos aos estados do Paiuí
e Maranhão. Autos dos processos doTribunal
de Segurança Nacional, Arquivo nacional,
Rio de Janeiro.
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