LIBERDADE
DE RELIGIÃO
(artigo 2
e 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos)
"É
inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o
livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a
proteção aos locais de culto e suas liturgias"
Constituição
da República Federativa do Brasil, artigo 5º, inciso IV
SUGESTÃO
Esta atividade pode ser
desenvolvida, por exemplo, nas disciplinas de Geografia e História.
Pessoas de diferentes
origens, etnias e religiões influenciaram na evolução histórica de
nosso país, contribuindo para a formação da cultura brasileira.
Assim, percebe-se a existência de uma pluralidade cultural poucas
vezes verificada em outros lugares do mundo.
A pluralidade cultural,
extremamente benéfica e enriquecedora, pode tornar-se motivo de
incompreensão, preconceito e, até mesmo, violência. Assim, faz-se
necessária a construção de uma consciência de respeito e
valorização daquilo que é diferente, o que deve começar desde
cedo.
Nesse sentido,
sugere-se o desenvolvimento de uma atividade sobre o tema
"liberdade de religião".
Os alunos poderiam
dividir-se em grupos e visitar alguns religiosos de diferentes
crenças. Entrevistariam essas pessoas, obtendo informações como;
- Por que existem
religiões?
- Como essa religião
entende o mundo, a relação entre os homens, a existência humana
e a espiritualidade?
- Qual(is) é(são)
seu(s) deuses e entes sagrados?
- Baseia-se em algum
livro sagrado? Qual é a origem desse livro?
- Quais são as
celebrações ou rituais que os adeptos dessa religião realizam?
O aprofundamento do
assunto poderá ser realizado através de uma pesquisa sobre a
evolução histórica de algumas religiões no Brasil de hoje.
Nesta atividade, pode
ser utilizado também o texto apresentado no Capítulo sobre
Discriminação Racial.
TEXTO DE APOIO AO
EDUCADOR
A seguir reproduzimos
alguns trechos de uma entrevista concedida pela Profª Roseli
Fischmann para a Revista Veja, publicada na edição de 8 de novembro
de 1995. Essa entrevista versa sobre a obrigatoriedade de ensino
religioso em escolas públicas, tema que foi objeto de discussão por
uma comissão formada junto à Secretaria da Educação do Estado de
São Paulo.
Roseli – (...)
"Há muitos conflitos não resolvidos e latentes na vida
brasileira, e a religião é um deles. Essas questões ficam
escondidas sob o manto da passividade e da cordialidade. Quando vêm
à tona, é como se fosse uma explosão, que pode trazer uma
violência igual ou até maior do que o fato que a provocou."
Veja – Os conflitos religiosos podem se tornar mais freqüentes?
Roseli – Não quero
ser alarmista, mesmo porque não posso adivinhar o futuro, mas acho
possível. Não somos uma ilha. Basta olhar ao redor e ver o que
acontece no mundo. Uma pequena localidade no Brasil é um microcosmo
do que acontece lá fora. Atualmente, cerca de 80%dos conflitos
armados existentes no mundo são motivados por razões étnicas ou
religiosas. A questão religiosa, em particular, é um campo
minado."
Roseli – "(...)
A Igreja Católica havia conseguido exclusividade para dar aulas nas
escolas públicas em São Paulo e com professores pagos pelos
contribuintes, muitos deles não católicos. (...) E os outros 20%
(alunos não católicos)? Eles não têm direitos só porque são
minoria? Eles são cidadãos de Segunda categoria? Eles não são
brasileiros como os católicos? A meu ver, é essa minoria de
crianças que precisa de mais atenção porque, caso passasse o ensino
religioso proposto pela Igreja Católica, elas poderiam ser vistas
como aquelas que não acreditam em Deus – ainda mais se forem
adeptas de práticas de origem africana como a umbanda e o candomblé.
Antes de ser o João ou a Maria, seres humanos sem rótulos, seriam o
muçulmano, o espírita, o ateu, o judeu. E essa classificação
étnica ou religiosa traz embutida todos os tipos de preconceito.
Essas crianças, até porque formam a minoria, em vez de ser
silenciadas, deveriam ser estimuladas e protegidas para declarar sua
fé e suas tradições com tranqüilidade e liberdade."
Veja – As religiões, de uma forma geral, propõem-se a dar uma
formação piedosa às crianças. Isso não ajudaria a combater a
violência dos dias atuais?
Roseli – Vamos
separar desde já. Religiões ensinam valores religiosos. Valores
éticos e de respeito mútuo, que podem ser resumidos como os direitos
humanos de uma forma geral, que é o que mais se reclama neste
momento, são conquistas da humanidade. E independem da adesão de uma
pessoa a esta ou aquela religião, embora a maior parte delas tenha
esses princípios. Há ateus extremamente humanistas e tiranos que se
dizem religiosos. A defesa dos direitos humanos é um dever do Estado
que não passa obrigatoriamente pelas diversas igrejas, até porque
eles implicam o respeito e a aceitação de todas as religiões."
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