POLÍTICA
E PARTICIPAÇÃO
(art. 21
da Declaração Universal dos Direitos Humanos e arts. 15 e 16 do
Estatuto da Criança e do Adolescente)
"Parágrafo
único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição"
Constituição
da República Federativa do Brasil, artigo 1º.
1ª SUGESTÃO Direito
de Participar: Nosso Compromisso
Esta atividade pode ser
desenvolvida, por exemplo, nas disciplinas de Língua Portuguesa,
Geografia e História.
A realização deste
momento exige a criação prévia do jogo de cartas: COMO POSSO
PARTICIPAR? Para montá-lo, basta seguir as instruções:
- Recorte folhas de
cartolina de três cores diferentes em 18 cartões, de 6cm por 5
cm, sendo 6 de cada cor;
- Anote nos cartões
as palavras indicadas, de acordo com o grupo/cor de cada um.
Grupo
A (Ex. verde) |
No
Trabalho |
Na
Escola |
Na
Comunidade |
Na
Cidade |
No
País |
Na
América Latina |
Grupo
B (Ex. amarelo) |
Como
Amigo/a |
Como
Estudante |
Como
Esportista |
Como
Filho/a |
Como
Colega |
Como
Namo-rado/a |
Grupo
C (Ex. vermelho) |
Com
meu Conhecimento |
Com
Atitudes |
Com
Organização |
Com
minhas Ações |
Com
Solidariedade |
Com
Sentimento |
Tudo pronto, o
coordenador deve estimular o grupo a jogar, de acordo com as
orientações:
- Dividir as cartas em
3 grupos - A, B e C -, colocando-as sobre à mesa, com a face
escrita virada para baixo;
- Com os participantes
sentados em círculo, sortear aquele que dará início ao jogo;
- Pedir, então, que
esta primeira pessoa retire uma carta do grupo A e leia o que
está escrito para todos;
- Solicitar que os
participantes respondam à pergunta Como posso participar?, dando
um exemplo de participação, de acordo com a situação escrita
na carta apresentada. Cada um tem 3 minutos para pensar na sua
resposta, escrevendo, em seguida, o que pensou em um pedaço de
papel;
- Pedir que cada um
leia para os demais o exemplo que escreveu. Depois, pedir que,
coletivamente, selecionem um dos exemplos como compromisso de todo
o grupo;
- Continuar o jogo,
sorteando outra pessoa para tirar uma carta do grupo B, repetindo
as instruções já descritas;
- O jogo termina
quando os participantes tiverem reunido uma série de compromissos
possíveis de serem realizados.
TEXTO 1
Qual é
a origem da palavra "participação"?
Pergunte a qualquer
pessoa o que é participação e, com toda certeza, ela mencionará a
palavra "parte" em sua resposta. Seguramente vai dizer que
"participar é fazer parte de algum grupo ou associação",
ou "tomar parte numa determinada atividade", ou, ainda,
"ter parte num negócio".
- Fazer parte.
- Tomar parte.
- Ter parte.
De fato, a palavra
participação vem da palavra parte. Participação é fazer parte,
tomar parte ou ter parte. Mas é tudo a mesma coisa ou há diferenças
no significado destas expressões?
- João faz parte de
nosso grupo mas raramente toma parte das reuniões.
- Fazemos parte da
população do Brasil mas não tomamos parte nas decisões
importantes.
- Edgar faz parte de
nossa empresa mas não tem parte alguma no negócio.
Estas frases indicam
que é possível fazer parte sem tomar parte e que a segunda
expressão representa um nível mais intenso de participação. Eis a
diferença entre a participação passiva e a participação ativa, a
distância entre o cidadão inerte e o cidadão engajado.
Ora, mesmo dentro da
participação ativa, isto é, entre as pessoas que "tomam
parte", existem diferenças na qualidade de sua participação.
Algumas, por exemplo,
sentem "ser parte" da organização, isto é, consideram-se
como "tendo parte" nela e dedicam-lhe sua lealdade e
responsabilidade.
Outras, embora muito
ativas, talvez levadas pelo seu dinamismo natural, não professam uma
lealdade comprometida com a organização e facilmente a abandonam
para gastar suas energias excedentes em outra organização.
A prova de fogo da
participação não é o quanto se toma parte mas como se toma parte.
Possivelmente, a
insatisfação com a democracia representativa que se nota nos
últimos tempos em alguns países se deva ao fato de os cidadãos
desejarem cada vez mais "tomar parte" no constante processo
de tomada nacional de decisões e não somente nas eleições
periódicas. A democracia participativa seria então aquela em que os
cidadãos sentem que, por "fazerem parte" da nação,
"têm parte" real na sua condução e por isso "tomam
parte" - cada qual em seu ambiente - na construção de uma nova
sociedade da qual se "sentem parte".
O homem participa nos
grupos primários, como a família, o grupo de amizade ou de
vizinhança, e participa também dos grupos secundários, como as
associações profissionais, sindicatos, empresas.
Participa ainda dos
grupos terciários, como os partidos políticos e movimentos de
classe.
Podemos então falar de
processos de micro e de macroparticipação. É importante
distingui-los porque muitas pessoas participam somente em nível micro
sem perceber que poderiam - e talvez deveriam - participar também em
nível macro, ou social.
Para A.Meister a
microparticipação é a associação voluntária de duas ou mais
pessoas numa atividade comum da qual elas não pretendem unicamente
tirar benefícios pessoais e imediatos (...)
A macroparticipação,
isto é, a participação macrossocial, compreende a intervenção das
pessoas nos processos dinâmicos que constituem ou modificam a
sociedade, quer dizer, na história da sociedade. Sua
conceitualização, por conseguinte, deve incidir no que é mais
básico na sociedade, que é a produção dos bens materiais e
culturais, bem como sua administração e seu usufruto.
Segundo esta premissa,
participação social é o processo mediante o qual as diversas
camadas sociais têm parte na produção, na gestão e no usufruto dos
bens de uma sociedade historicamente determinada (Safira Bezerra Amman)
(...)
Assim, a construção
de uma sociedade participativa converte-se na utopia-força que dá
sentido a todas as microparticipações. Neste sentido, a
participação na família, na escola, no trabalho, no esporte, na
comunidade, constituiria a aprendizagem e o caminho para a
participação em nível macro numa sociedade onde não existam mais
setores ou pessoas marginalizadas. Aos sistemas educativos, formais e
não-formais, caberia desenvolver mentalidades participativas pela
prática constante e refletida da participação.
O interessante é que a
luta pela participação social envolve ela mesma processos
participatórios, isto é, atividades organizadas dos grupos com o
objetivo de expressar necessidades ou demandas, defender interesses
comuns, alcançar determinados objetivos econômicos, sociais ou
políticos, ou influir de maneira direta nos poderes públicos.
Concebida a
participação social como produção, gestão e usufruto com acesso
universal, põe-se a descoberto a falácia de se pretender uma
participação política sem uma correspondente participação social
equitativa: com efeito, na democracia liberal os cidadãos tomam parte
nos rituais eleitorais e escolhem seus representantes, mas, por não
possuírem nem administrarem os meios de produção material e
cultural, sua participação macrossocial é fictícia e não
real."
Bordenave,
Juan e Diaz, O Que é Participação?
Editora
Brasiliense, São Paulo, 1983.
TEXTO 2
"O bem comum é o
bem da comunidade. Não se restringe aos valores econômicos, mas
abrange todos os âmbitos da vida social: o conjunto de bens, fins e
condições que interessam a todos e dos quais todos podem participar.
Neste sentido, o conteúdo do bem comum é formado pelas condições
externas necessárias ao conjunto dos cidadãos para o desenvolvimento
das suas qualidades e desempenho de suas funções, da sua vida
material, intelectual, afetiva e religiosa; pelo conjunto de
condições que possibilitem aos cidadãos o desenvolvimento ativo e
pleno de suas potencialidades; pela defesa dos direitos e deveres da
pessoa humana.
Algumas
características do bem comum : a) pluralista (o bem comum só o será
se for pluralista e democrático); b) dinâmico (é um processo em
contínua reelaboração frente às modificações históricas e às
utopias); c) intencional e objetivo (é obra das vontades, mas
especialmente a realização das estruturas sociais, jurídicas,
econômicas, culturais, políticas, etc); d) totalizante e individual
(o bem comum é, por definição, totalizante, mas respeitador das
individualidades e da privacidade).
Convém lembrar que, no
Brasil, um dos óbices ao bem comum é a frequente confusão entre o
público e o privado. (Exemplo simples: filas duplas nas portas dos
colégios, como se a rua fosse privativa daquele estabelecimento de
ensino quando, na verdade, é pública. Outro exemplo é a coisa
pública tratada como privada por grupos hegemônicos)."
ANTÔNIO
CARLOS RIBEIRO FESTER
2ª SUGESTÃO: O Bem
Comum: A Dinâmica dos Quadrados
Esta atividade pode ser
desenvolvida, por exemplo, nas disciplinas de Arte e Matemática.
Objetivo: Esta dinâmica visa levar o grupo a refletir
concretamente acerca das atitudes básicas e necessárias para a busca
do bem de toda a comunidade.
Elementos necessários:
a)
Elaborar previamente os quadrados, segundo os modelos indicados (ver
ilustração na parte final da exposição da dinâmica).
b)
Distribuir as diversas partes de cada um dos quadrados em envelopes
de carta, com três partes diferentes, retiradas de três quadrados
diferentes.
c)
Preparar várias mesas pequenas para facilitar a elaboração dos
quadrados.
1º Momento
O coordenador convida
quatro participantes a sentar-se em volta de cada uma das mesas.
Recomenda-se a todos particular seriedade e silêncio no
desenvolvimento do trabalho; são indicados, dentre os demais
participantes vários que atuarão como observadores, em torno de cada
uma das mesas, para prestar conta de forma como serão armados os
quadrados.
O coordenador fará
estas recomendações
Para os que irão
elaborar os quadrados:
a) Não falar. Não
fazer sinais de qualquer tipo uns aos outros. Não se apoderar das
partes dos quadrados. Não pedir nenhuma parte do quadrado.
b) Pode-se ceder
alguma parte do quadrado. Pode-se desfazer o quadrado para ajudar
outro participante.
c) Os quadrados devem
ser feitos todos com os três pedaços que os conformam.
d) Todos os quadrados
serão iguais.
Para os observadores:
a) Vão limitar-se à
observação e a anotar em silêncio.
b) Não podem ajudar,
nem sugerir, nem fazer sinais.
c) No plenário,
prestarão contas das suas observações quanto às atitudes dos que
elaborarão os quadrados, atitudes positivas ou negativas:
- participação no
trabalho;
- espírito de
iniciativa ou passividade;
- derrotismo ou
colaboração com os companheiros;
- egoísmo ou
altruísmo;
- nervosismo ou
domínio pessoal.
O coordenador
distribuirá os envelopes com os pedaços que conformam os quadrados;
a um sinal que fizer, cada participante abrirá o seu envelope e
iniciará a tarefa. Os que terminarem primeiro esperarão em silêncio
que os outros companheiros terminem o trabalho.
2º Momento
É estabelecido um
diálogo dirigido pelo coordenador, com perguntas do tipo:
a)
Como se sentiu durante a elaboração dos quadrados (nervoso, sereno,
inquieto)? Por quê?
b) Quem
encontrou no envelope os três pedaços exatos do quadrado?
c)
Qual foi a maior dificuldade encontrada durante a dinâmica?
d) Como
poderia ter sido mais fácil formar os quadrados?
e) O
silêncio foi um obstáculo ou uma ajuda? Por quê?
f)
Notou colaboração entre os companheiros?
g)
Ficou incomodado sentindo-se observado?
h) O
fato de não ter encontrado no envelope os três pedaços do quadrado
necessários para formá-lo sem nenhuma dificuldade ensina-lhe o quê?
i)
Alguém foi capaz de desarmar o seu próprio quadrado já montado para
ajudar, com um dos seus pedaços, outro companheiro?
j)
Alguém, depois de haver feito o seu quadrado, com ar de satisfação,
marginalizou-se do trabalho?
l)
Alguém pensou em ajudar os outros, antes de fazer o seu próprio
trabalho?
m)
Estas atitudes refletem o quê do espírito de cada um?
n)
Esta dinâmica tem semelhanças com a vida? Quais? Indique
circustâncias nas quais estas semelhanças ocorrem.
o) Que
relação vêem entre o aprendido nesta dinâmica e o apresentado no
trabalho anterior, quanto à comunidade política como exigência para
a realização humana?
3ª SUGESTÃO
Esta atividade pode ser
desenvolvida, por exemplo, nas disciplinas de Educação Física e
Ciências Naturais.
"é
plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de
caráter paramilitar"
Art. 5º
XXVII. Constituição da República Federativa do Brasil
O direito de
associação e de reunião responde a necessidades fundamentais da
pessoa, de dar e receber solidariedade, de criar, de trabalhar e de
compreender. Propõe-se ao educador que, junto com o grupo, faça uma
lista bem ampla com diversos exemplos de grupos, organizações,
instituições, que estão atuando significativamente no meio. Este
pode ser o local, bairro, distrito, cidade, estado ou país.
Selecione, junto com os membros do grupo, uma ou duas organizações
ou instituições que - de comum acordo - sejam consideradas de
interesse para a pesquisa. Para fazer a análise, são sugeridos os
seguintes pontos:
a) Situação social:
A que grupo ou
instituição mais ampla pertence?
Como se situa esta
instituição ou grupo nas estruturas de classes sociais?
b) Prática:
Quais são os seus
terrenos preferidos de atuação? No econômico, no político, no
ideológico, no cultural etc.
Fazem o quê? Que
métodos de atuação privilegiam?
c) Apoio:
Dispõe de quais
apoios, públicos ou privados?
Que pessoas lhe
prestam apoio?
Serve-se do Estado
para as suas atividades?
Quais são as suas
fontes de financiamento?
d) Interesses:
Que interesses
manifesta?
Dados o contexto e
sua forma de atuar, quais são os seus interesses reais?
e) Força ou peso
social:
Qual é a sua
capacidade de mobilização e de chegar até as pessoas?
Como é a
distribuição do poder e da responsabilidade entre os membros?
Possui prestígio no
meio?
f) Balanço:
Desempenha que papel
na promoção da dignidade humana e no resgate do exercício da
responsabilidade frente a problemas coletivos?
Que papel desempenha
na transformação do meio?
"Os homens, as
famílias e os diversos grupos que constituem a comunidade civil
são conscientes de sua própria insuficiência para conseguir uma
vida plenamente humana e percebem a necessidade de uma comunidade
mais ampla, na qual todos conjuguem diariamente suas energias em
função de uma melhor busca do bem comum. Por isto formam
comunidades políticas segundo vários tipos institucionais."
Concílio
Vaticano II
volta menu |